Em 05/07/06
Os cafeicultores estão vendendo a saca abaixo do custo de produção em diversas regiões do País. Em média, as cotações do café em junho deste ano foram até 25% inferiores ao mesmo período de 2005. Em relação a maio deste ano, a maior queda registrada foi de 12,5%, na região da Alta Paulista. De janeiro a junho, a variação máxima negativa chegou a 22,5%, segundo levantamento do Conselho Nacional do Café (CNC), realizado junto a seus associados. As instituições que compõem o CNC abrangem quase 70 mil produtores e respondem por mais de 25% da safra nacional de café.
Uma produção maior, a defasagem cambial e a queda no mercado internacional são as explicações do setor para os preços praticados no mês passado. “Além disso, a colheita está avançando, o que afeta ainda mais as cotações”, diz Alcides Segatelli, gerente do Departamento de Café da Cooperativa Agrária de Cafeicultores do Sul de São Paulo (Casul). Segundo pesquisa do CNC realizada na última semana de maio, em média cerca de 30% da produção nacional, estimada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em 40,6 milhões de sacas (60 quilos), já havia sido colhida. Nas regiões do café conilon, a colheita está quase concluída.
De acordo com o levantamento do CNC, o estado de São Paulo foi o que registrou maiores baixas no preço do café, com variação entre 26% e 17% nas regiões da Mogiana e Alta Paulista, respectivamente, nos últimos 12 meses. Em Minas Gerais, maior produtor nacional de café, as cotações ficaram quase 22% inferiores em junho deste ano em comparação com o mesmo período de 2005. No Sul de Minas Gerais, o preço praticado no mês passado, por volta de R$ 222 a saca está abaixo do custo de produção estimado pela Conab em R$229 – neste valor não estão consideradas taxas e impostos, que representam 4,5% do custo.
“A safra deste ano é muito maior do que a anterior e o produtor está precisando de dinheiro para colher o grão”, explica Cláudio Domingos, gerente do Departamento de Café da Cooperativa Regional Agropecuária de Santa Rita do Sapucaí Ltda (Cooperrita). A produção brasileira atual é 23,3% superior a do ano passado. Segundo ele, em 2005, em um quadro de maior escassez, os compradores pagavam mais pelo grão.
“Diante desta situação, faz-se necessário que o governo pense em medidas para o cafeicultor, além da liberação de recursos”, diz Maurício Miarelli, presidente do CNC. Apesar de o Plano de Safra de 24 meses, proposto pelo setor, ter sido aprovado em março, os recursos só começaram a chegar aos produtores há pouco, devido a problemas na taxa de remuneração das instituições bancárias. Por isso, o agronegócio do café pretende discutir, na próxima reunião do Conselho Deliberativo da Política Cafeeira (CDPC), dia 12 de julho, medidas para agilizar a liberação de recursos e o lançamento de opções de venda.
Variação do preço do café Região Média em junho
Sul de MG – 21,6 %
Cerrado – 21,7 %
Mogiana SP – 26 %
Alta Paulista – 17 %
Espírito Santo** – 0,6 %
* Em comparação com junho de 2005
** Café conilon
Fonte: Cooperativas associadas ao CNC