Iniciativa une setor privado ao IAC-SP e lança bases para um programa nacional de certificação de aplicadores de agrotóxicos; meta é atingir 2 milhões de pessoas, segundo pesquisador do CEA/IAC de Jundiaí
Jundiaí (SP) – A Unidade de Referência em Tecnologia e Segurança na Aplicação de Agrotóxicos (UR), que une o setor privado ao Centro de Engenharia e Automação do Instituto Agronômico de Jundiaí, irá treinar profissionais para o uso correto de adjuvantes na agricultura. De acordo com o coordenador da UR, o pesquisador Hamilton Ramos, adjuvantes são compostos acrescidos ao preparo de agrotóxicos, para facilitar a pulverização destes nas lavouras, aumentar a eficácia do controle químico e reduzir riscos ambientais.
Segundo explica Ramos, os produtos adjuvantes agem sobre plantas como ‘espalhantes’, ‘adesionantes’, ‘penetrantes’, ‘umectantes’ etc. “Além de potencializar os efeitos dos agrotóxicos nas lavouras, um bom adjuvante reduz custos do tratamento químico. Em contrapartida, uma vez mal utilizado, ou sendo de má qualidade, o adjuvante interfere negativamente na eficácia de controle de pragas, doenças ou plantas daninhas”, ressalta o cientista.
“Um adjuvante permite ampliar em até 40 vezes o ‘espalhamento’ de uma gota na pulverização. Em casos assim, usar este produto sem também reduzir o volume da calda, pode ocasionar aumento do escorrimento. Consequentemente, haverá diminuição da quantidade de agrotóxico aplicada na planta, prejudicando a eficácia do controle”, assinala Ramos. “É o desperdício de uma tecnologia de alto valor agregado, que proporcionaria uma cobertura protetiva adequada com até 50% menos água”, explica ele.
Mercado de adjuvantes e capacitação – De acordo com Hamilton Ramos, há nos dias de hoje uma discussão “bastante acirrada” sobre se adjuvantes devem ou não ser registrados como agrotóxicos. Sem entrar na polêmica, o pesquisador revela que o Centro de Engenharia e Automação do IAC entende que adjuvantes podem ser classificados segundo as características funcionais de cada produto do gênero – espalhantes, adesionantes, penetrantes, umectantes, etc.
O IAC, revela ele, dedica-se atualmente ao desenvolvimento de metodologias científicas atreladas às características funcionais de adjuvantes. Em breve, revela Ramos, o órgão deverá propor uma discussão técnica em torno da adoção de um novo modelo normativo para o mercado de adjuvantes.
Hamilton Ramos ressalta ainda que a soma de todos os sistemas de treinamento hoje disponíveis no Brasil, públicos e privados, indica que somente 100 mil pessoas ao ano têm adquirido capacitação adequada no tocante ao manejo de agrotóxicos.
A meta da Unidade de Referência, afirma ele, é a de atingir 2 milhões de profissionais nos próximos anos. A proposta do centro é atuar em caráter permanente, em parceria com empresas privadas, universidades e professores, engenheiros agrônomos, consultores e extensionistas, entre outros públicos.
“O objetivo da Unidade de Referência é treinar agentes multiplicadores de boas práticas, pessoas e profissionais capazes de estender às suas comunidades a capacitação adquirida. A partir do início de suas operações, a UR também lança bases para a criação de um programa nacional de certificação de aplicadores de agrotóxicos”, finaliza Ramos.
A primeira turma de aplicadores beneficiada pela UR de Jundiaí inicia o curso, que terá 10 dias de duração, no próximo dia 21 de novembro.