Uma trajetória de Atitude: trabalho, pesquisa, qualidade e recordes

Como Eduardo Pinheiro Campos e sua equipe chegaram ao café de R$19 mil a saca

29 de novembro de 2018 | Sem comentários Cafés Especiais Produção

Um histórico de sucesso. Eduardo Pinheiro Campos alcançou o feito de ser o maior detentor de títulos da história do Prêmio Região do Cerrado Mineiro, em seis edições ele esteve 7 vezes entre os três melhores lotes, um verdadeiro colecionador de títulos. Além disso, é o recordista em preço de venda de um lote do concurso.

A conquista na última edição da premiação marca a história de sucesso e prova a consistência de um trabalho pautado na dedicação e no rigor dos processos. Durante a premiação de 2018, Eduardo levou o 2º lugar da categoria Cereja Descascado e 1º lugar da Categoria Natural, que ainda lhe rendeu o recorde no preço de venda no leilão, chegando a R$19 mil a saca de 60 quilos.

O café campeão pontou 88,06 pontos em qualidade, na média dos árbitros da premiação. O Bourbon Amarelo é uma variedade quem vem rendendo frutos em forma de títulos para o produtor, e mais uma vez levou Eduardo Pinheiro Campos ao topo. Um café, que segundo o corpo do júri, possui notas sensoriais de goiabada, morango jabuticaba, frutas cítricas, notas de vinho tinto e whisky. Segundo o Q-Grader Renato Souza, gestor das propriedades e responsável pelos processos de qualidade, o grande acerto desse lote foi o ponto da colheita, que foi feito com o café já em ponto de “passa”. Renato explica que provou o café desse setor em 4 oportunidades diferentes, e em processamentos diferentes. “Percebi que os grãos que haviam murchado na planta, mantinham uma doçura especial, superior aos grãos em ponto de “cereja” e o processamento natural mantinha as características frutadas do lote, então fizemos a colheita seletiva mecanizada desse setor, separamos apenas os grãos “passas” e fizemos a seca lenta em terreiro suspenso.” – explicou o coffeemaker.

Depois da seca o lote descansou por cerca de 40 dias, ainda em coco, nas tulhas de madeira da propriedade. “Esse café manteve todas as características, mesmo no café ainda cru ele já cheirava fruta.” – conta Renato.

Ainda na mesa de provas, sob o código que garantia o sigilo em relação a todas as informações daquele lote, o café já se destacava. Descrito como um café elegante e com características exóticas, ainda na primeira fase já fora eleito por alguns árbitros, o campeão da categoria. Segundo a Q-Grader, Larissa Fassio, Coordenadora de Qualidade da Denominação de Origem Região do Cerrado Mineiro, o café tinha personalidade própria. “Mesmo com outro código usado na etapa de ranqueamento o café era reconhecido e manteve suas características, chamando a atenção na mesa de provas, ele despontou do início ao fim das etapas de classificação, um café com características únicas” – explicou Fassio.

No leilão o lote foi disputadíssimo do início ao fim, principalmente entre o Café Cajubá, Expocaccer e Cafebras, que acabou dando o maior lance e arrematando o lote por R$19 mil a saca de 60 quilos, o que foi muito comemorado tanto pelo produtor como também pela empresa compradora. “Eu tenho acompanhado todo o trabalho, todo esse empenho há 21 anos. Eles tem feito estudos, investimentos, então na verdade é um valor simbólico para reconhecer, em nome de um produtor, todos os produtores da Região, para os estimular a continuar trabalhando e se dedicando em qualidade, focado no consumidor final.” – finalizou o CEO da Cafebras, Eustáquio Miranda.

“Cada ano que conquistamos o Prêmio me proporcionaram emoções diferentes. Estou muito orgulhoso e muito feliz, é até difícil resumir o que estou sentindo. Sabemos o quanto é difícil chegar a essa conquista, envolve muito trabalho e dedicação. Vencer novamente é uma realização que não tem preço.” – comemorou Eduardo Pinheiro Campos.

