Quebras da safras foram responsáveis por perda de 13 mi de toneladas de grãos
Evandro Fadel
CURITIBA – O sistema cooperativista paranaense manteve, em 2006, o mesmo faturamento que conseguira no ano anterior: R$ 16,5 bilhões. Os maiores problemas atingiram o setor agrícola. Somente as quebras da safra de verão 2005/2006 e da safra de inverno 2006 foram responsáveis pela perda de 13 milhões de toneladas de grãos, o que corresponde a R$ 4 bilhões.
Aos problemas climáticos somaram-se a posição desfavorável do câmbio e o baixo preço dos produtos. Para 2007, a expectativa é de um crescimento de 10% nas receitas.
No balanço divulgado este fim de semana, o presidente do Sistema Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar), João Paulo Koslovski, disse que a crise exigiu criatividade para buscar alternativas que evitassem o agravamento do endividamento rural e possibilitassem a venda das safras. Os agricultores fizeram várias mobilizações e conseguiram alguns avanços perante o governo federal, como prorrogação de pagamento de parcelas de dívidas. “Mas a incerteza somente desaparecerá quando o governo implementar medidas estruturantes reivindicadas pelos produtores brasileiros”, salientou Koslovski.
A recuperação do setor, que permitiu que o faturamento fosse idêntico ao de 2005, aconteceu no segundo semestre. Nas exportações, foi mantido o mesmo volume do ano anterior, embora o faturamento tenha subido um pouco. Em 2005, somou US$ 680 milhões, e, em 2006, US$ 850 milhões. “A tendência é que, em 2007, possamos atingir os US$ 1 bilhão que tínhamos há dois anos”, afirmou o presidente do Sistema Ocepar.
O Paraná possui 235 cooperativas agrícolas, que agregam mais de 410 mil cooperados, e geram mais de 783 mil postos de trabalho. A movimentação econômica corresponde a 16,5% do Produto Interno Bruto (PIB) paranaense. “Os investimentos realizados pelas cooperativas em 2006 atingem R$ 790 milhões, dos quais 80% voltados aos processo de agroindústria e 20% em infra-estrutura”, disse o presidente. Para 2007, a previsão é investir R$ 800 milhões.
Entre outros ramos de cooperativismo, merecem destaque as 67 cooperativas de crédito (rurais e urbanas), que administraram quase R$ 2 bilhões, com o envolvimento de mais de 270 mil cooperados. No setor de saúde, os mais de 11 mil profissionais cooperados prestaram atendimento a mais de 1 milhão de pessoas.