Brasil ainda tem como se preservar
03/02/2007 05:02:28 – Diário Catarinense
O Brasil não figura entre os mais castigados pelo aquecimento global, mas pode ser punido se optar pelo crescimento sem respeitar a natureza. Uma das regiões mais atingidas seria a Amazônia, que poderia se transformar numa savana – a floresta tropical reduzida a uma geografia de arbustos, gramas e árvores baixas.
Cientistas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) projetam que o Brasil sofrerá mudanças climáticas profundas nos próximos 50 anos, a menos que decida preservar o ambiente e diminua a emissão de gases causadores do efeito estufa.
Em pesquisa feita em dezembro, o Inpe traçou dois cenários: um sombrio, outro otimista.
O primeiro deles, o pessimista, leva em conta que o país não consiga cumprir as metas do Protocolo de Kyoto – o tratado internacional de 1997 para controlar o efeito estufa. Se for assim, a temperatura na Amazônia sofreria um aquecimento entre 6°C e 8°C, o que reduziria a chuva em 20%.
População pode ajudar usando menos o carro
No cenário otimista – considerando o fim dos desmatamentos e os brasileiros sendo ecologicamente corretos -, a temperatura na região amazônica subiria menos, entre 4°C e 5°C. Por conseqüência, a redução da chuva ficaria entre 10% e 15%.
O Inpe também prevê danos na Região Nordeste, onde a desertificação seria acentuada pelo aquecimento global. No Sudeste, chuvaradas que já ocorrem se tornariam ainda mais intensas.
Para o Sul, especialmente para Santa Catarina, o alerta é para ciclones e furacões, além de reviravoltas no regime de chuva, o que prejudicaria as lavouras e a criação de bois e vacas.
Coordenador do estudo do Inpe, José Antônio Marengo observa que o Brasil pode amenizar as previsões. O especialista sugeriu que o governo evite as queimadas, o desmatamento e ofereça incentivos para as empresas menos poluidoras. A população pode colaborar usando menos o automóvel e poupando água.
Outro estudo, feito pelo Centro de Pesquisas Meteorológicas Aplicadas em Agricultura, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), avisa que a agricultura terá queda de 25% se o aquecimento global chegar aos níveis projetados.
O cultivo do café perderia em torno de 60%, enquanto a quebra na soja seria de 39%.
O aquecimento da Terra também pode afetar a saúde dos brasileiros. O Núcleo de Assuntos Estratégicos, da Presidência da República, alerta para maior incidência de malária e dengue. Inundações e secas prolongadas seriam nocivas, especialmente nas regiões metropolitanas.