Entre as marcas estão o tradicional café Pelé, o Graníssimo e o Tropical, segundo comunicado das empresas.
Mais uma indústria de café genuinamente brasileira pode estar mudando de mãos. Pelo menos parte dela. Se concretizada a operação, as novas decisões virão do outro lado do Atlântico.
A holandesa JED (Jacobs Douwe Egberts), uma das gigantes mundiais do setor de café e chás, anunciou nesta segunda-feira (23) intenção de adquirir no Brasil o portfólio de marcas locais de café torrado e moído da Cacique. A empresa brasileira manterá os negócios com o café solúvel.
Entre as marcas estão o tradicional café Pelé, o Graníssimo e o Tropical, segundo comunicado das empresas.
A compra de indústrias brasileiras por estrangeiros se acentuou nos últimos anos. Entre as seis principais empresas do setor, apenas uma é de capital nacional, a Maratá, que atua no Norte e no Nordeste.
Os negócios mais recentes se concentram em empresas brasileiras que atuam no Sul do país, onde está a Cacique.
O apetite estrangeiro pelo mercado brasileiro tem um bom motivo. É no Brasil que há um dos maiores crescimentos de consumo da bebida. No ano passado, a evolução foi de 3%.
Esse cenário não deverá se repetir neste ano. A renda do consumidor caiu devido à recessão econômica, e o preço do café teve alta média de 19% no varejo.
Mesmo que o setor não volte a obter crescimento próximo ao de 2016, a evolução nacional tem sido superior à da média mundial.
O Brasil é o maior produtor e exportador de café, além de ocupar a segunda posição em consumo.
A alta de preços do café para o consumidor em 2016 ocorreu devido à elevação dos valores da matéria-prima. A quebra na produção de café conilon, importante na mistura com o arábica para a formação do blend final da bebida, provocou aumento dos dois tipos de café.
Essas aquisições mostram a importância do mercado brasileiro de café. As indústrias colocaram um produto no valor de R$ 8 bilhões nas gôndolas do varejo em 2016.
Além do crescimento no mercado tradicional de café, a indústria de cápsulas é crescente no pais. A Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café) estima em pelo menos 150 o número de indústrias atuando no setor.
O volume produzido é pequeno, mas o valor agregado é bem superior ao do café torrado e moído tradicional.
Isso mostra o quanto o mercado brasileiro ainda não está maduro, o que abre muitas possibilidades para as indústrias atuantes no país.
Apesar da concentração em grandes empresas, o setor ainda dá espaço a pequenas indústrias, desde que seu produto tenha qualidade.
EMPRESAS
A holandesa JDE ocupa a primeira ou a segunda posição em 27 países da centena em que atua. A empresa já detém as marcas Pilão, Damasco, Café do Ponto, L’OR, Caboclo e Seleto no mercado brasileiro.
A Cacique, maior exportadora de café solúvel, sai do setor de café torrado e moído e agora se dedica apenas à produção de café solúvel.
A operação está sujeita à aprovação das autoridades regulatórias brasileiras.
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