Na esteira do sucesso da Agrishow 2018, a Eleva atraiu grande interesse e contabilizou centenas de contatos, de diversas regiões do país e até do exterior, a fim de firmar parcerias e negócios dentro do mercado agrícola.
O protótipo da startup que desenvolve, fabrica e passa a comercializar soluções para o mercado aeronáutico, em especial VANTs – veículos aéreos não tripulados –, é o superdrone Eleva Spray 150, que pesa 150kg e tem capacidade de estocar até 80l de insumo por operação de pulverização de lavouras, com desempenho para aplicação de, ao menos, 20 hectares por hora, durante as 24h do dia. O projeto de agricultura de precisão está sob o comando dos fundadores da Eleva, Celso Faria de Souza, Luciano Castro e Norberto Maraschin Filho, oriundos do ITA, que viram no mercado de VANTs a oportunidade de empreender.
A Agrishow 2018 representou um marco importante na história do novo empreendimento, cujos esforços estão concentrados no Amazonas, já que o projeto Eleva Spray é financiado com verba de Pesquisa & Desenvolvimento na Zona Franca de Manaus e realizado em parceria com o Instituto de Desenvolvimento Tecnológico (INDT), sob a supervisão da SUFRAMA. “O público foi crescendo exponencialmente à medida que o potencial comprador e mesmo os outros expositores ficaram sabendo que estava exposto um superdrone, o maior do Brasil, o nosso Eleva Spray 150. Por vezes, nosso espaço estava completamente tomado por entusiastas e por representantes de empresas e instituições ávidas por identificarem oportunidades de trabalhar junto com a Eleva, o que deixa todo o nosso time bastante entusiasmado para os próximos passos que virão a partir de agora”, destaca o diretor-executivo da Eleva, Luciano Castro. Para o profissional, as interações foram muito ricas com produtores rurais, distribuidores de implementos agrícolas, grandes fabricantes de máquinas e operadores aeroagrícolas, além de potenciais parceiros do segmento de governo, de universidades e de centros de pesquisas.
“Interagimos com dezenas de potenciais investidores. Agora, após a feira, a Eleva se lança no mercado em busca de uma nova rodada de investimentos para conversão do protótipo num produto comercializável, para industrialização e comercialização do Eleva Spray, além de focar em buscar as certificações necessárias para operação, como de ANAC e ANATEL, por exemplo”, completa Castro. O intuito da Eleva é entrar em diversos segmentos de negócio em um futuro breve, adaptando o VANT para além da agricultura, com missões relacionadas à segurança pública e à inspeção de linhas de transmissão de energia, por exemplo. Castro aproveitou a oportunidade para detalhar o compromisso e a responsabilidade da Eleva com o mercado. “O naming Eleva significa fazer subir, levantar, enaltecer, engrandecer, e visa reforçar o compromisso assumido pelo nosso time de entregar soluções que elevem o desempenho dos mercados em que atua, assim como os seus resultados, executando tarefas com maior precisão e otimização de custos”, reforça o diretor-executivo, completando que a Agrishow, sem dúvida, contribuiu para aproximar a empresa de seus objetivos.
O SUPERDRONE
Medindo 5m de largura e com barra de pulverização de 6m, o superdrone Eleva Spray 150 está em processo de desenvolvimento final para comercialização a partir de 2019 no Brasil e em mercados globais com características semelhantes às grandes áreas de produção rural, como os Estados Unidos, Argentina e Austrália. “Uma vantagem da Eleva é que a legislação brasileira para uso de VANTs é baseada na europeia, que é a mais restritiva mundialmente. Portanto, as certificações no Brasil vão garantir que o equipamento esteja preparado para passar nos testes no exterior também. Essa é a principal premissa para ganharmos escala com agilidade”, comenta o diretor técnico da Eleva, Celso Faria de Souza. O sistema é composto, basicamente, pelo VANT e estação de controle, a GS – Ground Station, além de pessoal técnico responsável pela operação em dois modos: pilotagem manual e automatizada. Dentre os atributos que diferenciam o Eleva Spray 150 está a possibilidade de o equipamento ser utilizado à noite, quando algumas condições estão mais favoráveis à pulverização: maior umidade, menor temperatura, menos ventos e maior facilidade da planta em absorver os defensivos sistêmicos, entre outros.
Adicionalmente, há diversas pragas com comportamento noturno, tornando este tipo de pulverização mais efetiva e menos danosa à natureza e animais, como as abelhas. Junto com a operação no Baixo Volume (BV) ou Ultra Baixo Volume (UBV) e o efeito downwash, que impulsiona para baixo os defensivos, há enormes possibilidades de economia de insumos, gerando ganhos estratégicos para o agricultor, além de mais segurança operacional.
