A pandemia de Covid-19 gerou um momento de incertezas para o agronegócio – este tipo de negociação pode ser uma opção para comprar insumos para a safra 2021/22
De acordo com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro cresceu 16,81% de janeiro a outubro do ano passado. Neste período, o PIB aumentou 4,12% para insumos, 4,47% para agroindústria e 14,74% para os agrosserviços. Mesmo com uma perspectiva positiva para o setor, ainda há insegurança por parte dos agricultores no momento de planejar e prospectar os custos da próxima safra que está por vir (2021/22).
As variações de preços das commodities e do dólar, a instabilidade econômica e a pandemia de Covid-19 podem gerar incertezas. Para driblar essas dúvidas e ter uma visão de sua gestão do negócio em longo prazo, as operações de barter podem ser uma opção para o produtor rural comprar insumos para a safra 2021/22. Afinal, a permuta permite ao agricultor fixar os custos com insumos, utilizando-se das perspectivas do mercado para o preço das sacas colhidas.
Há quase 20 anos, a Divisão Agrícola da Bayer oferece a opção de compra por operações de barter para negociações em soja, milho, café, algodão, cana-de-açúcar e seus derivados (etanol, açúcar, energia, entre outros). No momento de transação com a companhia, o produtor pode escolher entre duas modalidades de barter, a física e a financeira. Na primeira, a Bayer precifica a commodity e, ao final da safra, o produtor faz a entrega do volume acordado em uma empresa indicada pela companhia. Já no contrato feito no modo financeiro, o produtor rural pode vincular o pagamento da compra dos insumos que ele costuma utilizar da Bayer ao preço futuro da commodity escolhida. Ou seja, neste formato, não há a necessidade da entrega física da produção, pois ele usa o valor obtido na venda das commodities para pagar os produtos que adquiriu.
Com uma perspectiva de custo pré-fixada, o produtor rural tem a tranquilidade para se preocupar apenas com a produção. O propósito da empresa em oferecer esse tipo de negociação é para que o agricultor se dedique cada vez mais à condução da lavoura, que é onde o seu conhecimento é mais valioso.
“Ao optar pelo barter, ele trava apenas parte da produção, correspondente aos seus custos, e a variação da receita do produtor estará restrita ao resto da produção. A busca por oportunidades de ampliação dos ganhos é inerente à atividade do produtor, uma vez que ele vive da receita da venda de sua produção. O custo com a safra pode ser ‘travado’ em qualquer momento, mas o quanto antes o produtor souber os seus gastos, melhor ele gerenciará a sua rentabilidade”, explica o gerente nacional de operações de barter da divisão agrícola da Bayer no Brasil, Carlos Eduardo Branduliz.
Para o executivo, essa modalidade de negócio, além de controlar melhor os custos e manter o dinheiro do agricultor em caixa também ajuda o agricultor a gerenciar melhor armazenagem da sua produção, uma vez que parte da colheita já foi vendida e tem local de entrega pré-estabelecido. Outro aspecto importante é proporcionar ao produtor opções diferentes de comercialização, pois muitas vezes levamos opções de barter em contrapartes que o produtor não tinha acessado ainda.
Esse tipo de operação surgiu nos anos 90, com o interesse das empresas especializadas na comercialização de commodities em expandir os seus negócios em soja na região centro-oeste, mas na época ainda era uma prática pouco conhecida e de alcance regional. Barter, que significa escambo ou permuta em inglês, é uma modalidade de pagamento que responde por cerca de 20% ou mais do faturamento das grandes empresas do agronegócio. É um modelo tão bem-sucedido que já foi exportado para a Argentina e leste europeu.
Nas últimas duas décadas, a modalidade de negócios por meio de barter foi além do cultivo da soja e hoje inclui os principais cultivos do agronegócio nacional, como algodão, café, cana-de-açúcar e milho. Também se tornou atraente para fornecedores de maquinário. De 2015 para cá, os principais fabricantes de máquinas agrícolas também passaram a oferecer a operação como forma de pagamento.