SÃO PAULO (Reuters) – O Brasil, maior produtor e exportador global de café, poderá colher entre 47 milhões e 49 milhões de sacas de 60 kg no ano que vem, um crescimento de até cerca de 15 por cento ante a colheita de 2015, se o tempo continuar colaborando nos próximos meses, disse o presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), Silas Brasileiro.
“Se não tivesse tido a estiagem no Espírito Santo, poderíamos ter uma safra bem maior”, afirmou à Reuters Silas Brasileiro, em referência à estiagem que atingiu o Estado que é o principal produtor de café robusta do Brasil.
“Minas Gerais é que está compensando”, acrescentou Brasileiro, citando chuvas favoráveis no Estado que responde por cerca de 50 por cento da safra nacional, com produção predominantemente de arábica.
O presidente do CNC, órgão que representa os produtores, estimou que a safra de café arábica do país poderá atingir em 2016 até 37 milhões de sacas, ante 31,3 milhões apontados em 2015 pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), enquanto a de robusta ficaria em torno de 11 milhões de sacas, ante 10,9 milhões de sacas previstas pela Conab para este ano, um período que já teve a produtividade afetada pelo tempo adverso.
Ainda assim, a produção de café do Brasil voltaria a crescer após três quedas consecutivas, com safras marcadas por problemas climáticos.
“Verificamos que a primeira florada (para 2016) foi realmente muito boa, ela fechou a roseta… depois olhamos o pegamento da florada. Ele é muito importante, ele aborta quando faltam chuvas, mas tivemos quantidade boa (de chuvas) para bom pegamento”, explicou Brasileiro.
“E aí chega em janeiro e fevereiro, tendo chuvas normais, confirmamos esses números.”
Com relação a previsões do mercado que apontam uma safra de cerca de 60 milhões de sacas, Brasileiro disse que isso é impossível, considerando que os cafezais de importantes áreas produtores vêm de anos com problemas decorrentes do déficit hídrico.
“É totalmente descartado. Não tem a possibilidade de, após dois anos de frustração, lavouras estressadas terem recuperação imediata. Com 60 milhões de toneladas, elas estariam produzindo 40 por cento a mais, é impossível”, afirmou.
Apesar de uma estimativa de produção menor do que a apontada por muitos participantes do mercado, o presidente do CNC disse que o volume colhido e os estoques nacionais serão suficientes para atender as necessidade do Brasil, estimadas por ele em exportação de 36 milhões de sacas e de consumo interno de até 20 milhões de sacas.
CÂMBIO E POLÍTICA
Brasileiro, deputado federal pelo PMDB de Minas Gerais, comentou que a alta do dólar no Brasil tem prejudicado a renda do produtor, porque eleva seus custos, muitas vezes precificados na moeda estrangeira, apesar dos ganhos na formação dos preços do café em reais.
“Deixa a conta deficitária, deixa incerteza de como será fixado esse dólar amanhã, é muito difícil trabalhar nessa incerteza”, afirmou.
Ele comentou que a crise política no Brasil, com o pedido de abertura de um processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, acaba interferindo nas fixações de preços.
“Partindo para qualquer solução (da crise política), é muito bom para planejar a nossa atividade. O Brasil precisa caminhar”, afirmou.
(Por Roberto Samora)
Por: Jhonatas Simião
Fonte: Notícias Agrícolas