LA PAZ – O presidente da Bolívia, Evo Morales, deverá anunciar neste sábado um plano de erradicação voluntária da coca numa região do oeste do país, onde os cocaleiros vão pedir a criação de um terceiro mercado legal para a folha.
O governante deve chegar de helicóptero à localidade de Caranavi, cerca de 160 quilômetros a leste de La Paz, para formalizar o acordo com os cocaleiros.
Segundo fontes governamentais, o ato será histórico por se tratar do primeiro acordo para a destruição de plantações de coca na região, onde a lei antidroga permite cultivar até 12 mil hectares para consumo tradicional e usos culturais.
No entanto, relatórios governamentais e das Nações Unidas dizem que há pelo menos mais 5 mil hectares de plantações que devem ser destruídas.
Costume ancestral
Muitos bolivianos, especialmente dos povos quíchuas e aimaras, mastigam a folha de coca para extrair o alcalóide que ajuda a esquecer e superar as sensações de fome, sede e cansaço. O costume ancestral é chamado de acullicu.
Apesar de ter assumido a Presidência da Bolívia em janeiro, o aimara Morales continua sendo o principal líder dos sindicatos de produtores da região central de Chapare, onde os camponeses plantam coca em 10 mil hectares, metade deles sem autorização legal.
O prefeito de Caranavi, David Quispe, disse que os cocaleiros da localidade têm cerca de 1.200 hectares de coca e pedirão a Morales um terceiro mercado legal para sua comercialização.
A embaixada dos Estados Unidos e os cocaleiros das províncias vizinhas de Yungas do Nore e do Sul são contra. Eles dizem que a lei só permite dois mercados legais: um para a produção de Yungas e outro para a do Chapare.
“Os produtores de Yungas do Norte e do Sul são egoístas e não querem aceitar nosso pedido”, disse Quispe.
A folha de coca é, depois do café, uma das principais fontes de renda dos camponeses de Caranavi, localidade de 50 mil habitantes.
O governo do socialista Morales quer que a comunidade internacional aceite a coca e seus usos ancestrais, que diferencia da cocaína e do narcotráfico.
EFE