Cafeicultores do Sul de Minas Gerais registram perdas de até 20% no ano

Por: Fonte : DCI

Agronegócios – Cafeicultores do Sul de Minas Gerais registram perdas de até 20% no ano
Com 50% da área colhida, os produtores do Sul do Estado calculam os prejuízos na produção de 2017 em relação ao ciclo passado, comenta o diretor presidente da Coopama, Emygdio Gonçalves


Vista do cafezal: Maior parte da seca ocorreu durante o período do enchimento de grãos nas lavouras


Vista do cafezal: Maior parte da seca ocorreu durante o período do enchimento de grãos nas lavouras
Foto: dreamstime


Machado (MG) – Com 50% da área colhida, os produtores do Sul de Minas Gerais já registram perdas de 15% a 20% da produção de 2017 em relação ao ciclo passado, estima o diretor presidente da Cooperativa Agrícola de Machado (Coopama), João Emygdio Gonçalves.


A cooperativa mineira reúne 2,2 mil produtores de 42 municípios da região do Sul do estado, que cultivam 17 mil hectares de café. Minas Gerais produz 60% do café brasileiro e a região Sul do Estado responde por metade da produção mineira. A região produz apenas o tipo arábica, utilizado para a produção de cafés especiais.


A seca ocorreu durante o período do enchimento de grãos. “Isso afeta o tamanho dos grãos, e faz com que eles fiquem pequenos”, explica o diretor da Coopam.


A produção de café estimada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é de 45,563 milhões de sacas e uma área cultiva no País de 2,212 milhões de hectares. Do total, a variedade arábica deve render cerca de 35 milhões na temporada 2017, sendo que Minas Gerais pode responder por 25,7 milhões de sacas deste total.


A perspectiva da companhia no mais recente levantamento de safra para a cultura, divulgado em maio, era de 13,2 milhões de sacas na apenas região sul do Estado, uma quebra de 20% em relação ao ciclo anterior.


O fato de ser um ano de bienalidade negativa – no qual o cafeeiro se recupera para produzir mais no ano seguinte – também influencia no resultado, que tende a ser inferior na comparação com a temporada passada.


Êxito


Algumas propriedades da região encontraram caminhos para driblar problemas climáticos e garantir a produção. É o caso da Fazenda Santa Mônica, em Machado (MG), que utiliza a fertirrigação em toda a área cultivada com diferentes tipos de café arábica, um total de 149 hectares e meio milhão de pés.


A fertirrigação é um meio de adubação que leva água e nutrientes as plantas. Na Santa Mônica isso é feito pelo método de gotejamento, conta o administrador conselheiro da fazenda, Arthur Moscofian.


“Nossa meta para a safra é chegar a 90 sacas por hectare”, afirma o especialista. A média atualmente da propriedade é de 60 sacas por hectare, acima da nacional, de 24 sacas por hectare, estimada pela Conab para este ciclo.


A colheita na propriedade atingiu 50% da área cultivada em que é aplicado o sistema Safra Zero. Neste sistema, a poda do cafeeiro é feita após a colheita no topo e no “corpo” do cafeeiro, para que tenha mais ramos quando uma nova colheita for realizada, dois anos depois. Para se manter sempre produzindo, Moscofian aplica o sistema de forma alternada em sete áreas da Santa Mônica. “O produtor de café é um fabricante de ramos e quanto mais ele produzir, mais café ele terá”, acrescenta.


Das 5 mil sacas de 60 quilos que devem ser colhidas na propriedade mineira, 3 mil devem ser de cafés especiais. O preço médio obtido pelo grão desse tipo é de R$ 1,5 mil por saca na fazenda Santa Mônica.


Na propriedade – que leva o nome da marca do empresário – são aplicadas as tecnologias mais modernas. Não por acaso, a propriedade recebeu investimento de R$ 15 milhões em tecnologia nos últimos sete anos. Além da fertirrigação e da aplicação do sistema de Safra Zero, os recursos foram aplicados em máquinas.


De acordo com o administrador, entre as novas apostas, também está um sistema para secagem dos grãos em caixas. “No pátio de secagem, que é o habitual, o grão leva nove dias para secar. Agora, estará pronto em três dias, dois no pátio e um nas caixas”, comenta ele.


Ele destaca ainda que outro investimento foi a aquisição de máquinas “de cor”, utilizadas separar o grão cereja – utilizado para a produção de cafés especiais. Foram cinco unidades importadas da Alemanha, sendo que cada uma custa, aproximadamente, R$ 550 mil.


O produtor possui outras quatro fazendas voltadas para a produção de café gourmet. Ao todo, 25 mil sacas de 60 quilos são produzidas nas propriedades do grupo.


Desse total, 30% é exportado como café verde, para países como Japão, China, Estados Unidos e Coreia do Sul. O produto que leva a marca da fazenda é vendido no exterior também pelo site da loja virtual Amazon.


No Brasil, os produtos da marca chegaram aos supermercados a partir de 2015 ainda como testes. Em 2017, passaram a ser vendidos em oito redes em São Paulo, uma no Rio Grande do Sul e, em breve, devem chegar também ao varejo do Rio de Janeiro.


Marcela Caetano


 

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