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SONIA RACY, sonia.racy@grupoestado.com.br
A recente previsão do banco de investimentos Goldman Sachs, de que a Índia pode se transformar na quinta economia do mundo dentro de uma década, se prosseguir no mesmo ritmo acelerado de crescimento econômico, tem um pequeno porém. Lá, como cá, a falta de infra-estrutura pode acabar jogando água nesse crescimento invejável, segundo destacou recentemente uma reportagem do jornal francês Le Monde. Tanto que essa preocupação encabeça a pauta do governo local. Recentemente, como aqui, anunciou um pacote de investimentos em infra-estrutura de US$ 320 bilhões, a ser concretizado até 2012. Os recursos irão basicamente para a construção de 35 aeroportos, 76 portos e 6 mil quilômetros de estradas.
Também na Índia, a falta de transporte adequado é responsável por um porcentual expressivo de perdas na produção agrícola: algo como um quarto do total. E sua capacidade de produção de energia é três vezes menor que a da China. Mas o principal foco do governo da Índia são mesmo os portos. Por eles passam 90% do comércio exterior do país e as previsões, segundo o Le Monde, apontam que, em 2013, eles precisarão estar movimentando 960 milhões de toneladas, quase o dobro da capacidade atual. Pelas contas do governo indiano, dois pontos porcentuais de crescimento se perdem a cada ano pela falta de infra-estrutura. E olhe que mesmo assim o país tem crescido, em média, 8,2% ao ano.
Lá, como cá, a participação nesse pacote da iniciativa privada local – mas sobretudo a internacional – também é de protagonista. Espera-se que venha daí a maior parte dos investimentos necessários. Para facilitar as coisas, o governo da Índia autorizou, há pouco mais de um ano, investimentos estrangeiros em estradas, aeroportos e energia. Hoje, há 27 aeroportos em processo de privatização. Um processo lento, diz o jornal francês, por conta da burocracia e da corrupção. É creditada a esses dois problemas, por exemplo, o caso do aeroporto internacional de Bangalore. Primeiro aeroporto indiano sob concessão, ele deverá estar concluído em 2008, sem que a rodovia que o ligará ao centro da cidade, financiada por fundos públicos, esteja pronta.