TEMPERATURA: AGRICULTURA MUNDIAL AMEAÇADA

“Se a temperatura terrestre realmente subir os 5 graus previstos, é possível que as áreas de cultivo de café, por exemplo, desapareçam nos estados de São Paulo e Minas Gerais. Os impactos sobre as culturas agrícolas trarão grandes prejuízos para o país”, avalia Assad.

02/12/2006 08:12:16 – Boletim Pecuario

Pesquisadores prevêem um aumento de até 5,8 graus sobre a temperatura da Terra para os próximos 100 anos, com sérias conseqüências para a agricultura mundial. Estudo realizado pela Embrapa em parceria com o Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura da Unicamp, aponta para a diminuição de até 75% da área cultivável de soja no Brasil, caso as previsões sejam de aquecimento sejam efetivadas. Para o pesquisador da Embrapa Informática Agropecuária, Eduardo Delgado Assad, doutor em agroclimatologia e sensoriamento remoto e coordenador do estudo, a discussão é urgente de soluções. “Se a temperatura terrestre realmente subir os 5 graus previstos, é possível que as áreas de cultivo de café, por exemplo, desapareçam nos estados de São Paulo e Minas Gerais. Os impactos sobre as culturas agrícolas trarão grandes prejuízos para o país”, avalia Assad.

Segundo a Agência Internacional de Energia (IEA), a demanda por energia deverá crescer 53% nos próximos 25 anos, sendo os países em desenvolvimento, como China, Índia e Brasil, responsáveis por 70% dessa demanda. Neste cenário, surge uma das mais promissoras possibilidades de negócios para o país. “O Brasil é a maior potência em agroenergia do mundo, sendo o único com condições de mudar sua matriz energética. Com o investimento em pesquisas, certamente ele será um grande líder”, ressalta.

As conseqüências das alterações climáticas terrestres é tema do seminário Mudança Climática Global, que integra a 1ª Conferência Internacional de Agroenergia (Conae), que será realizada em dezembro em Londrina (PR). De 6 a 17 deste mês, durante a 12ª Conferência das Partes da Convenção sobre Mudanças Climáticas (COP12), que aconteceu em Nairóbi (Quênia), líderes dos países comprometidos com o Tratado de Kyoto discutiram as conseqüências das mudanças climáticas sobre o planeta e o andamento das propostas do protocolo.

Para o pesquisador, a substituição dos combustíveis fósseis por energia renovável – tema central da Conae – é uma das principais soluções para o problema, já que a emissão excessiva de gás carbônico (CO2), proveniente da queima de combustíveis fósseis, é a maior responsável pela elevação da temperatura do planeta.

CATÁSTROFES NATURAIS O seminário durante a Conae explicará também os últimos fenômenos naturais registrados no Brasil e no mundo. Entre eles, estão as secas ocorridas no Rio Grande do Sul, Paraná e Amazonas – esta, a pior em 80 anos – responsáveis por uma das maiores crises do agronegócio nacional já registradas. “O aumento dos gases causadores do efeito estufa, gerou um crescimento exponencial dos efeitos chamados de ‘estresse’ da natureza. Nunca tinha imaginado ver um ciclone como o que ocorreu em Santa Catarina recentemente”, afirma Assad.

Estado de Minas – 27/11/2006
Notícia adaptada pela equipe do Boletim Agropecuário

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