Publicação: 13/11/06
Falta de investimentos, questões judiciais e burocracia emperram obras essenciais para o País voltar a crescer
Por Renée Pereira
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não cansa de falar que o Brasil caminha rumo a um crescimento de 5% ao ano. Mas até agora não deu as pistas de como vai derrubar um dos principais obstáculos a esse objetivo: o sucateamento da infra-estrutura do País. Levantamento feito pelo Estado com especialistas do setor mostra que apenas dez megaprojetos considerados prioritários para a aceleração do crescimento exigem investimentos na casa dos R$ 40 bilhões. Isso sem contar a concessão das rodovias federais, que representará uma injeção de recursos de R$ 19,6 bilhões, no prazo de 25 anos.
Entre os projetos que precisam sair do papel estão empreendimentos como as Hidrelétricas de Belo Monte e Rio Madeira, Ferrovia Norte-Sul, BR-163 e melhorias no Porto de Santos, o maior da América Latina. A maioria estava na lista de promessas de campanha nas eleições de 2002, renovadas em 2006. Alguns continuam empacados por questões ambientais ou judiciais. Outros sofrem com a burocracia dos órgãos públicos e com problemas de gestão. E todos enfrentam a falta de capacidade de investimento do Estado, estrangulado pelos gastos na máquina pública. Na média, os investimentos federais no setor limitam-se a 0,6% do Produto Interno Bruto (PIB).
De acordo com dados da Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base (Abdib), o País precisa de R$ 87,7 bilhões de investimento por ano, ou 4,25% do PIB de 2005, que foi de R$ 1,93 trilhão. A expectativa da entidade era chegar em 2006 a 3,3% do PIB, incluindo dinheiro público e privado. Mas certamente será mais um ano de frustração.