Cooperativas devem levar novas tecnologias para o campo
Drone sobrevoa uma plantação em Três Lagoas (MS)
26/09/2017 – A tecnologia está cada vez mais presente no campo. Um dos problemas do agricultor é saber como tirar proveito das diversas ferramentas disponíveis.
Softwares, drones, tablets e celulares, por exemplo, são usados na avaliação de solo e de planta. O resultado dessa leitura é um denso emaranhado de dados que o produtor tem de interpretar.
Para familiarizar o agricultor com essas novas tecnologias, a Frísia Cooperativa Agroindustrial, de Carambeí (PR), fundada há 92 anos, promoveu na cidade a primeira feira agrícola digital na semana passada. Participaram do evento 25 empresas ligadas à tecnologia do campo.
“O produtor nem sempre tem conhecimento da tecnologia que vem sendo gerada. Daí o papel da cooperativa ser essencial nessa área”, diz Renato
Greidanus, presidente da Frísia.
Ele explica que a cooperativa visa principalmente ao pequeno e ao médio produtor, que têm dificuldades para adquirir novas tecnologias e assimilar a sua aplicação.
Por isso, a cooperativa deve criar um sistema de integração capaz de selecionar o que é prático e o que é viável para cada um.
“O foco da cooperativa é a recomendação de tecnologia com resultado prático”, afirma Greidanus.
A Frísia quer levar a agricultura digital para toda a região onde atua. Já a Ocepar –sistema que coordena as cooperativas do Paraná– tem ambição ainda maior: levá-la para todo o Estado.
Um censo feito pela Ocepar com 24 cooperativas agrícolas –85% do total das associadas– revelou que, juntas, elas têm um orçamento anual de R$ 63 milhões destinados a investimento na área de tecnologia agrícola.
Plácido da Silva Júnior, coordenador de tecnologia da Ocepar, diz que “o cooperado é o objetivo desse investimento tecnológico”.
Para ele, “o investimento busca agregar valor ao produto e permitir ao produtor acesso à tecnologia”.
Para Greidanus, “o desafio constante é atingir o ponto máximo da produção”. Ele cita o exemplo da Frísia: “Quem usa tecnologia obtém 40 litros de leite diários por vaca. A média da cooperativa é de 28 litros”.
Próximo passo
Muita tecnologia já está na mão do produtor. “O grande desafio”, diz Silva, “é a busca de análise preditiva”, ou seja, ler, interpretar e aplicar o resultado das informações.
Para Franke Leonardo Dykstra, produtor de Carambeí, nem todos os produtores veem a tecnologia da mesma forma: “Alguns são inovadores: testam e adotam. Muitos esperam o resultado obtido por outros –e há os que nunca mudam”. Cálculo dele, um adepto da tecnologia, mostra ganho de R$ 200 por hectare por ano em produtividade.
André Salvador, diretor da Digital Farming da Bayer, diz que monitoramento para identificar praga e erva daninha pode significar um bom alívio no bolso do produtor.
O ganho poderá ser ainda maior com a chegada dos drones pulverizadores, uma tecnologia que a empresa já detém e que será utilizada em grande escala num prazo de até cinco anos.
Os drones permitirão que o produtor atue diretamente sobre áreas afetadas por pragas e ervas daninhas sem a necessidade de movimentar máquinas sobre as lavouras.
Fausto Zanin, gerente da Bayer, diz que “é preciso tirar o produtor da zona de conforto”. Uma lavoura com adequado combate a pragas e ervas daninhas reduz custo e se torna mais rentável.
Há uma menor utilização de produtos químicos, menor movimentação de máquinas nas lavouras e maior preservação de predadores naturais das pragas (Folha de S.Paulo, 26/9/17)