Donald Trump anunciou um plano para aumentar tarifas de importações de aço e alumínio provocando uma reação negativa nos mercados acionários, não apenas em função do impacto que terá aos custos dos bens vendidos no país, mas também causando incertezas sob
O presidente do FED, Jerome Powell, em sua sabatina pelo congresso fez algumas declarações que deixaram a impressão de que o banco central sob o seu comando pode responder mais rapidamente à alguns indicadores de aquecimento da economia.
O mercado acionário mundial cedeu em torno de 3% nos últimos cinco dias, muito pouco perto da recuperação acentuada notada nos índices dos Estados Unidos, cujo NASDAQ, inclusive, voltou a acumular 5% de ganhos no curto ano de 2018 – impressionante depois da queda forte do começo de fevereiro.
O índice de CRB fez uma breve visita acima dos 200 pontos, encerrando a semana abaixo do patamar, mesmo com as performances positivas do trigo, do cacau e da gasolina, e negativas do suco de laranja, do suíno-magro e do óleo de aquecimento.
O café em Nova Iorque fechou a US$ 122.20 centavos por libra-peso na sexta-feira, ou a US$ 3.65 centavos da mínima do contrato de maio vista no dia 22 de fevereiro, razoável, ainda que inspire pouquíssima confiança após devolver os ganhos da quinta-feira.
Os fundos, ao voltarem a vender o mercado futuro estabelecendo um novo recorde de posição vendida, não conseguiram, ainda, romper os US$ 115.00 centavos de junho de 2017, graças ao apetite da indústria em manter suas coberturas (ou estendê-las) todas as vezes que o arábica chega próximo de US$ 120.00 centavos.
Curiosamente no relatório dos comitentes notamos um incremento de vendas de comerciais, parcialmente indicando fixação de vendas de origens, que mesmo infelizes com os preços têm aproveitado qualquer leve alta do terminal para vender alguma coisa.
Os diferenciais nas origens pouco se alteram, mesmo com o avanço de disponibilidade em algumas, como Honduras.
A queda de braço entre altistas e baixistas, enfadados pelos intervalos de negociações chatos, ajuda quem tem apostado em vender “time-value”, ou volatilidade, via opções – em via de regra uma estratégia que muitos fundos andaram fazendo em quase todas as classes de investimento.
O risco parece baixo não havendo mudanças no fundamento, incluindo o comportamento das moedas, entretanto uma percepção de maior inflação, ajudada pelo protecionismo nos Estados Unidos com um aumento do custo de matérias-primas, pode elevar um pouco as cotações.
Fora isso os altistas têm uma última carta, que há tempos não entra em jogo: uma geada no Brasil. O risco de incidência no café diminuiu muito ao longo das décadas passadas, mas não pode ser totalmente ignorado, ainda mais em um ano de clima bastante frio no hemisfério norte – que ao menos psicologicamente deixa os investidores alertas.
Notamos muitas compras de calls (opções de compras) nas últimas sessões, movimento inteligente dada a baixa volatilidade implícita que permite uma compra “barata” de um seguro, just in case…
Os produtores e seus representantes tem transpirado suas insatisfações com os preços pagos pelas suas sacas de café, tendo os colombianos e outros países menos tradicionais já apontado para uma diminuição do trato, tentando poupar investimentos com baixo (ou sem retorno, segundo alguns).
Para o Brasil a percepção do mercado é que ainda há gordura para ser queimada, um sacrilégio de ser ouvido pelos produtores que tem reclamado dos preços baixos. Alguns analistas falam que no país o custo gira em torno de R$ 380.00 a saca, não muito distante dos preços praticados recentemente se considerarmos uma média do que vendem seus melhores grãos e a qualidades inferiores.
Difícil imaginar em uma queda muito grande do terminal neste cenário, mas em um exagero cair US$ 10 ou 20 centavos não é algo impossível. Por outro lado, uma perda eventual de produção tem um potencial de alta bem maior, ainda mais com os fundos vendidos 27 milhões de sacas em Nova Iorque.
Sem clima, me parece que os US$ 20 centavos de alta ficam distantes para acharmos sustentação e animação.
Uma ótima semana e muito bons negócios a todos.
*Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting