Café supera carne

24 de outubro de 2006 | Sem comentários Comércio Mercado Interno
Por: Jornal Estado de Minas

24/10/2006 05:10:07 – Gastos com refeição matinal, composta por cafezinho, leite, pão e manteiga, ficaram R$ 6,75 acima das despesas com chã-de-dentro

Marta Vieira Jair Amaral/EM – 11/6/05 Joaquim Nogueira, gerente de frigorífico, tem segurado os preços Um café da manhã sem qualquer sofisticação, com pãozinho de sal de 50 gramas, manteiga, café e leite, custa mais para o consumidor de Belo Horizonte do que a carne, alimento nobre da cesta básica. Os gastos com a refeição matinal alcançaram R$ 55, em média, no mês passado, segundo pesquisa da Fundação Ipead, vinculada à UFMG, representando 35,5% do valor mensal da cesta de alimentos essenciais para um trabalhador adulto. No mesmo período, a carne consumiu R$ 48,25 do orçamento administrado pela dona-de-casa, ou seja, R$ 6,75 a menos. Os valores se referem aos preços da carne de boi de segunda (chã-de-dentro).

Apesar dos aumentos dos cortes de boi, frango e porco, que costumam encarecer entre agosto e o começo de outubro por causa dos efeitos da seca sobre o pasto, diminuindo a oferta do produto, as remarcações do pão de sal, do leite e da manteiga surpreenderam. O leite foi o que mais pressionou o bolso do consumidor, informa Eduardo Antunes, coordenador de pesquisas da Fundação Ipead, ao acumular alta de 15,41% este ano.


Beto Magalhães/EM – 16/1/06 Marcos Salomão, do sindicato de panificação, alega alta nos custos

A manteiga ficou 6,32% mais cara e o pãozinho de sal teve reajuste de 0,45%. Só o café barateou, 7,06% a menos em relação ao fim do ano passado. A carne sofreu reajustes de 6,5% em agosto e 0,13% no mês passado, mas o gasto mensal ainda é 1,22% inferior ao de setembro de 2005. “Pesquisar os preços e substituir as marcas mais caras são as armas que o consumidor tem. O custo da cesta básica subiu em setembro, depois de quatro quedas consecutivas, mas não são aumentos preocupantes. Eles não foram generalizados”, afirma.

A despesa com o pão de sal aumentou 2,74%, em média, ante agosto, e nada garante que esse fôlego terminou. De acordo com as padarias, a farinha de trigo está 20% mais cara este mês, por causa da alta do trigo, matéria-prima importada pelo Brasil, no mercado internacional. Segundo o vice-presidente do Sindicato da Indústria de Panificação de Minas Gerais, Marcos Gonçalves Salomão, o comércio deve repassar ao consumidor no máximo 10% dos reajustes aplicados pelos fornecedores.

Nos açougues, a situação não é diferente. O cliente questiona os aumentos, que atingiram o frango, usado com freqüência nas promoções, lamenta Joaquim Nogueira, gerente de uma das lojas do Frigorífico Alvorada, no Centro de Belo Horizonte. “Nos últimos dois meses, os preços que nós pagamos aumentaram pelo menos três vezes. Não há como repassar tudo para o consumidor, por causa da concorrência e o baixo poder de compra do cliente, mas as ofertas diminuíram”, diz.

A regularização da oferta de carne nas próximas semanas, com as chuvas, deve barrar novos reajustes, na opinião de Regina Camargos, técnica do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), que pesquisa uma cesta básica com os mesmos produtos e quantidades apurados pela Fundação Ipead. No levantamento do Dieese, os gastos com a carne ficaram R$ 6 abaixo do custo do café da manhã em setembro.

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