Com o apoio do Sebrae, tradição cafeicultora de 17 municípios da região mineira foi reconhecida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI)
O clima ameno, com excelente altitude para o plantio e características próprias que vão desde o apuro técnico até valores históricos e culturais no plantio de café, garantiu o selo de Indicação Geográfica (IG) para a região do Campo das Vertentes, em Minas Gerais. O título foi concedido na terça-feira (24) pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), na categoria de Indicação de Procedência. Além de valorizar e reconhecer a produção diferenciada, o título protege a região produtora, em razão de sua origem geográfica específica.
O Sebrae participou de todo o processo de reconhecimento da produção de cafés especiais da região do Campo das Vertentes. O trabalho começou em 2015 com o diagnóstico da potencialidade do território, que é formado por 17 municípios mineiros: Bom Sucesso, Camacho, Campo Belo, Cana Verde, Candeias, Carmo da Mata, Conceição da Barra de Minas, Ibituruna, Nazareno, Oliveira, Perdões, Ritápolis, Santana do Jacaré, Santo Antônio do Amparo, São Francisco de Paula, São João Del Rei e São Tiago.
Por meio de uma metodologia desenvolvida pelo Sebrae, foram avaliados diversos fatores da produção do café, incluindo o produto, método de produção, identidade, territorialidade, governança, desempenho econômico e pesquisa envolvida. Desde então, os produtores trabalharam na estruturação e no ano passado, por meio da Associação dos Cafeicultores do Campo das Vertentes (Acave), depositaram o pedido de reconhecimento no INPI, que agora concedeu o registro.
“Estamos em festa, pois é um fato histórico para a nossa região. Tínhamos um diamante bruto que precisava ser lapidado. Então, foi um trabalho árduo para aprimorar a nossa produção de cafés especiais e esse reconhecimento não seria possível sem o apoio do Sebrae. Aos poucos, fomos nos surpreendendo com a qualidade, descobrindo sabores achocolatados, frutados, caramelizados”, contou o presidente da Acave, Giordany Milani Lage.
Segundo ele, o processo para reconhecer a IG foi importante também porque possibilitou que os produtores se sentissem mais valorizados e orgulhosos de fazer parte da região. Com o selo de IG, a expectativa é atrair mais atenção ao café da região e abrir portas do mercado dentro e fora do Brasil. “Já estamos vendo resultados, mas daqui para frente vamos aproveitar essa conquista para valorizar ainda mais o nosso produto e a nossa região”, declarou.
Atualmente, o Brasil tem 73 Indicações Geográficas registradas. A maioria delas são de pequenos negócios no segmento do agronegócio, muito diferentes entre si e localizadas principalmente no Sul e Sudeste (60%). No caso do café, são sete IGs reconhecidas, sendo duas por denominações de origem (Região do Cerrado Mineiro e Mantiqueira de Minas) e outras cincos por indicações de procedência (Alto Mogiana, Norte Pioneiro do Paraná, Oeste da Bahia, Região de Pinhal e Campo das Vertentes).
Até o fim do ano, o Sebrae vai realizar o levantamento de 110 regiões com chances de conquistar o reconhecimento oficial como Indicação Geográfica, que confere proteção e atrai oportunidade de negócios, agregando valor aos produtos. Para a analista do Sebrae, Hulda Giesbrecht, o maior desafio no processo das IGs diz respeito à governança. “Na maioria dos casos, são negócios que não estão organizados com foco em um propósito coletivo. Então, precisamos atuar na organização dessa governança com o objetivo de promover e proteger o território e o produto”, explicou.