Faturamento das cooperativas avança 15% e atinge R$ 123 bi

Mesmo com margens afetadas por custos em alta e cenário de crise ainda contaminando a economia brasileira, as grandes cooperativas agrícolas do país conseguiram elevar suas receitas em até 15% no ano passado.

12 de janeiro de 2017 | Sem comentários Comércio Cooperativas
Por: Por Cristiano Zaia | De Brasília

Mesmo com margens afetadas por custos em alta e cenário de crise ainda contaminando a economia brasileira, as grandes cooperativas agrícolas do país conseguiram elevar suas receitas em até 15% no ano passado. Em 2016, as 70 maiores do ramo agropecuário faturaram cerca de R$ 123 bilhões, uma alta de 15% em relação a 2015, segundo estimativa da Organização das Cooperativas do Brasil (OCB) com base em balanços que ainda estão sendo fechados.


O resultado reflete sobretudo o aumento dos preços dos grãos em meados do ano passado, em decorrência de quebras da safras no Brasil, e a boa demanda internacional na primeira metade do ano, que favoreceu as cooperativas exportadoras.


De maneira geral, cooperativas como a Coamo, de Campo Mourão (PR), a Aurora, de Chapecó (SC), ou a Comigo, de Rio Verde (GO), conseguiram driblar as adversidades geradas por um mercado doméstico desaquecido, seja exportando mais, seja apostando na diversificação de seus negócios. Ou apenas colocando em prática planos já traçados com foco em lacunas deixadas pelos mercados regionais, disseram dirigentes de cooperativas ao Valor.


Outro fator, ainda que não isolado, também ajudou a explicar o aumento da receita das cooperativas: a crise estimulou produtores a se juntarem a cooperativas, o que fez o número como um todo retomar patamares vistos em 2013, quando superou 1 milhão de associados. Entre 2014 e 2015, última atualização feita pela OCB, a quantidade de cooperados nesse segmento subiu 2,3% para 1,016 milhão.


Já o número de cooperativas pouco mudou nesse período: em 2015, o Sistema OCB contabilizou 1.555 vinculadas ao segmento agropecuário no país. “Em anos de crise as cooperativas sempre crescem sua base de cooperados, pois o produtor prefere entregar seu produto a uma cooperativa a continuar independente e exposto às incertezas econômicas”, disse Márcio Freitas, presidente da OCB.


No caso da paranaense Coamo, a maior do país, por exemplo, apesar dos “vários problemas” em 2016, nas palavras de seu presidente José Aroldo Gallassini, a alta do milho e da soja – nesse caso, mais pontual – no mercado interno deu fôlego para a cooperativa fechar o ano com receita de R$ 11,45 bilhões, 8% a mais que em 2015. “Mesmo com as quebras de safra e o ambiente político conturbado, tivemos média de preços das commodities melhores em 2016, e também lucramos mais com produtos acabados como óleo, margarina, farinha de trigo e café torrado e moído”, afirmou.


Ele apontou ainda como fator que influenciou o aumento da receita o crescimento de 18% na quantidade de cooperados em sua base no Mato Grosso do Sul, Estado onde a cooperativa busca ampliar sua atuação e fechou o ano com 2,6 mil associados. Com a capacidade instalada de sua estrutura industrial já no limite no Paraná, a Coamo resolveu focar o Mato Grosso do Sul, onde está investindo R$ 250 milhões na construção de duas esmagadoras, com capacidade de processamento conjunta de 723 mil toneladas de soja.


A Coamo é um dos destaques do setor no Paraná, onde há 220 cooperativas agropecuárias. A Ocepar, entidade que reúne as cooperativas do Estado, traçou como meta que as cooperativas agropecuárias paranaenses alcancem receita de R$ 100 bilhões até 2020 – em 2016, foram R$ 71,6 bilhões. Essa projeção é baseada na média de crescimento dessas cooperativas nos últimos 10 anos, de 14,4% ao ano, e também contempla um projeto de profissionalização na gestão, que prevê contratação de executivos, segundo José Roberto Ricken, presidente da Ocepar.


Presente em 13 municípios do sudoeste de Goiás, a Comigo também se beneficiou da alta dos grãos em 2016, e foi favorecida pelo fato de que sua região de atuação não sofreu com a forte seca que castigou algumas áreas do Estado em 2016, observou o presidente da Comigo Antônio Chavaglia.


“Pelo menos nossos produtores tiveram grãos para entregar, mas também vendemos bastante insumos e começamos a ter retorno com nossas fábricas novas de rações”, destacou o dirigente. A receita bruta da Comigo em 2016 deve bater a marca de R$ 3,7 bilhões, com avanço de 30%. A meta para este ano é alcançar R$ 4 bilhões.


Embora tenha sido afetada pela alta dos custos para produção das carnes em 2016, a catarinense Aurora também conseguiu elevar sua receita entre 13% e 15% em 2016, para R$ 7,6 bilhões. A central, que engloba 13 cooperativas, produz carnes de frango e suína, além de leite. A escalada, no ano passado, dos preços do milho, principal matéria-prima para as rações animais, elevou os custos da cooperativa.


“Em 2016, só crescemos porque abrimos mão de margens de lucro e aumentamos as exportações de um quarto para um terço da nossa produção, mas tivemos que fazer verdadeiras ginásticas para adequar o caixa”, admitiu Neivor Canton, vice-presidente da Aurora. A central também reduziu sua produção de carne de frango para ajustá-la à retração no consumo doméstico. Não fosse isso, a Aurora poderia ter crescido mais 5%, segundo Canton.


A Cocamar, sediada em Maringá (PR), e com atuação no sudoeste do Mato Grosso do Sul e oeste paulista, estima que seu faturamento cresceu 10% no ano passado. Em 2015, havia sido de R$ 3,3 bilhões. “As perdas de safra em 2016 foram compensadas, em parte, porque a cooperativa registrou ganho de mercado perante a concorrência, sobretudo na região norte do Paraná, onde atua desde 2010”, informou a Cocamar, por meio da assessoria de imprensa.


Fonte: Valor |

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