Com o enfraquecimento do fenômeno climático El Niño – na segunda metade do verão – e a possibilidade de ocorrência do La Niña, mais ondas de frio e chuvas durante o outono começam a aparecer no radar dos meteorologistas para o cinturão produtivo de café d
No entanto, precipitações durante este período poderiam atrapalhar os trabalhos de colheita da variedade arábica, que devem começar justamente nos últimos meses da próxima estação.
“Apesar das chuvas serem abrangentes, os modelos climáticos mostram que elas não serão tão volumosas. Portanto, o cafeicultor precisa ficar atento às previsões e se programar para a colheita”, afirma o agrometeorologista da Somar Meteorologia, Marco Antônio dos Santos.
Devido à florada precoce no ano passado e a maturação antecipada dos frutos, a colheita da variedade arábica deve ser antecipada em alguns dias nesta temporada e começar em meados de maio nas principais áreas produtoras de Minas Gerais, maior estado produtor e exportador da variedade no Brasil.
Além de paralisar os trabalhos no campo durante a colheita, as chuvas impactam, principalmente, a qualidade do café colhido uma vez que as cerejas podem passar do ponto ideal para serem despolpadas e até cair das plantas.
O clima nos últimos meses tem contribuindo para o desenvolvimento regular das lavouras de arábica do Sudeste e estancou as perdas que haviam ocorrido por conta da falta de precipitações na primavera do ano passado. Neste mês de março, menores volumes de chuvas são previstos. Porém, Santos não vê risco de estresse hídrico uma vez que as temperaturas também devem começar a cair.
Após duas safras consecutivas de quebra no Brasil, a expectativa da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) é de que a produção
total de café do País possa atingir até 51,94 milhões de sacas de 60 kg refletindo essa melhora nas condições climáticas, podendo ser a segunda maior safra da história. Essa alta produção deve ser motivada, principalmente, pela variedade arábica, que pode ter crescimento entre 17,8% e 24,4% na produção. Estima-se que sejam colhidas entre 37,74 e 39,87 milhões de sacas.
Marco Antônio dos Santos afirma ainda que com o resfriamento das águas do Oceano Pacífico – condição de La Niña – também aumentam as chances de entrada de massas de ar polar, favorecendo geadas no Brasil durante o inverno. Entretanto, o agrometeorologista frisa que se trata de maior probabilidade e não de certeza.