DO SONHO À PROTOTIPAÇÃO
Era 1996 quando Celso Faria de Souza, Luciano Castro e Norberto Maraschin Filho se conheceram, no primeiro dia de aula do curso de Engenharia no ITA – Instituto Tecnológico de Aeronáutica –, fundado em 1950 na cidade de São José dos Campos, em São Paulo. No ano anterior, haviam enfrentado um dos vestibulares mais difíceis do Brasil, que abrange questões elaboradas com alto grau de complexidade, baseadas em conteúdos que nem são vistos pela maioria das escolas. Cada vaga no ITA é disputada por cerca de 130 candidatos, amplamente preparados na educação de base.
Recém-saídos das casas de seus pais, em Goiás, Minas Gerais e Paraná, os três jovens foram dividir apartamento com mais de uma centena de colegas no alojamento do então Centro Tecnológico Aeroespacial, o H8, cujo projeto original foi assinado curiosamente por Oscar Niemeyer. Foi de lá que saíram centenas de homens e mulheres com formação de ponta, encaminhados à força aérea ou para iniciativas pública ou privada. Muitos deles carregavam o sonho de empreender. Batizada de Turma 00, em referência ao ano de formação, foi em 2000 que Celso, Castro e Norberto deixaram o ITA, formados em Engenharia Aeronáutica e Mecânica-Aeronáutica. Apesar do enorme desejo de montar o próprio negócio juntos, suas vidas tomaram rumos diferentes.
Celso Faria de Souza começou, em 2001, a ministrar cursos nas áreas de engenharia e ciências aeronáuticas, além de obter experiências em empresas como SETE Linhas Aéreas, Aliança Aviação, Brasil Vida Táxi Aéreo, KI Avionics, NEO Táxi Aéreo, entre outras. É sócio de Castro na Enhanced Works, empresa com mais de 15 anos de know-how, fornecendo soluções de engenharia para o mercado aeronáutico e a indústria em geral. Fez dezenas de cursos e treinamentos na área aeronáutica, no Brasil e no exterior, e hoje cursa especialização em projetos de aeronaves, na Universidade do Kansas, nos Estados Unidos.
Luciano Castro entrou para a Força Aérea Brasileira no mesmo ano e permaneceu até 2010. Entre os projetos dos quais foi head, destaca o T-27, no qual foi responsável por uma frota de mais de cem aviões. Também acumulou experiências na VLI Logística e na Capital51, além de dirigir a Enhanced Work, junto com Celso.
Norberto Maraschin Filho saiu do ITA direto para ocupar posições em empresas de consultoria, como a Booz Allen Hamilton e a Oliver Wyman, em mercados como Brasil, Colômbia, Equador e Índia. Desde 2009, integra a equipe da Positivo Tecnologia, quando assumiu a gerência de Estratégia e Novos Negócios. No ano seguinte, coordenou as negociações que resultaram na entrada da companhia nos mercados da Argentina e do Uruguai e a consequente criação da joint venture entre a Positivo Tecnologia e a BGH, assumindo a cadeira de CEO da Informática Fueguina, empresa resultante desse processo, com sede em Buenos Aires, Argentina. Depois de três anos no exterior, foi repatriado para assumir a vice-presidência de Mobilidade e Negócios Internacionais.
Embora os três executivos tenham mantido contato, foi somente na comemoração de 15 anos de formados, em 2015, que Celso, Castro e Norberto tiveram a oportunidade de conversar e falar sobre seus projetos em andamentos e sonhos que estavam à mente. E foi nesse momento que a ideia de criar um VANT multitarefas entrou em discussão. Estava na hora de tirar um primeiro projeto conjunto do papel e empreender. No ano seguinte, em 2016, as conversas se intensificaram e começaram os estudos de mercado para entender em quais frentes havia espaço para implementar uma nova modalidade de negócio. O plano era montar um VANT com motorização híbrida, capaz de executar múltiplas missões, sejam elas de agronegócios, segurança pública, inspeção de linhas de transmissão, entre tantas outras utilidades para essa solução.
Além dos fundadores Celso, Castro e Norberto, uma figura em especial chama atenção no conselho consultivo da Eleva. “A reputação de Ozires Silva, ex-ministro e fundador da Embraer, o precede. É um dos grandes nomes que fazem parte da história da indústria brasileira e nos recebeu em seu escritório, em São Paulo, para uma reunião de 30 minutos. Contudo, a conversa se estendeu por mais de duas horas, devido ao entusiasmo e à receptividade com que Ozires analisava a Eleva e a contextualizava com suas experiências no mundo dos negócios. Ficamos exultantes quando, ao fim da reunião, Ozires Silva concordou em participar do conselho de nossa empresa”, relata Norberto, membro do conselho da empresa. Para os fundadores, o capital humano é o principal diferencial da Eleva. “A equipe formada, do grupo de trabalho ao conselho, apresenta grande capacidade de desenvolvimento de um produto vitorioso e de um negócio rentável e duradouro. É sabido que o caminho das empresas é bastante desafiador, mas acreditamos na possibilidade da Eleva se tornar uma respeitada empresa do segmento aeronáutico, assim como foi com a Embraer, um grande orgulho dos brasileiros”, finaliza Luciano Castro.