Herszkowicz: colheita em 2018/19 não deve ser tão grande quanto se esperava
27/09/2017 O consumo de café no Brasil pode crescer 3% a 3,5% este ano e alcançar 22 milhões de sacas, estimou ontem o diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), Nathan Herszkowicz. “Pode chegar a 22 milhões de sacas, numa hipótese otimista, se [o consumo]
continuar evoluindo”, disse ele. Para isso, é necessário a melhoria da massa salarial e a volta do emprego, afirmou o executivo após a cerimônia de premiação Melhores da Qualidade 2017 da Abic.
Mesmo num cenário menos otimista, a Abic espera avanço no consumo de café. No ano passado, em plena crise, a demanda no mercado interno cresceu de 1% a 2%, para 21,2 milhões de sacas (entre café torrado moído e solúvel), estima a entidade. O maior interesse por cafés de qualidade por parte dos consumidores é um dos fatores que explicam esse aumento da demanda, disse Herszkowicz.
Com a demanda em alta, os preços do café ao consumidor também têm se valorizado, apesar de a matéria-prima estar em queda no mercado. Em 12 meses, as cotações do arábica caíram 11%, conforme o indicador Cepea/Esalq. Já o café torrado e moído teve alta de 19,78% nos 12 meses encerrados em agosto, segundo o Dieese.
A queda dos preços da matéria-prima acontece mesmo num cenário de oferta “seletiva” de café da safra 2017/18, que acaba de ser colhida. “A indústria fica apreensiva porque a oferta já está seletiva”, afirmou Ricardo Silveira, presidente da Abic. Segundo ele, há café no mercado, mas ” o produtor acha que o preço hoje não remunera, então segura na expectativa de melhor remuneração”.
Nathan Herszkowicz observou que o período é de “muita expectativa”, o que normalmente geraria volatilidade no mercado de café. Isso não está acontecendo, segundo ele, porque os estoques de café no exterior estão elevados, o que compensa o estoque “inexistente” no Brasil. Ele lembrou que nos EUA os estoques de café verde estão em 7,6 milhões de sacas, os maiores em 10 anos.
A indústria também está atenta à próxima safra de café, a 2018/19, em fase de floração. Para Herszkowicz, a produção no novo ciclo não deve ser tão grande quanto se esperava, mas deve ser maior que a atual, recém- colhida. De acordo com a Conab, a produção na safra 2017/18 está estimada em 44,7 milhões de sacas de café, entre arábica e conilon.
“É muito cedo para falar [sobre a próxima safra]. A expectativa era de uma safra muito grande. Não deve ser, mas deve ser maior que a atual”, afirmou. Ele observou que a atual falta de chuvas em regiões produtoras de café pode afetar o pegamento da florada e, em consequência, o potencial de produção da colheita 2018/19. “Estamos rezando para chover”, disse Ricardo Silveira, que preside a Abic e é produtor de café.
Na cerimônia de ontem, a Abic premiou os cafés de melhor qualidade nas categorias Tradicional, Superior e Gourmet dentro do Programa de Qualidade de Café da associação. Foram escolhidos os três melhores de cada categoria.
Na Tradicional, as marcas vencedoras foram Café Pelé Tradicional, da JDE, seguida pelo Café Bangu, da 3Corações e pelo Morro Grande Orgânico, da Torrefação Noivacolinenses. Na categoria Superior, o primeiro foi o Fraterno Grão Superior, da DPS Gonçalves; em segundo, o Via Café Grão, da Brasil Espresso Comércio Atacadista e em terceiro, o Terraza em Grão, da Cooxupé. O vencedor na categoria Gourmet foi 3Corações Orgânico Vácuo, seguido do Santa Clara Espresso, também da 3Corações, e do Excelsior Gourmet em Grão Valvulado, da Café Excelsior.
Fonte : Valor