Os preços do café voltaram a cair nesta semana mais curta de negócios no mercado internacional.
Porto Alegre, 18 de abril de 2019 – A ampla oferta global seguiu pesando sobre as cotações, com o superávit contra a demanda, trazendo tranquilidade para os consumidores. A chegada da safra brasileira é fator baixista, com o começo da colheita em regiões produtoras.
Após uma safra recorde em 2018, o Brasil está diante da colheita de uma nova produção, que promete ser boa. Será menor, devido ao ciclo bienal da cultura. Mas externamente, o mercado enxerga com uma safra “grande” para um ano de menor produtividade. E isso é cômodo e confortável para a demanda, que já vem de temporada com oferta sobrando.
A colheita do conilon vai andando em algumas regiões brasileiras e adiante chega a safra de arábica. Sazonalmente isso pressiona ainda mais o mercado internacional. Em maio, efetivamente os trabalhos com o arábica começam e a tendência é de manutenção de preços baixos nas bolsas, com dificuldades de recuperação significativa, afora momentos de recuperação técnica. Para uma sólida reação, o mercado precisaria de aspectos fundamentais, com quebra na produção ou problemas climáticos em algum importante país produtor. O inverno no Brasil sempre traz temores de geadas, é bom lembrar.
Nesta semana, a alta do dólar contra o real no Brasil foi outro fator baixista. Em Nova York, ainda há os aspectos técnicos e gráficos, e a bolsa para o contrato julho, que agora é o foco, rompeu a importante linha de US$ 0,90 a libra-peso. Com a chegada do período de notificação de entregas para o contrato maio em 22 de abril, há muita rolagem de contratos e julho agora é a posição mais negociada e a principal diretriz para o mercado. Assim, julho já teve esse patamar de 90 centavos testado e rompido nesta quarta-feira (17/04). Esse realinhamento técnico do mercado, de maio para julho, contribuiu para a pressão na ponta vendedora.
No balanço do mês de abril até esta quarta-feira, o contrato julho em NY já caiu de 97,05 para 89,65 centavos de dólar por libra-peso, acumulando desvalorização de 7,6%. Já em Londres, o robusta para julho no mês tem uma baixa acumulada de 5,5%, fechando esta quarta-feira a US$ 1.412 a tonelada.
No Brasil, o ritmo é calmo de negócios com o cenário externo desfavorável. No balanço de abril, as cotações do arábica bebida boa no sul de Minas Gerais caíram de R$ 385,00 a saca para R$ 370,00 na base de compra, acumulando perda de 3,9%. A baixa é menor que a de Nova York devido ao dólar firme contra o real no país.
Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS