As commodities cederam no começo da semana quando o apetite dos investidores diminuiu à classe, tendo o CRB deixado um gap empurrado pela então queda acentuada das chamadas softs.
Um mar de incertezas políticas juntamente com uma atuação do Banco Central criticada por alguns em ter sido morosa e depois excessiva causou grande volatilidade ao Real, o qual raspou os R$ 4.00 contra o dólar, nível que há dezesseis foi alcançado antes de Lula ter divulgado sua carta de compromisso à população, que por sinal o elegeu.
A inflação brasileira acima do esperado contribuiu para a moeda enfraquecer, mas o motivo principal vem das manobras intervencionistas desastrosas do atual governo, mostrando aos investidores internacionais o perigo de investir em um país onde a regra do jogo muda facilmente.
Pior ainda é não ter um candidato que inspire confiança em colocar o país no rumo certo e num ambiente de spread dos juros brasileiros contra os americanos estreito não há um prêmio de risco para alguém apostar no Brasil, muito pelo contrário. Quem está “casado” com investimentos de longo-prazo sai correndo para hedgear suas exposições, ou o que é possível destas.
As commodities cederam no começo da semana quando o apetite dos investidores diminuiu à classe, tendo o CRB deixado um gap empurrado pela então queda acentuada das chamadas softs. Entre os componentes do CRB a soja, o café, o suco de laranja, e o milho foram os que mais cederam nos últimos cinco dias, enquanto apenas cinco outras subiram, com destaque ao cobre.
O café arábica em Nova Iorque não aguentou a desvalorização do real e por míseros US$ 0.35 cts/lb o contrato de julho de 2018 não fez uma nova mínima. A proximidade do período de entrega talvez ainda guarde fixações de origens que seguraram suas vendas depois do movimento positivo da semana passada, e tecnicamente o mercado volta a encorajar um novo posicionamento baixista dos fundos.
Até o meio da semana o “C” estava se comportando bem, negociando nas máximas do começo de 2017, convertendo as cotações em centavos de Reais por libra-peso. É bom salientar que outras origens não têm tido o mesmo “benefício” em receber “mais” em suas moedas locais pelo café comercializado, mesmo sabendo da insatisfação dos preços atuais praticados internamente no Brasil.
Na Guatemala a atividade do Vulcão Fogo atingiu alguns cafezais, não o suficiente para agitar os mercados, entretanto infelizmente vidas foram perdidas. Nossos sentimentos às famílias atingidas.
Os agentes de mercado continuam tentando entender o grande interesse pelos certificados de Londres quando há uma crescente disponibilidade da variedade e uma expectativa de uma safra Vietnamita maior no ciclo que começa no último trimestre do ano. Talvez o plano tenha contemplado uma demanda forte entre agora e outubro, mas vale lembrar que na Europa o café conilon não é tão desejável nos blends da região, e há um bom volume deste trocando de mãos via o terminal.
O USDA estima a produção do Vietnã em 29.9 milhões de sacas para 2018/2019, acima das atuais 29.3 milhões de sacas. As exportações daquele país em maio ficaram em 2,495,550 sacas, 23.22% a mais do que no mesmo mês de 2017.
O inverno brasileiro começa na quarta-feira, dia 20 de junho, e embora grande parte dos agentes naturais do café pouco se preocupem com o risco de geada, está bem barato comprar proteções para eventuais estresses de fluxo de caixa caso este evento “improvável” venha acontecer.
Os fundos já devem estar novamente com uns 90 mil contratos vendidos após a queda de quarta e quinta-feira, distante dos 117 mil lotes, recorde de 17 de abril último, mas que podem voltar à mesa para forçar uma nova mínima dos preços caso não haja uma onda de frio chegando nas próximas semanas.
A performance do Real pode acelerar o movimento de Nova Iorque, para um lado ou para o outro, muito embora no curto-prazo a necessidade de venda das origens pode pesar para não deixar as cotações voltarem acima de US$ 120.00 centavos por libra.
Não haverá comentário no próximo fim de semana (dos dias 16 e 17 de junho).
Uma ótima semana e muito bons negócios a todos.
*Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting