Técnicos do Incaper se reúnem em prol de cafeicultura sustentável

Segundo o responsável pelo projeto, o extensionista do Incaper Lucio Herzog De Muner, a agenda da sustentabilidade da cafeicultura é de grande importância no cenário mundial.


22/06/2017 – Cerca de 30 extensionistas do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) de todo o Estado participaram, durante três dias, de uma capacitação técnica sobre práticas sustentáveis na cafeicultura, em Brejetuba, no Norte do Espírito Santo.


Segundo o responsável pelo projeto, o extensionista do Incaper Lucio Herzog De Muner, a agenda da sustentabilidade da cafeicultura é de grande importância no cenário mundial. O projeto de transferência e tecnologia é fruto de uma parceria entre o Incaper e a CBP&D/Café. “Esse nivelamento técnico tem como objetivo fazer com que os escritórios locais implementem ações referentes ao projeto de transferência e tecnologia para a sustentabilidade da cafeicultura capixaba, em 350 propriedades rurais de arábica e conilon que serão referências nos municípios. Trata-se, portanto, de um planejamento produtivo e adequação socioambiental dessas propriedades visando à implantação do Currículo de Sustentabilidade do Café”, explicou Lúcio.


O Currículo (CSC) consiste em um conjunto de normas e pontos comuns para produzir café com qualidade e sustentabilidade no Brasil e no mundo. Trata-se de uma das ações do Programa Café Sustentável, uma iniciativa público-privada pré-competitiva global que envolve parceiros da indústria e do comércio, governos, ONGs e instituições verificadoras e certificadoras de sustentabilidade.


Entre os principais temas contidos no Currículo Mínimo, destacam-se conservação da água na propriedade; gestão ambiental; gestão da propriedade; registro de informações e rastreabilidade; conservação do solo; destinação de resíduos e cuidados com a poluição e contaminação de água e solo; adequação à legislação trabalhista, com a garantia de segurança e saúde para o trabalhador; manejo agronômico produtivo; e procedimentos corretos de colheita.


O pesquisador e coordenador estadual de cafeicultura, Romário Gava Ferrão, reforçou que cada vez mais os setores ligados ao café exigem uma produção de cafés com qualidade nos aspectos bioquímicos e sensoriais, porém que sejam sustentáveis. “É uma produção que respeita o meio ambiente, as pessoas e visa ao fomento da economia local”, disse.


Nivelamento técnico


Na segunda-feira (19), o grupo reuniu-se no CRAS de Venda Nova do Imigrante, para discutir sobre a implementação da planilha e o planejamento produtivo de sustentabilidade nas propriedades cafeeiras.


Na manhã da terça-feira (20), os grupos técnicos fizeram um levantamento de campo em três propriedades para a aplicação das planilhas e avaliação da sustentabilidade. Em seguida, participaram de um dia de campo na propriedade do agricultor familiar Joselino Meneguetti, na comunidade Rancho Dantas, em Brejetuba.


Na ocasião, o conteúdo foi distribuído em três estações de trabalho. Os extensionistas do Incaper Cesar Abel Kroling e João Luis Perini trataram sobre a implementação e renovação das lavouras de café; os pesquisadores Maurício Fornazier e Hélcio Costa abordaram a respeito de manejo fitossanitário nas lavouras e, por fim, o pesquisador Fabiano Tristão Alixandri falou sobre colheita e pós-colheita do café. Os grupos também puderam fazer um levantamento de campo em algumas propriedades.


Lúcio De Muner lembrou que a produção do agricultor Jocelino Meneguetti, cafeicultor familiar, atende às práticas sustentáveis, comprovando que é possível produzir, ganhar dinheiro e preservar os recursos naturais, o que o torna referência estadual e nacional.


Durante as estações, Fabiano Tristão reforçou sobre as tecnologias para a produção de cafés especiais, desde a conduta do produtor na colheita até o processamento e a secagem dos cafés. “O objetivo é reforçar sobre o caminho correto para se produzir um café com excelência, acima de 80 pontos e que alcança mercados que pagam mais pela qualidade superior aos demais. No Brasil, enquanto o consumo de café commoditie cresce 2,5% ao ano, o consumo dos cafés especiais cresce 15% ao ano, segundo a pesquisa mais recente da Associação Brasileira de Cafés Especiais. Isso mostra que a nova geração está abrindo cada vez mais espaço para os cafés de qualidade”, explicou.


O pesquisador Maurício Fornazier também chamou a atenção para a necessidade de manejo para as pragas “Cochonilha da Roseta” e “Broca-do-Café” que ainda são frequentes nas lavouras. “Em lavouras novas os ataques têm sido mais severos e com mais frequência do que nas adultas, em que é feita a poda de manutenção e o monitoramento, que é uma importante ferramenta para os produtores obterem um controle mais eficaz, pois permite saber qual o período de trânsito da praga antes que ela chegue à roseta. Já a broca-do-café é responsável por altos índices de perda de café no estado do Espírito Santo, mesmo em condições de infestações menores que em anos anteriores. Assim, é necessário reduzir estas perdas, o que contribuiria, também, para a melhoria da qualidade do café no Estado”, explicou Fornazier.


Cesar Abel Kroling destacou questões importantes para as lavouras obterem sucesso, como arquitetura das plantas, épocas de maturação, vigor das plantas, resistência a ferrugem, tolerância à seca, seleção de áreas – econômicas, agronômicas e ambientais, espaçamento entre plantas e linhas, coveamento, análise de solo, calagem, adubação, entre outros. “Hoje, no café conilon, temos muitas variedades e clones, mas, 90% dos nossos problemas são os preparos incorretos do solo. A ideia é mudar a mentalidade dos produtores sobre a conservação de solo e, para isso, é preciso termos mais unidades de demonstração nos municípios”, lembrou João Luis Perini.


O extensionista do escritório local do Incaper em Iúna Matheus Fonseca de Souza, lembrou que ações como essa devem ser intensificadas, a fim de aumentar o entrosamento entre a extensão rural e a pesquisa. “O Incaper tem profissionais altamente qualificados e quando nos integramos podemos trocar essas informações em prol da agricultura”.


Por fim, na manhã dessa quarta-feira (21), o grupo reuniu-se novamente para definir os devidos encaminhamentos e metas preestabelecidas.


Homenagem ao Estado


Para simbolizar o avanço da sustentabilidade nos cafezais, foi plantada na propriedade do agricultor Joselino uma muda de Jequitibá Rosa – árvore símbolo do Estado do Espírito Santo.


Fonte: Assessoria de Comunicação do Incaper (Com texto e foto de Tatiana Caus)

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