Fazenda Baú produz café fino para o Japão

Por: Revista Campo Aberto - Massey Ferguson

Campo Aberto > Edição Nº 81 > Família Massey





























Tomio, Lissa, Durval e Célia Fukuda no cafezal com a sede da Fazenda Baú ao fundo
O café fino de altíssima qualidade da família Fukuda é exportado para os mais exigentes mercados do mundo. O padrão internacional é obtido com clima, altitude, tecnologia e muita dedicação.

A fazenda de Tomio Fukuda é um modelo internacional de produção de café fino. Com um processo de gestão inspirado na indústria japonesa, a produção da família é sempre exportada com preços acima do mercado convencional devido à altíssima qualidade do produto cultivado na chapada de Lagoa Formosa, região oeste de Minas Gerais. A propriedade se destaca pela tecnologia e pela capacitação dos funcionários.

Quando decidiu viver no campo com a família, o brasileiro Tomio Fukuda era gerente de produção de uma multinacional japonesa que fabricava material elétrico automotivo no ABC paulista. A reviravolta em sua vida aconteceu em 1983 após uma viagem de aperfeiçoamento técnico à matriz no Japão e visita à sede da montadora Toyota para aprender os processos de qualidade desenvolvidos naquele país e copiados na época pelas indústrias de todo o planeta.

Duas décadas se passaram. Hoje os Fukuda são proprietários da Fazenda Baú, em Lagoa Formosa (MG), e exportam café fino para Japão, Estados Unidos, Itália, Bélgica, Nova Zelândia e Holanda. Em abril, será lançado no mercado japonês um refresco de café com o nome da propriedade mineira que nesta safra está com 500 hectares cobertos de cafezais, sem irrigação.

Natural de Sertaneja (PR), Tomio é filho de um produtor de tomates. “O meu pai e o meu avô sonhavam em serem grandes cafeicultores. Eles até conseguiram ter uma fazenda de café no Paraná. Só que enfrentaram geadas consecutivas e acabaram erradicando os cafezais”, recorda o marido de Célia Satomi Fukuda, paranaense de Ribeirão do Pinhal e também filha de agricultores.

Antes de procurar terra na região de Patos de Minas (MG), em abril de 1984, Tomio Fukuda ouviu os conselhos de um amigo da família, Tadashi Shimosaka, de Carmo do Paranaíba (MG), um dos pioneiros no plantio de café no Cerrado. “Ele me deu a dica para plantar café, que rendia dez vezes mais do que a soja na mesma área. E me disse para escolher altitudes elevadas, pois ela é um fator primordial na qualidade da bebida”, revela.


Tratores cafeeiros

Com os conselhos do amigo e o desejo de mudar de vida, Tomio Fukuda levou apenas duas semanas para encontrar o local onde nasceria a Fazenda Baú. Foi amor à primeira vista. “Senti Minas Gerais uma terra promissora, de pessoas acolhedoras. Acabei descobrindo a chapada de Lagoa Formosa (MG). Uma terra considerada infértil na época”, relembra.

A Fazenda Baú fica em um platô de 1,1 mil metros de altitude em relação ao nível do mar com chuva anual de 1.800 mm/ano, concentrada no período de outubro a março. “Quando comprei a propriedade não tinha idéia que o café seria o nosso trunfo. Começamos plantando soja e café, mas uma chuva de granizo dizimou o primeiro plantio da soja. Sobrou só talo. Aí passamos a plantar feijão”, conta Tomio.

Dona Célia Fukuda, responsável pela área administrativo-financeira da Fazenda Baú, lembra que todo o mundo da região dizia: “Japonês, aqui não dá feijão, não. Mas a produção foi excelente. Agora tem até festa do feijão aqui no município”. Os Fukuda plantaram feijão e café durante dez anos e chegaram a lidar com gado. A partir de 1997 verticalizaram, substituindo as outras atividades pela produção de café.

A primeira medida foi ampliar a frota de tratores Massey Ferguson através do Agricredit. “Em 1993 um vendedor da Redemaq visitou a minha fazenda várias vezes e comprei os primeiros três tratores cafeeiros. O meu irmão Yoshiharu que planta grãos perto de Londrina (PR) já falava bem da máquina. O trator não quebra. E a assistência técnica é de Primeiro Mundo. Além disso, os meus operadores são treinados periodicamente”, relata.

A Fazenda Baú tem um MF 275/4 e 11 tratores cafeeiros, 10 deles MF 265 com cabine e ar-condicionado com carvão ativado para aumentar o conforto e a segurança dos operadores que fazem exames toxicológicos anuais. O operador que aplica não lida com os produtos químicos. Outros funcionários fazem isso. A propriedade faz campanha de 5S, tem Programa de Prevenção de Riscos Ambientais e Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional.





“Tem que sofisticar a produção”











Indústria de beneficiamento de café funciona dentro da Fazenda Baú

Os conhecimentos adquiridos por Tomio Fukuda no Japão e no trabalho na indústria paulista são atualmente utilizados na Fazenda Baú. Uma miniindústria de beneficiamento foi instalada na propriedade que tem um sistema de Qualidade Total implantado há cinco anos. Os 20 funcionários fixos fazem sugestões de melhoria no processo produtivo e são premiados no final do ano pelas contribuições.