Quando questionado sobre o valor recorde do leilão, o produtor estende a todos os companheiros do Cerrado Mineiro. “Eu esperava um bom valor pelo lote, mas jamais o que alcançamos. Esse valor tão expressivo de R$19 mil a saca, valoriza todos os produtores do Cerrado Mineiro, valoriza acima de tudo a nossa Região como produtora de cafés tão espetaculares.” – explicou o recordista.

Atitude de campeão

O recordista da noite, Eduardo Pinheiro Campos, doou os R$5.700,00, valor arrecadado com a venda do seu lote de 3 sacas premiado na Categoria Cereja Descascado, para a reforma estrutural do Centro de Excelência do Café, em Patrocínio, mantido pela Fundaccer, Fundação ligada à Federação dos Cafeicultores do Cerrado. A empresa Dimap, também vencedora da noite, através de seu diretor André Gonçalves Ferreira, aderiu à campanha e também doou R$4.350,00, referente ao lote de 3 sacas comercializadas no leilão.

A atitude de Campos vem contagiando ainda outros produtores. O produtor José Carlos Grossi, também finalistas desta edição da premiação, fará a doação de R$8.800,00 arrecadados com a venda de sou lote durante o leilão.

 

Sobre o produtor

Terceira geração de uma família centenária no café, ele é um dos pioneiros na cafeicultura do Cerrado Mineiro, foi em 1976 que Eduardo começou a história das Fazendas Dona Nenem e São João Grande em Presidente Olegário, herança do pai, o cafeicultor teve por desafio “domar as terras” que não eram preparadas para a cafeicultura.  Foram anos de estudo e investimentos. Eduardo lembra ainda, que foi um dos primeiros a investir na irrigação das lavouras, o que contribuiu sobremaneira para o aumento da produtividade.

A busca pela qualidade não é uma novidade para o cafeicultor. Desde o início da década de 1990, Eduardo procurou adotar processos que fizessem com que os cafés produzidos deixassem de ser simples commodities e passassem a ser reconhecidos pela qualidade. Desde então processos foram adotados afim de, entender o terroir e como extrair dele seu melhor potencial.

Histórico de Campeão

O Prêmio Região do Cerrado Mineiro foi lançado em 2013. Desde então Eduardo Pinheiro Campos sempre figurou entre os finalistas:

2013 – 3º lugar na Categoria Cereja Descascado.
2014 – 1º e 2º lugar na Categoria Natural e 3º lugar na Categoria Cereja Descascado.
2015 – 7º lugar Categoria Cereja Descascado.
2016 – 3º lugar na Categoria Cereja Descascado.
2017 – 14º lugar na Categoria Cereja Descascado
2018 – 1º lugar na Categoria Natural e 2º lugar na Categoria Cereja Descascado. E o recorde no valor da venda, R$19 mil a saca de 60 quilos.

 

O homem da qualidade

Renato Souza é Q-Grader e o responsável pelos processo de qualidade dos cafés das fazendas. Como Eduardo Pinheiro Campos mesmo diz, “depois que o café sai da lavoura o problema passa para o Renatinho”, como é carinhosamente chamado.

É Renato o responsável pelo mapeamento de qualidade feito em cada setor da fazenda. Antes da colheita uma coleta seletiva é feita, apenas com os grãos maduros que vão para a mesa de prova. Com os resultados é decido então, qual processo será aplicado em cada café. Durante a safra novas provas são feitas, processos de seca e fermentação são aplicados, de acordo com os resultados das provas feitas na pré-colheita, até que se chegue aos lotes que se tornarão campeões.

Na fazenda desde 2010, Renato é hoje um dos mais premiados coffeemakers da Região, título que conquistou pelo trabalho que, vai muito além daquele de provar o café, ele é responsável por, através de técnicas de processamento e pós-colheita extrair ao máximo o potencial de cada café. Da lavoura até xícara do consumidor, etapa por etapa passam pelo controle do coffeemaker.

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