O consumo de café está crescendo em todo o mundo, sendo que no Leste da Europa e na Ásia a taxa de expansão é altíssima. Esse consumo hoje é estimulado por governo de países como a Rússia, onde o alcoolismo vinha alcançando proporções alarmantes. O café, muito saudável se tomado moderadamente, traz uma satisfação capaz de levar as pessoas a evitar – ou a consumir menos – bebidas que contêm álcool. Pelo menos é o que se tem constatado na prática.
O café solúvel, mais fácil de ser preparado em casa principalmente se misturado ao leite, vem conquistando esses novos mercados, pois tem a preferência dos consumidores que estavam habituados ao chá. Infelizmente a indústria brasileira pouco usufruiu dessa expansão – as exportações estão estagnadas no equivalente a 3,5 milhões de sacas – porque sofre forte concorrência de fabricantes instalados na Europa (os alemães são o o quarto maior exportador de solúvel) e na Ásia, que se abastecem de cafés bem mais baratos do que os daqui.
A fabricação do solúvel não exige o uso de cafés de alta qualidade (o sabor pouco varia, dizem os especialistas), diferentemente do torrado e moído, que fica intragável se feito com cafés ruins. O Brasil se mantém como maior produtor mundial de café em grãos, cuja qualidade evolui a cada safra, o que se reflete positivamente nos preços. Desse modo, a indústria brasileira de solúvel quer importar café vietnamita, cuja saca custa US$40 dólares a menos do que o equivalente brasileiro. A solução está sendo negociada dentro do setor, com o compromisso de a indústria só importar, no intuito exclusivo de ampliar as exportações, até 20% da matéria-prima. É o chamado draw back na linguagem do comércio exterior. Para tal deverão ser cumpridas exigências que atendam as normas fitossanitárias brasileiras (por exemplo, o café deve ser meio torrado na origem ou no porto de desembarque).
Os industriais garantem que importação pode ocorrer sem prejudicar a produção nacional de 35 milhões de sacas de café, volume quase insuficiente para a demanda simultânea do mercado interno e das exportações. Ao contrário, eles até acreditam em valorização do café brasileiro em grãos, e ficam torcendo para o governo liberar seus estoques, estimados em 3,5 milhões de sacas, para venda no mercado.