Para os agricultores familiares, a terra tem mais de um significado. É dela que vem o alimento que é posto na mesa nas refeições.
É dela que vem a renda da família e a base que sustenta suas casas. Logo, a preservação desse e de outros recursos naturais se faz mais do que necessária. Para que isso aconteça, é importante que haja uma constante conscientização das pessoas que vivem no campo. Nesse contexto, a Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead) incentiva a sustentabilidade e oferece aos agricultores familiares políticas e programas para aqueles que estão interessados em adotar sistemas de produção agroecológica e orgânica.
O coordenador-geral de Agroecologia e de Produção Sustentável da Sead, Marco Pavarino, comenta a importância do desenvolvimento sustentável e de ações voltadas para o tema. “A agricultura familiar é a grande responsável pela produção dos alimentos mais saudáveis que chegam à mesa dos brasileiros hoje. E quando incentivamos essa produção, estamos promovendo também um desenvolvimento mais sustentável no campo.”
Pavarino acrescenta, ainda, que para incentivar a prática, a Sead oferece linhas de créditos diferenciadas. “A Secretaria tem fortalecido essas políticas públicas, como é o caso, por exemplo, do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) Eco, que permite o financiamento de sistemas de geração de energia a partir de fontes renováveis, como a energia solar. Hoje, isso é uma realidade no campo. E temos também o Pronaf Agroecologia, que proporciona financiamento para aqueles agricultores que querem fazer a transição para sistemas produtivos agroecológicos ou orgânicos”, explica o coordenador.
Além de opções de financiamento, Núcleos de Estudos de Agroecologia (NEAs) foram construídos com o apoio da Sead. “Eles permitem a formação de redes de conhecimento, que ajudam a mudar a realidade da produção da agricultura familiar no campo. A gente entende que ações como essas permitem que a sustentabilidade se torne uma realidade na vida dos agricultores, para que eles também possam contribuir de forma real para o desenvolvimento sustentável do nosso país”, acrescenta Pavarino.
E o resultado dessas ações reflete diretamente nos agricultores familiares, como Valdir Silva de Castro, de 27 anos, que mora em Ilha Grande (PI). Ele utiliza o sistema de recirculação para praticar o desenvolvimento sustentável. “Tenho produção de peixe e, dentro do tanque, tem um filtro que armazeno nutrientes. Ai o que eu faço? Quando vou limpar o filtro, pego o conteúdo, que é rico em nutrientes para as plantas e hortaliças, e guardo. Depois, aplico na plantação.” O jovem produtor também aproveita resto de poda de árvores e resto de alimentos para fazer a compostagem e ofertar nos canteiros de cebola e coentro.
No sudeste do estado do Pará, no município de São Domingos do Araguaia, a matriarca de oito filhos, 18 netos e um bisneto, Cledeneuza Maria Bizerra, de 60 anos, teve o primeiro contato com o Coco Babaçu, fruto típico da América do Sul, especificamente do Brasil, logo quando criança. Desde muito jovem, já se denominava como uma quebradeira de coco de babaçu. Entretanto, quando se casou, a mulher trocou as amêndoas e os machados por quadros e giz branco. O galpão, onde eram produzidos os derivados para serem vendidos na feira da cidade, deu lugar para as salas de aula das escolas rurais.
Após 27 anos dedicados à educação, Cledeneuza se viu novamente no cenário das quebradeiras de babaçu. Só que dessa vez, trabalhava junto ao movimento do sindicato e foi escolhida para ser coordenadora. “Eu organizava as discussões com as mulheres. E foi assim que eu voltei a quebrar coco e a fazer o azeite.” Hoje, ela faz uma comparação aos dois principais trabalhos de sua vida. “Quando eu era professora, dava aula para as crianças, agora, dou aula para as minhas colegas. E consigo passar o meu entendimento, e vejo a confiança delas no que falo”, conta.
Segundo a matriarca, a agroecologia sempre esteve presente na produção das quebradeiras. “Nós compreendemos a necessidade de uma produção sustentável. Mesmo quando não entendíamos direito o tema, fomos descobrir que já trabalhávamos com esse modelo. A agroecologia está ligada a nós. Como, por exemplo, o remédio que damos para nossos filhos, que vem da planta que tem no fundo do nosso quintal. ” A cooperativa das mulheres da região, possui a Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP) e cerca de três quebradeiras acessam o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).
Carolina Gama
Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário
Assessoria de Comunicação
Fonte : MDA