Patrimônio Histórico Fazenda Galo Branco sofre ação do tempo

Por: Jornal Vale Paraibano

22/10/2006 14:10:32 – Patrimônio Histórico

Em ruínas, antigo casarão do século 19 tem dormitórios transformados em cocheiras e chiqueiros em S. José Beatriz Rosa – São José dos Campos

Em ruínas, a antiga fazenda de café Galo Branco, no distrito Eugênio de Melo, na zona leste de São José dos Campos, desaba junto com parte da história da cidade. O antigo casarão do início do século 19, teve seus dormitórios transformados em cocheiras e chiqueiros para criação de porcos e cavalos. A fazenda, inicialmente chamada de Santa Luzia, foi produtora de café, cana-de-açúcar e banana. Mesmo com pedido de preservação do prédio desde 99, o casarão é um exemplo do descaso com a história. Especialistas em história e patrimônio afirmam que apesar da pouca expressividade no Vale do Paraíba, o cultivo do café em São José deixou marcas que merecem ser preservadas (leia texto nesta página). Na fazenda Galo Branco, o caseiro Orlando Arcanjo de Brito, mais conhecido como Romário, 34 anos, está sempre a posto para guiar quem visita o local. Morador do casarão há cinco meses, Romário é responsável pela manutenção do prédio e pela criação dos animais –50 porcos, 36 gados, 23 ovelhas, 5 cavalos e 2 cães. De longe, já é possível ver que o casarão está quase em ruínas. A fachada sem cor teve parte do telhado destruído. Na varanda, parte do telhado é escorado por cabos de vassoura. Pelos 14 cômodos do prédio, se faz uma viagem pela decadência do ciclo do café.

CRIAÇÃO – A cozinha virou moradia para uma porca e seus 10 filhotes. As paredes em taipa de pilão perderam a cal e plantas floresceram com a água da chuva que escorre pelo teto.

Da sala principal, a lareira é usada pelos porquinhos para pular na lama que se formou no piso. Porém, das janelas consumidas pelo cupim, ainda é possível avistar uma natureza exuberante. Dos cinco cômodos conservados, três viraram depósito de ração para os animais. O prédio, que sofreu diversas intervenções ao longo do tempo, marca o início do bairro Galo Branco. Pesquisas também apontam que o local possui um sítio arqueológico.

LUZ – Sem iluminação elétrica e água encanada, velas iluminam as noites do caseiro Romário. Á água é retirada de um poço que fica nos fundos do casarão.

“Quando a lua é cheia e clara nem precisa de luz. É só colocar a cadeira para fora e ouvir os passarinhos”, disse. Para ele, apesar da decadência, o prédio tem estrutura para resistir ao tempo. “O prédio é bem antigo, mas não tem perigo de desmoronar. As paredes são fortes e esse lugar é bonito demais para cair”, disse.

RUÍNAS – Na região norte de São José, outras duas fazendas –Montes Claro e Santo Agostinho– não resistiram à ação do tempo e ruíram.

Neto de fazendeiro de café, o comerciante José Carlos de Melo, 65 anos, relembra com tristeza a queda dos casarões. “Vi cair a Monte Claro, a Santo Agostinho e as fazendas de meu avô: São João, Fazenda da Jaca e Santa Cruz. Elas vão caindo porque a conservação é cara. Era preciso tombar como patrimônio histórico os antigos casarões para manter nossa história.”

PRESERVAÇÃO – Já a fazenda Igaçaba, no bairro Vargem Grande, também na região norte, manteve seu casarão preservado. Com 12 cômodos, o antigo prédio hoje é morada do caseiro Noel Teodoro de Almeida, 53 anos, que mantém a estrutura do local. A fazenda, que pertence a uma família de São Paulo, é usada como pastagem para o gado.

Ronny Santos/VPCláudio CapuchoCláudio CapuchoRonny Santos/VP

Fonte: http://jornal.valeparaibano.com.br/sjc/afazen1.html?=PatrimônioHistórico

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