NOVAS MÁXIMAS E NOVAS MÍNIMAS Por Marcelo Fraga Moreira

A semana começou com a atenção especial no vencimento das opções do contrato Março-22 (quinta-feira, dia 10 de fevereiro).

13 de fevereiro de 2022 | Sem comentários Mercado
Por: Comentário Semanal – 07 a 11 de fevereiro de 2022*
Com aproximadamente +25.000 lotes de opções de compra “Call*” em aberto entre os “strikes” 240-260 centavos de dólar por libra-peso o mercado estava “nas mãos dos “comprados” (+7.500 lotes concentrados no “strike” 250 centavos de dólar por libra-peso).
A segunda-feira começou sem grandes emoções oscilando apenas +335 pontos entre a mínima/máxima/fechamento respectivamente @ 239,55/242,90/241,65 centavos de dólar por libra-peso (com apenas +48,900 lotes negociados).
As emoções começaram na terça-feira! “Stops” foram acionados e o volume negociado foi o mais alto dos últimos 24 meses (superando os +120.000 lotes). As opções com strikes 240/245 e 250 centavos de dólar por libra-peso chegaram a subir entre +100/+180%, e o cheiro de sangue/pânico dos “vendidos” tomou conta do mercado!
Na quarta-feira o mercado voltou a subir +1.160 pontos entre a mínima e a máxima do dia (247,90/259,50 centavos de dólar por libra-peso). Novamente “stops” foram acionados negociando o segundo volume mais alto dos últimos 24 meses (+115.000 lotes). As opções com strikes 250,00/252,50/255,00/257,50 e 260,00 centavos de dólar por libra-peso continuaram valorizando entre +80/+120%! Os famosos “pozinhos” voltaram a dar alegrias para os comprados e prejuízos enormes para os “vendidos”!
Nos 2 últimos pregões da semana (após o contrato Março-22 negociar na máxima do contrato @ 260,45 centavos de dólar por libra-peso) o mercado acalmou caindo -880 pontos. O volume negociado voltou a ser bom (acima dos +70.000 lotes nas 2 sessões) para fechar a semana “apenas” @ 251,65 centavos de dólar por libra-peso. Na semana foram negociados aproximadamente +450.000 lotes entre futuros + opções!
Durante o período 03/jan/22 até 10/fev/22 (quando o mercado atingiu a máxima do contrato @ 260.45 centavos de dólar por libra-peso) o contrato Março-22 subiu +3.990 pontos! Aproximadamente +52,70 US$/saca, ou +280 R$/saca!
Considerando +325.000 lotes em aberto no período (aproximadamente 91.975.000 sacas) a chamada de margem adicional chegou a “pedir” +4.8 bilhões de dólares! Os bancos/corretoras/vendidos devem estar muito preocupados! Se o mercado subir  +4.000 pontos buscando os 300 centavos de dólar por libra-peso serão necessários +4,8 bilhões de dólares!
Os “fundos+especuladores” voltaram a aumentar a posição comprada para +56.589 lotes (+5.641 lotes x semana anterior segundo última atualização do CFTC*). Com tantas incertezas no ar e com os “fundos+especuladores” com a “faca e o queijo nas mãos” acredito que ainda veremos novas altas, novas máximas até junho-22!
No curto prazo o mercado poderá voltar a testar os 240/237 centavos de dólar por libra-peso. Com praticamente toda a safra 21/22 já comercializada dificilmente veremos pressão vendedora pelas principais origens. Assim, o mercado estará nas mãos dos “fundos+especuladores”. Ficar “vendido” nesse mercado será um grande risco e a gestão financeira para cobrir as chamadas de margem daqui para a frente fara toda a diferença.  Em breve começará o próximo inverno brasileiro e a safra brasileira 22/23 continua sendo uma incógnita – oscilando entre 38-65,50 milhões de sacas!
Os estoques de café certificados continuam caindo. O estoque certificado do café arábica terminou a semana nas mínimas, com apenas +1.035.000 sacas e o robusta esta prestes a romper os +1.500.000 sacas. 
 
Durante a semana alguns analistas/bancos voltaram a publicar notícias “baixistas” informado o embarque de café robusta do Vietnam para a Europa em navios “break-bulk” e expectativas para os preços caindo entre 10-15% no segundo semestre (Londres ao redor dos 1.900 US$ e NY ao redor dos 200 centavos de dólar por libra-peso). Porém os produtores brasileiros, na sua maioria, seguem acreditando em nova quebra da safra 22/23 e em novas altas nos preços.
Nosso modelo para a safra 21/22 indica um estoque inicial em +197 milhões de sacas, um consumo em +170.50 milhões de sacas, e um estoque de passagem ao redor das +26.50 milhões de sacas x +38,90 milhões de sacas na safra 20/21! Dessa forma, o índice “estoque x consumo” terminará a safra 21/22 em apenas +15,45%! Um dos índices mais baixos dos últimos anos!
Para o próximo ciclo 22/23 o Brasil será a principal origem para ser acompanhada de perto. Com a oferta mundial para a próxima safra 22/23 oscilando entre +183/+211 milhões de sacas e o consumo mundial estimado em +174 milhões de sacas, o índice “estoque x consumo” poderá oscilar entre +5,00/+20,00%!
As exportações brasileiras seguem aceleradas. Até o dia 11 de fevereiro, segundo dados da Cecafé, o Brasil já tinha embarcado +774.052 sacas e solicitação de emissão para embarques em +1.429.011 sacas! Se o Brasil exportar +2.500.000 sacas em Fev-22 (totalizando +25.370.000 sacas no período julho-21 / fev-22), então já terá exportado todo café disponível com base nos números preliminares da Conab* e consumo interno ao redor dos +22,50 milhões de sacas. Até 30 de junho de 2022 vamos ter uma visão realista do estoque de passagem, da produção da safra 21/22, e do consumo interno.
Por falar em estoque de passagem, a Conab* segue sem publicar o estoque de passagem da safra 20/21 para a safra 21/22…
Mercado interno segue firme com o café arábica negociando entre +1.500/+1.700 R$/saca e café arábica de baixa qualidade entre +1.150/+1.400 R$/saca. O café robusta segue entre 800-850 R$/saca.
Próxima semana deverá ser tensa com o risco iminente da invasão da Ucrânia pela Rússia. Na sexta-feira, quando começaram a sair notícias sobre o risco da Rússia iniciar a invasão/guerra, o petróleo subiu +4% e as bolsas chegaram a cair -1,80%! O R$, após negociar @ 5,1750 R$/Us$ fechou a semana @ 5.24 R$/US$.
Ótima semana a todos!
Marcelo Fraga Moreira*
*Marcelo Fraga Moreira é um profissional há mais de 30 anos atuando no mercado de commodities agrícolas, escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting.

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