Baristas afirmam que brasileiros estão aprendendo a tomar café expresso

24 de maio de 2006 | Sem comentários Barista Consumo










É hoje o Dia Nacional do Café

[ 24/05 – 08:28 ]



Hoje é o Dia Nacional do Café, uma data para
marcar a tradição do brasileiro de beber o cafezinho. Mas agora, especialistas e
baristas afirmam que os brasileiros estão aprendendo a tomar também o café
expresso. Moderno ou tradicional, o que vale é a história das pessoas com o
café, às vezes para motivar uma simples conversa.

Uma rua do centro de
Sorocaba foi, em 1955, de terra e rodeada por chácaras. E naquele ano e naquele
local Osório Leme instalou sua empresa de torrefação e moagem de café. De lá pra
cá muita coisa mudou, menos o sabor da bebida. Quem afirma é o próprio Osório,
que fala sobre o tema com aquela destreza de quem tem 50 anos de
experiência.

Quando começou, sua empresa tinha o trabalho braçal de 25
pessoas. Toda operação – torrefação, moagem, ensacamento e pesagem – era
manualmente. Com o uso de tecnologia, hoje a empresa trabalha com apenas duas
pessoas. “A tecnologia diminuiu a mão-de-obra empregada, mas permitiu maior
limpeza e higiene em todo o processo”, garante o empresário.

Essa
tecnologia permite maior controle de qualidade, agregando maior valor ao produto
final. O controle de qualidade já deve começar na lavoura, destaca Osório. “O
bom fruto já vem de um bom solo e de árvores bem cuidadas”. Assim, uma boa safra
produz o bom café. “Muitas pessoas que gostam da bebida e sabem diferenciar o
que é bom e o que é ruim, tomam sem adoçá-la. Quando o café é de qualidade ele
já tem um leve sabor adocicado da fruta”, conta.

Consumidor
exigente

Apreciadores de bons cafés conhecem cada vez mais
sobre todo o controle de qualidade envolvido na produção, bem como as variações
que influenciam no sabor. “Isso faz com que sejam mais exigentes”, afirma Luiz
Fernando Leme, diretor comercial da empresa e admirador da sabedoria do
pai.

Fragância, acidez, amargor, aroma, sabor são algumas das qualidades
avaliadas por órgãos, como o Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital), que
analisam qualidade e classificam o produto.

Quanto aos fornecedores dos
frutos em grãos, Osório acredita que os melhores estão na região da Mogiana, que
começa em Campinas e vai até a cidade de Rio Grande, em Minas
Gerais.

O grande boom

Leme acredita que há
uns sete anos o consumo de café sofreu um grande impulso com novos hábitos
iniciados no ambiente de trabalho, em hotéis, restaurantes, bares e cafeterias,
lugares onde é servido o café expresso. “O resultado do café expresso é
diferente, é mais saboroso porque os grãos são moídos na hora de fazer a
infusão. E agora o hábito de tomar café fora de casa começa a fazer parte da
rotina de alguns brasileiros”, diz Leme.

Esse novo hábito pode ser notado
nas cafeterias. Algumas já bastante tradicionais, outras com ares de inovação e
que até oferecem opções de leitura ou internet, porém a maioria com ambientes
atraentes e aconchegantes.

Percebendo o movimento de pessoas nas
cafeterias nas cidades de São Paulo e Brasília, e acreditando que Sorocaba
também pode abrigar esse hábito, João Paulo Nogueira decidiu investir no ramo.
Há pouco mais de um mês abriu uma casa na cidade e já tem clientes assíduos. Um
aparece três vezes ao dia para tomar um café, outro sempre vai na hora do almoço
e têm aqueles que aparecem no final de semana com a família. “Aqui o ambiente é
bonito e tranqüilo, tem o acesso à internet, variação no cardápio, mas o ponto
forte é mesmo o café”, comenta.

O café expresso também conta com a
habilidade do barista em extrair da melhor forma a bebida da máquina. É esse
profissional o responsável pela qualidade do café, pela regulagem da máquina,
controle de temperatura dos grãos, oxidação, espumosidade do café servido e
quantidade de gordura na xícara. Também é o responsável pelo preparo de receitas
criativas que levam o café em sua composição. “Fiz um curso básico de barista e
procuro me informar e ler muito a respeito para criar meus drinks. É um trabalho
rico em detalhes que influenciam diretamente no aroma e sabor do produto
final”.

Apesar das mais diversas e saborosas receitas de bebidas
preparadas com o café, ainda é o expresso o mais procurado pela maioria das
pessoas que freqüentam as cafeterias. Tanto Nogueira como Regina Dias, dona de
uma franquia instalada há quatro anos na cidade concordam. “Não importa a
estação, o café expresso é muito procurado”, afirma Regina.


Clientes

Nem bar, nem restaurante. As
amigas Aline Teixeira e Helen Dante gostam de conversar em cafeterias pois podem
saborear um bom acompanhamento para o café. Segundo Helen, o gosto por café
despertou a vontade por freqüentar esses lugares. “Depois percebi que saborear
café é prazeroso quando compartilhado com amigos”. Para Aline, esses encontros
são como um ritual, “da mesma forma que algumas civilizações usam o chá para
realizar e dividir esses momentos”. Ambas concordam: “Certamente vamos sair
daqui mais relaxadas porque esses ambientes nos dão a sensação de
aconchego”.

Roberto Moreno e José Cândido sempre que podem dão uma
passadinha na cafeteria, mesmo que rapidamente. “Aprecio tomar um cafezinho em
casas de café quase que diariamente”, diz Moreno. Cândido avalia como produtiva
as conversas sobre trabalhos realizadas nesses locais, pois ela “flui
tranqüilamente”.

Saiba como fazer um bom café

O
cafezinho feito em casa pode ficar mais saboroso se pequenos detalhes forem
seguidos. Osório Leme ensina alguns truques.

A medida: cada um encontra a
sua. Para começar a achar o ponto certo pode ser utilizado um copo de água de
250ml para uma colher de sopa de pó de café.

A água: se for direto da
torneira, o gosto do café será diferente. Quanto mais pura a água, mais natural
será o gosto. Pode-se utilizar água mineral ou filtrada. Se ferver a água, deixe
esfriar até uns 90ºC, antes de despejá-la no pó. Isso remove o café e o sabor é
liberado igualmente.

O filtro: se utilizado filtro de papel, deve-se
despejar um pouquinho de água na base do pó e depois, a um palmo de distância e
lentamente ir despejando o restante da água. Se for utilizado coador de pano, o
pó de café deve ser misturado na água e depois o líquido deve ser despejado.
Osório recomenda que o café seja tomado sempre fresquinho. “Depois de uns trinta
minutos, mesmo conservado em garrafa térmica, o sabor não é mais o mesmo pois
acontece a oxidação do café (liberação de oxigênio e propriedades
benéficas”.

Andrea
Alves

[
Redação Cruzeiro do Sul ]

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