“O trabalhador brasileiro é um dos mais habilidosos do mundo. A assimilação do processo de qualidade foi muito rápida. Os próprios funcionários sugerem alterações no sistema produtivo”, reconhece Tomio. Só na usina foram dez modificações premiadas em 2004. Uma delas foi na posição de um duto catador de cisco que reduziu a quantidade de resíduos.

Em período de crise, Tomio Fukuda investiu e agregou valor ao seu produto. Depois de adquirir bons maquinários e promover a capacitação profissional dos funcionários, ele fez melhorias na infra-estrutura: terreiro, despolpadores e secadores com calor radiado para não pegar cheiro no café. Os esforços logo deram resultados. O café fino da Fazenda Baú é vendido sempre com prêmio, pois conquistou o nicho dos cafés gourmet.

Em 2004, mais da metade da produção foi destinada à exportação. O café preparado é ensacado e entregue direto da Fazenda Baú para o Porto de Santos, a mil quilômetros da propriedade. “A conquista do mercado de café gourmet exige cada vez mais sofisticação no processo de produção. A tendência é o consumidor brasileiro também exigir cada vez mais qualidade na bebida consumida no país”, garante Tomio Fukuda.


Filosofia de trabalho

Tomio e Célia Fukuda têm um casal de filhos, Lissa e Durval. Ela está no quinto ano do curso de Agronomia da Universidade Federal de Uberlândia (MG). “Eu sempre gostei de terra, passei a infância inteira na fazenda”, justifica a moça. Ele se prepara para o vestibular de Administração, mas adora o trabalho no campo e, apesar dos 19 anos, já tem uma sólida formação agrícola, inclusive com estágio no exterior.

Durval Fukuda estudou três anos no Colégio Técnico Agrícola de Pompéia (SP) mantido pela Fundação Shunji Nishimura de Tecnologia. Depois de enfrentar o regime de internato, em 2003 o jovem Fukuda fez um estágio prático de um ano em uma fazenda em Minnesota, nos Estados Unidos. Quando voltou, o pai orgulhoso deu ao filho uma viagem para o Japão onde ele aproveitou para conhecer os clientes da Fazenda Baú.

“Quem faz o nosso marketing são os nossos clientes. A minha parte é produzir café de qualidade. Os compradores cada vez mais querem torrar o café perto dos mercados consumidores. Por isso tem crescido a compra direto da origem”, constata Tomio Fukuda. Antes de entrar no Japão, o produto é testado para confirmar que não há qualquer resíduo tóxico. O rastreamento é fundamental nos mercados mais exigentes.

Tomio Fukuda, que fala fluentemente o japonês, recebe visitas de vários países com freqüência em Lagoa Formosa (MG) . Em agosto de 2004 um diretor de uma torrefadora do Japão, cliente da Fazenda Baú, fez um estágio de uma semana na propriedade para acompanhar o processo desde a colheita até a preparação final. Ele inclusive colheu café. Quando foi embora deixou escrito na sala de reuniões o seu agradecimento na forma de um provérbio que descreve bem a filosofia de trabalho dos Fukuda: “Sengi-Kouri”, que significa “é dando que se recebe”.


Adubo orgânico e árvores novas

A produtividade média da Fazenda Baú é de 37 sacas de 60 quilos beneficiadas por hectare. O custo de produção gira em torno de 7 mil reais por hectare. Tomio Fukuda sempre incorpora esterco de gado ou de aves nos 500 hectares. “Isto melhora o vigor da planta e fortalece o enchimento dos grãos”, ensina.

As variedades implantadas são Mundo Novo, Catuaí, Catucaí e Bourbon. Não tem lavoura velha na propriedade. A mais antiga tem 10 anos e ocupa apenas 50 hectares. “Lavoura velha de café no Cerrado é economicamente inviável. Tem que arrancar e plantar novamente”, alerta Tomio. O bicho mineiro é a principal praga da região, depois o ácaro de leprose e a broca. Doenças como ferrugem também exigem cuidados.

Na fase de maturação, nos meses de junho e julho, tudo é feito para apanhar o fruto o menos verde possível. “Para os torrefadores de cafés finos, verde não é café. Tem que virar cereja. Quando a maturação atinge mais de 90% começamos a colheita, que vai até outubro”, explica. Nas variedades mais precoces, a cereja já começa a secar no próprio pé. O rastreamento dos lotes que servirão ou não para exportar vem desde a lavoura e a cada etapa do processo de preparação vai se definindo.

Depois de uma pré-secagem no terreiro o café vai para a secadora. Da secadora vai para a tulha e após ficar um mês no descanso para melhorar a qualidade é beneficiado. Já descascado, o café é peneirado e ventilado para separar os resíduos e defeitos. O processo é finalizado na máquina de seleção eletrônica, que possui fotocélulas onde cada grão é identificado e separado pela cor. Os melhores lotes, de tonalidade uniforme e quase sem defeitos, vão para o mercado externo.


FONTE: http://www.massey.com.br/portugues/campo/campo_assunto.asp?Pagina=1&totalpages=2&start=1&idEdicao=47&idAssunto=281

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