DNA à mesa?

Você já se perguntou se há DNA nos alimentos que consome?

Três pesquisadores explicam que é impossível não comer esta molécula, pois quase todos os alimentos vêm de alguma planta, animal ou microrganismo. O biólogo, doutor em Genética de Microrganismos do Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL), Airton Vialta afirma que o DNA está presente em todos os seres vivos, sejam frutas, legumes, verduras, animais ou seres humanos. “Sem DNA, não há vida; ele está em tudo o que comemos”, revela.
 
Ainda que o DNA esteja em muitos dos alimentos que consumimos, algumas pessoas se perguntam se existe algum risco em consumi-lo. A bióloga, doutora em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Adriana Brondani, explica que ninguém precisa ficar preocupado. “O DNA será digerido, assim como os demais componentes dos alimentos. Nesse processo, o organismo quebra as moléculas (formadas pelas bases nitrogenadas, açúcares e fosfato) e separa os ‘tijolinhos’ do DNA, que entram nos tecidos e são utilizados na síntese de novas moléculas essenciais para o nosso funcionamento ”, explica Adriana.
 
E para aqueles que questionam sobre a segurança de ingerir um DNA que recebeu genes de outra espécie, é preciso lembrar que DNA é sempre DNA. Ou seja, digerimos no intestino e absorvemos os mesmos “tijolinhos” de sempre. Como o Brasil cultiva soja geneticamente modificada há quase 20 anos e milho transgênico há uma década, é muito provável que a maioria dos alimentos processados e bebidas contenham algum derivado desses organismos geneticamente modificados (OGM).
 
Da soja vêm subprodutos como o óleo utilizado na formulação de margarinas, maioneses e molhos, a exemplo do shoyu. A oleaginosa também está presente em derivados como farelo (utilizado principalmente para ração animal), farinha (ingrediente de pães, biscoitos e macarrão), lecitina (ajuda a misturar óleo e água em chocolates e no leite em pó) e isolados proteicos, presentes em sopas, bebidas e subprodutos de carne. No caso do milho, além do óleo e do farelo (usados nos mesmos tipos de produtos que os derivados de soja) temos também o amido e a glicose.
 
Mas os especialistas garantem que podemos ingerir qualquer DNA encontrado nos OGM sem nenhum risco. O farmacêutico e livre-docente em Química, Bioquímica e Biologia Molecular de Alimentos, Flavio Finardi, reafirma que todo DNA é digerido e aproveitado pelos tecidos. “Um óleo de milho ou soja transgênico não contém traços do DNA modificado, mas a farinha derivada deles, sim. E qual a consequência disso? Nenhuma, já que nosso organismo não diferencia se o DNA é transgênico ou não para digeri-lo. Além disso, nenhum produto transgênico seria liberado para consumo se não tivesse sido testado e mostrado segurança”, assegura Finardi.

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