Essa safra já é de bienalidade negativa na maioria das regiões.
Comparativo de café peneira 19 da safra 2016/17 e peneiras 14/15 da temporada atual
As primeiras amostras de café arábica da safra 2017/18 que chegam ao mercado, conforme avança a colheita, têm apresentado granação menor que o esperado. O cenário é bem parecido com o visto na temporada 2015/16 e fica a dúvida dos produtores com o rendimento na hora de completar uma saca de 60 kg. Além disso, as exportações podem ser impactadas já que os grãos maiores são os mais demandados. Essa safra já é de bienalidade negativa na maioria das regiões.
Em duas importantes cooperativas de café consultadas da região Sudeste, Cooxupé (Cooperativa Regional dos Cafeicultores em Guaxupé), em Guaxupé (MG), e Cocapec, em Franca (SP), as realidades em relação à granação da safra são bem parecidas, com baixo percentual de grãos peneira 16 acima e 17/18.
“De fato, a granação está menor nesta safra. Isso ocorreu devido ao veranico que afetou diversas regiões no ano passado. Com a falta de chuva, o enchimento dos grãos foi comprometido. Praticamente todas as regiões tem apresentado essa situação, o Cerrado Mineiro talvez seja a mais afetada”, disse o coordenador da área de classificação de café da Cooxupé, Luiz Evandro Ribeiro.
Na área de abrangência da cooperativa, segundo o especialista, a proporção de grãos peneira 17/18 está em 25%, o que corresponde a uma queda de 10 pontos percentuais em relação à média de anos anteriores. Já os peneira 16 acima representam 60% da produção recebida até o momento, a média gira em torno de 65% a 70%. “Enquanto as peneiras graúdas diminuíram, as menores aumentaram”, afirma Ribeiro. As peneiras maiores são as mais demandadas para exportação.
A Cooxupé é a maior cooperativa de café do Brasil. Até o dia 1º de julho, a colheita dos seus cooperados estava em 35,02%, ou 2,38 milhões de sacas de 60 kg, já que se espera produção neste ano de 6,8 milhões de sacas de seus cooperados além do recebimento de 4,28 milhões de seus associados ao longo do ano.
Segundo Ribeiro, da Cooxupé, a granação menor não afeta necessariamente o rendimento na hora de encher uma saca, fator que sempre preocupa os produtores. “Normalmente, são usadas cerca de 40 kg de coco para dar de 20 a 27 kg de café beneficiado, o que depois dá cerca de três sacos para dar 60 kg [volume de uma saca de café]. Acredito que a média neste ano fique entre 20 kg e 25 kg beneficiados, o que é uma safra até que normal, nada de excepcional”, diz.
Na região de abrangência da Cocapec, a proporção de grãos peneira 17/18 está em 25% considerando a produção recebida até o momento, quando a média de outros anos aponta para 30% a 35%. A cooperativa estima produção de 1,10 milhão de sacas nesta safra 2017/18 de seus cooperados devido à bienalidade negativa. No ciclo anterior, foram recebidas 1,65 milhão de sacas.
De acordo com o gerente de classificação e comercialização de café da Cocapec, Jandir de Castro Filho, a granação dos cafés pode ter certo impacto nas exportações. “Se a empresa vende para exportação o café como graúdo, tem que cumprir e agora com essa dificuldade, pode haver problemas”, afirma.
A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) estima que a produção de café no Brasil neste ano seja de 45,56 milhões de sacas de 60 kg do produto beneficiado, somadas as espécies arábica e conilon.
Por: Jhonatas Simião
Fonte: Notícias Agrícolas