As cotações futuras do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) encerraram a segunda-feira (07) com boas altas nos principais vencimentos.
Já na última semana, o mercado operava com ganhos significativos refletindo as preocupações com o desabastecimento. Ainda na sessão de hoje, a bolsa também repercutiu o impacto das eleições nos Estados Unidos, que ocorrem amanhã (08).
Com isso, o vencimento dezembro atingiu o maior patamar dos últimos dois anos, anotando altas de 300 pontos e negociação a 174,35 cents/lb. O contrato março/17 subiu 305 no pregão de hoje, fechando a 177,95 cents/lb. Já maio/17 encerrou cotado a 180,15 cents/lb e valorização de 315 pontos, assim como julho/17, negociado a 182 cents/lb.
Informações do analista da Origem Corretora, Anilton Machado, apontam que os fundos estenderam a posição comprada. “Embora alguns indicadores técnicos estejam sinalizando um mercado sobrecomprado, os investidores de fundos simplesmente não conseguem parar de comprar, o que deixa o mercado apreensivo sobre até quando estes continuarão com a estratégia de compras”, explica em seu boletim.
Além disto, o cenário da eleição dos Estados Unidos também trouxeram fôlego às commodities agrícolas, logo após o FBI trazer declarações positivas sobre os e-mails de Hillary Clinton. A eleição acontece nesta terça-feira e deve movimentar os mercados nos próximos dias. O cenário também influenciou a cotação do dólar no Brasil, com desvalorização de 0,82% frente ao real, cotado a 3,2045 reais na venda.
No lado fundamental, as preocupações em relação à próxima safra continuam. Segundo informações do boletim do vice-presidente da Price Futures Group e analista, Jack Scoville, os dados da OIC (Organização Internacional do Café) apontam a demanda ainda deve ser maior que a oferta, devido aos problemas climáticos enfrentados nas safras de Vietnã, Brasil e Indonésia.
Em informações divulgadas pela agência de notícias Reuters, o Commerzbank aponta que o mercado está atento ao volume da próxima safra, que deve ser pequena. “É verdade que a situação é apertada sobre o mercado cafeeiro, especialmente devido à escassez de café robusta. Os estoques estão agora em grande parte esgotada”, explica o banco alemão em nota.
Diante desse cenário, o mercado está atento ao desenvolvimento da safra, que deve ser de baixa bienalidade e deve ser ofertada uma produção menor na próxima temporada. Além disto, com a escassez do café robusta, grãos de menor qualidade do arábica estão utilizados em substituição. “Mais arábica está sendo mantido para o consumo interno agora, com menos disponibilidade para exportação e esta tendência deverá continuar. Muitos esperam a diminuição do ritmo de exportação do Brasil no curto prazo”, explicou Scoville em relatório divulgado na última semana.
No cenário climático, mapas meteorológicos apontam que chuvas isoladas são previstas para Zona da Mata e Espírito Santo até quarta-feira. No final de semana, precipitações foram registradas na região da Mogiana, sul de Minas Gerais e Zona da Mata, favorecendo o desenvolvimento da safra 2017/2018 de café do Brasil.
Mercado interno
Apesar dos preços atrativos no Brasil, ainda há pouco café sendo negociado nas praças de comercialização, principalmente para cafeicultores que podem aguardar patamares mais atrativos. Em entrevista ao Notícias Agrícolas, Anilton Machado, explica que há pouco a ser ofertado e aponta que os atuais preços não eram observados do mercado há um certo tempo.
“Aqueles que têm produto no físico devem realizar algumas coisas. Os mercados estão dando oportunidades de realizar negócios das próximas safras. O momento é de aproveitar essas alçadas do mercado”, aconselha.
O tipo cereja descascado registrou valorização de 6,21% em Poços de Caldas (MG), atingindo cotação de R$ 684,00 pela saca de 60 quilos. Em Espírito Santo do Pinhal (SP), os ganhos foram de 5%, fechando a R$ 630,00/sc.
Para o tipo 4/5 a maior alta foi registrada em Guaxupé (MG), com valorização de 2,58% e cotação a R$ 675,00 por saca. Em Varginha (MG) foi registrada a alta de 2,56%, levando a referência em R$ 600,00/sc.
O tipo 6 duro teve ganhos de 5,45% em Patrocínio (MG) e negociação a R$ 580,00 por saca de 60 quilos. Em Varginha (MG), a saca fechou a R$ 595,00, após subir 2,59%.
Na sexta-feira (4), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 567,17 com alta de 3,59%.
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Por: Sandy Quintans
Fonte: Notícias Agrícolas