Café: Bolsa de NY encerra semana com setembro/17 próximo de US$ 1,40/lb e alta acumulada de 1%
O mercado do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) fechou a semana com alta de pouco menos de 1%, com os principais vencimentos chegando próximos de US$ 1,40 por libra-peso. As cotações tiveram suporte nos últimos dias da valorização do real ante o dólar, fator que acaba impactando as exportações, e também informações sobre a safra do Brasil que está em plena colheita.
No mercado interno, os negócios com café seguem acontecendo de forma isolada nas praças de comercialização brasileiras. (Veja mais informações abaixo)
Nesta sexta-feira, o contrato setembro/17 fechou a sessão cotado a 137,85 cents/lb com alta de 190 pontos, o dezembro/17, referência de mercado, registrou 141,40 cents/lb com avanço de 190 pontos. Já o vencimento março/18 encerrou o dia com 144,95 cents/lb e também valorização de 190 pontos e o maio/18, mais distante, subiu 190 pontos, fechando a 147,20 cents/lb.
A colheita de café da safra 2017/18 avança no Brasil. De acordo com a Safras & Mercado, os trabalhos estavam em 73% até o dia 25 de julho. Levando em conta a estimativa da consultoria de 51,1 milhões de sacas de 60 kg, é apontado que já foram colhidas 37,06 milhões de sacas. Conforme a colheita avança, surgem informações que dão um panorama da produção no país que é o maior produtor e exportador da commodity no mundo.
A principal delas, e que repercutiu bastante durante a semana, é a de que um surto de broca nas lavouras do país tem assustado os envolvidos de mercado e com possíveis reflexos na comercialização dos grãos. “A quantidade de café de menor qualidade será maior neste ano na comparação com os anos passados”, disse à agência de notícias Reuters durante a semana um grande importador dos Estados Unidos.
Segundo Gil Carlos Barabach, analista da Safras & Mercado, o clima nos últimos dias favoreceu o avanço dos trabalhos no país. No entanto, no caso do café arábica, também cresce a preocupação com a safra miúda e os problemas com a “quebra de renda”. A queixa tem sido vista em diversas regiões produtoras do país. Barabach observa que, no Sul de Minas Gerais, fala-se em quebra na safra de até 20%, por causa da peneira menor.
Em entrevista ao site Notícias Agrícolas, o produtor rural de Cabo Verde (MG), Ivan Carlos de Santana, disse que a quebra na safra de café da temporada 2017/18 da região pode superar os 35%, com a colheita próxima de 75%. “Temos em muitas regiões cafés miúdos e com bebida fraca. A estiagem afetou a produção justamente no momento de enchimento de grãos dos frutos. E é preciso destacar que nós já íamos colher menos, pois estamos no ano de bienalidade baixa”, disse.
O câmbio também teve forte impacto sobre os preços do café arábica no terminal externo. O dólar comercial fechou a sessão desta sexta-feira com queda de 0,68%, cotado a R$ 3,1347 na venda, com investidores de olho na cena externa e na perspectiva de ingresso de recursos no país. Na semana, a moeda norte-americana caiu 0,19%. O dólar menos valorizado que o real tende a desencorajar as exportações do grão.
De acordo com informações do analista e vice-presidente da Price Futures Group, Jack Scoville, o clima não deve esboçar surpresas para o mercado nos próximos dias. “As temperaturas seguem mais altas no Brasil e devem cair a níveis próximos do normal até a primeira semana de agosto”, explica.
Para Scoville, os gráficos diários do mercado do arábica mostram que os preços devem subir ainda mais durante a semana, mas agora as tendências são mistas. “Os estoques norte-americanos permanecem elevados e na Europa também são bons. O mercado atual está mais animado com o câmbio e a tendência nos gráficos”, disse. “Os preços têm a chance de operarem em 140,00 cents/lb no vencimento setembro/17 nas próximas semanas”, acrescentou o analista em relatório.
A Reuters reportou em matéria nesta sexta que o aperto na oferta do grão pode fazer com que os preços do grão tenham aumento, com mediana prevista para os futuros na ICE no fim de 2017 em US$ 1,50/lb, alta de 10,3% ante o fechamento da quinta-feira (27). A agência informou ainda, com base em levantamento com envolvidos do mercado, que a produção do país em 2018/19 pode subir para 60 milhões de sacas.
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Mercado interno
Os negócios com café seguem acontecendo de forma lenta nas praças de comercialização do Brasil mesmo com o avanço da colheita. De acordo com reporte recente do Cepea (Centro de Estados Avançados em Economia Aplicada, da Esalq/USP), a retração de compradores e vendedores mantém liquidez baixa no mercado. “O clima mais frio tem atrasado o beneficiamento dos grãos, principalmente a secagem, limitando a oferta no mercado físico. Além disso, muitos produtores estão concentrados nas entregas futuras, em detrimento das negociações no spot, cenário que também tem travado as negociações do arábica”, disse o Centro.
No fechamento semanal, o balanço foi positivo nos preços nas praças de comercialização verificadas pelo Notícias Agrícolas.
O tipo cereja descascado anotou maior variação na semana em Patrocínio (MG) com queda de 3,09% (+R$ 15,00) e saca a R$ 470,00 a saca. Guaxupé (MG) teve o maior valor de negociação dentre as praças no período com R$ 515,00 a saca e alta acumulada de 1,98% (+R$ 10,00).
No tipo 4/5, a maior variação na semana foi registrada em Varginha (MG) com valorização de 3,23% (+R$ 15,00) e saca a R$ 480,00. A localidade de Franca (SP) teve o maior valor de negociação no fechamento da semana com saca a R$ 500,00 e alta de 2,04% (+R$ 10,00).
O tipo 6 duro teve maior oscilação na semana em Varginha (MG) com alta de 3,26% (+R$ 15,00). A cidade de Franca (SP) teve a cotação mais alta no fechamento da semana com R$ 480,00 a saca e alta de 2,13% (+R$ 10,00) no período.
Na quinta-feira (27), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 458,84 e queda de 1,38%.