CAFÉ FAZ NOVAS MÍNIMAS, MAS SE MANTEM ACIMA 115 CENTAVOS Por Rodrigo Costa

Café em Nova Iorque teve o ajuste do contrato de setembro na casa dos US$ 116.00 centavos por libra todos os dias da semana

Por: MERCADO DE CAFÉ – COMENTÁRIO SEMANAL – DE 18 A 22 DE JUNHO DE 2018*

A “guerra comercial” provocada pelas tarifas impostas por Trump à diversos países têm custado mais caro aos índices Europeus e Asiáticos, enquanto o S&P500 e o Nasdaq se comportam relativamente melhor. As bolsas da China, Alemanha e França cederam quase 4% na última rodada de propostas tarifarias, mais dos que o 1% de queda dos dois principais indicadores americanos.

Na última reunião do FOMC as taxas de juros dos Estados Unidos foram aumentadas em 0.25%, como esperado, mas o comitê sinalizou um incremento adicional neste ano em função do forte mercado de trabalho e do crescimento do PIB – potencialmente antecipando uma inflação maior do que a meta.

Como consequência o índice do dólar negociou no mais alto patamar desde 14 de julho de 2017 e o CRB teve quedas consecutivas para buscar os níveis de abril último, recuperando na semana com a alta do petróleo depois da OPEP ter divulgado um acréscimo de produção menor do que se especulava.

O café em Nova Iorque teve o ajuste do contrato de setembro na casa dos US$ 116.00 centavos por libra todos os dias da semana após buscar as mínimas de fevereiro de 2016. Londres seguiu a tendência de baixa, mas os preços não romperam os níveis de junho de 2016.

A queda do terminal desta vez não teve o Real desvalorizando para contrabalancear, apertando, portanto, os diferenciais de reposição na principal origem, mesmo no pico da colheita da maior safra já produzida.

O atraso da entrada da safra do conilon pode ter contribuído, pois a indústria local teve que sair as compras para cobrir suas necessidades, elevando o preço da variedade, assim como dos cafés de consumo e da bica-corrida.

O quadro assusta quem tem necessidade de rechear os livros por estar muito vivo na memória o sofrimento que os agentes tiveram no ciclo de 2017/2018. Ao mesmo tempo o comportamento do contrato “C”, “teimando” em se manter entre US$ 115.00 e US$ 123.00 centavos praticamente durante todo (encerrou no intervalo em 105 das 125 sessões de 2018) traz alguma esperança para não vermos o terminal romper US$ 110.00 centavos por libra no curtíssimo prazo.

Os fundos voltaram a vender um volume razoável, mas encontraram interesse de compra no mercado futuro dos comerciais, ainda que não tenha ajudado os países produtores/vendedores que esperaram para fazer suas fixações contra o contrato de julho pouco antes do começo do período de aviso de entregas.

Nas últimas duas semanas tivemos bastante dados estatísticos divulgados. Na Europa os estoques de café estavam em 11,194,633 sacas no fim de abril, 284 mil a menos do que há um ano e 345 mil sacas a mais do que em março. Nos Estados Unidos em maio havia 6,867,594 sacas, 135 mil acima de abril e 247 mil a menos do que em maio de 2017.

As exportações brasileiras em maio totalizaram 1,7 milhões de sacas, o menor volume desde fevereiro de 2004 quando os embarques foram de 1,561,467 sacas. A greve dos caminhoneiros foi o principal motivo, o que em teoria inflaria as saídas de junho e julho.

O USDA estima um superávit de 8 milhões de sacas de café em 2018/2019, considerando uma produção mundial de 171.2 milhões de sacas e um consumo de 163.2 milhões. O saldo divulgado pelo órgão está em linha com grande parte dos participantes do mercado.

Os preços praticados nas origens por ora não “forçaram” uma queda de produção entre os principais países, seja por causa de uma “ajuda” das moedas locais, ou pela queda de outras culturas potencialmente concorrentes, ou finalmente dado a natural da demora da resposta em função do ciclo mais longo da própria cultura do café.

Por outro lado, vale notar que o recorde de produção mundial já tem sido antecipado há algum tempo e embora para 2019/2020 aponte outro ciclo de sobra, a demanda crescente e um receio inflacionário talvez tenham amenizado uma queda mais acentuada das cotações (por ora?).

Não parece que veremos uma alteração muito significativa do intervalo de negociação de preços das bolsas com a ausência de novidades (principalmente climáticas).

Se no curto-prazo pode se esperar alguma cobertura marginal da posição dos fundos de 60 mil contratos vendidos, é difícil imaginar que uma nova subida acima de US$ 120.00 centavos por libra venha encontrar sustentação.  

Uma ótima semana e muito bons negócios a todos.

 

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