Da Etiópia ao Brasil

Por: Site ANBA









Viva Santos
Armazém em Santos, final dos anos 20: café já era produto de exportação
Armazém em Santos, final dos anos 20: café já era produto de exportação

São Paulo – São muitas as lendas sobre a descoberta do café. A mais famosa diz que, por volta do ano 800, nas montanhas da Abissínia, atual Etiópia, um jovem pastor observou que suas cabras ficavam mais agitadas quando comiam folhas e frutos de um certo arbusto. Ao provar o fruto, o pastor percebeu um aumento de energia e disposição para o trabalho.


Não demorou muito para a notícia chegar ao mundo árabe, primeiro povo a fazer uso do café, por volta do século 15. No início, os frutos eram consumidos como uma pasta fortificante, usada para que os árabes ficassem mais tempo acordados para realizarem suas orações. Nos séculos 14 e 15, iniciaram-se os primeiros cultivos comerciais de café na região do Iêmem. No século 16, o café já havia chegado a Istambul. O Cairo era, então, o maior mercado de distribuição do produto.


Mas foram os holandeses que, após contrabandearem o fruto dos árabes, investiram nas plantações em suas colônias asiáticas (Java, Ceilão e Sumatra) e, posteriormente, nas Antilhas Holandesas, América Central.


Em 1714, Luís 14 da França foi presenteado com um pé de café que cresceu numa estufa em Versailles e, quando deu frutos, as sementes foram espalhadas e as mudas levadas para o cultivo na ilha de Réunion, na época chamada de Ilha de Bourbon. Foi assim que o café começou a ser conhecido no mundo. Levado para a Europa foi consumido inicialmente como remédio para vários males. Só a partir do século 17 passou a ser adotado como bebida.


Café no Brasil


O café levou cerca de nove séculos para chegar ao Brasil. Entrou no país em 1727 pelo Pará, trazido da Guiana Francesa. Da região Norte, o café foi para o Nordeste, até chegar, em 1773, ao Rio de Janeiro. Expandiu-se pela Serra do Mar, atingindo, em 1825, o Vale do Paraíba, daí alcançando os estados de São Paulo e Minas Gerais.


O desenvolvimento do café se deu na época da Independência. As culturas do açúcar e do algodão estavam em crise e os fazendeiros precisavam encontrar outro produto de fácil colocação no mercado internacional. Além disso, a decadência da mineração disponibilizou mão-de-obra e recursos financeiros que podiam ser aplicados em atividades mais lucrativas.


Em 1830 o café transformou-se no principal produto de exportação do Brasil, ultrapassando o algodão e o açúcar. Em 1860 o Brasil tornou-se o maior produtor e exportador mundial de café e no início do século 20 já representava 75% das exportações brasileiras. Em 1929, com a quebra da Bolsa de Nova York, veio a crise. Na década de 1930, houve uma derrocada da lavoura e a queima de 80 milhões de sacas.


Para fortalecer a política do café, foi criado o Conselho Nacional do Café (CNC), em 1931. Outros institutos surgiram desde então, entre eles o famoso Instituto Brasileiro do Café (IBC), extinto em 1989. Hoje, o setor é regido pelo Conselho Deliberativo da Política do Café, criado em 1996 pelas entidades do setor vinculado ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.


Se nos primórdios da cafeicultura o setor estava vinculado à figura dos barões do Café, hoje o cenário é bem diferente – 90% dos cafeicultores são pequenos e médios produtores. (Claudia Abreu, Débora Rubin e Geovana Pagel)


Fonte: CNC e Cecafé


Fonte: http://www.anba.com.br/especial_retranca.php?id_especial=334&id=257 – Acessado 26 de janeiro 2007

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