A arborização de cafezais, prática que faz parte do manejo em vários países produtores de café – na Colômbia, estima-se que um terço das lavouras sejam sombreadas -, deve ganhar espaço por aqui. Conforme o pesquisador Sérgio Parreiras Pereira, do Centro de café Alcides Carvalho, do Instituto Agronômico, de Campinas (SP), a arborização associa cafeeiros e árvores.
No Brasil a maioria dos cafezais é cultivada a pleno sol, diz. A manutenção desse sistema pode, porém, ser prejudicada, já que, originalmente, o café tem elevada tolerância à sombra.
Pereira explica que, a pleno sol, o excesso de luz e altas temperaturas fazem com que as lavouras produzam de forma abundante. Isso, por sua vez, exige máximo suprimento de nutrientes e água para não haver o esgotamento do cafezal.
Segundo Pereira, entre as vantagens da arborização, destacam-se a redução da bianualidade do café; melhora da qualidade do produto; redução de aplicação de insumos e manutenção da biodiversidade. E cultivar uma árvore frutífera pode ser fonte de renda extra.
Todos esses benefícios são possíveis porque a introdução de árvores no interior do cafezal gera modificações sensíveis no microclima. As árvores ajudam no controle dos efeitos negativos do vento, protegem contra geadas, ajudam a controlar erosão, melhoram o solo e reduzem a pressão sobre a vegetação nativa e preservam a fauna.
ADAPTAÇÃO
Existe produção de café arborizado em vários países, demonstrando que o cafeeiro adapta-se bem a uma grande variedade de clima e solo, garante. No Brasil também é assim, pois a distribuição geográfica da produção é muito ampla. Atualmente, estima-se que a técnica seja adotada em 85% da cafeicultura da América Central.
É importante, porém, que o sistema combine as espécies de árvores adequadas, condições de manejo tecnológico, cultivares de café, densidade de sombra, altitudes e precipitação.
Segundo o pesquisador, como a tendência do País é acompanhar a produção agrícola sustentável, a arborização deve ganhar espaço. A cafeicultura orgânica e a produção certificada, com foco na sustentabilidade, devem adotar a técnica, diz. Em relação à produção convencional, Pereira diz que já há experiências de associação de cafeeiros com apenas uma espécie arbórea, como macadâmia, bananeira, abacateiro, seringueira e cedrinho. Aí, a intenção é buscar renda com as duas atividades.