Onda de violência altera o cotidiano da economia paulista

Polícia militar de São Paulo fecha Teodoro Sampaio, importante rua comercial na cidade de São Paulo


EXAME 

Em meio à onda de violência e pânico que tomou conta do estado de São Paulo nesta segunda-feira (15/5), diversas empresas preferiram evitar problemas liberando seus funcionários mais cedo. Os primeiros comunicados começaram a ser divulgados no início da tarde, por volta das 14h30. Às 16 horas, diversas companhias, como Roche, Sadia, Avon, Pirelli e Votorantim, já haviam encerrado o expediente. A Ambev foi além e recomendou que nenhum funcionário permanecesse na empresa após as 18 horas.]


Nenhuma delas reportou qualquer acidente com funcionários. A justificativa foi a prevenção. Os shopping centers Iguatemi e Market Place preferiram abrir mão das vendas em nome da segurança – a pedido dos próprios lojistas. Não houve problemas em nenhum dos dois shoppings, mas a poucos quilômetros dali, na Teodoro Sampaio, principal rua comercial do bairro  Pinheiros (zona Oeste da cidade de São Paulo), algumas lojas chegaram a ser saqueadas. Com a violência, que atinge a cidade desde a noite de sexta-feira, chegaram também os boatos. O saguão do aeroporto de Congonhas chegou a ser isolado, com a suspeita de uma bomba. Nada foi encontrado.



Mercado 


O mercado financeiro também tomou suas medidas de prevenção. O mercado after-hour da Bovespa, que funciona das 17h30 às 19 horas, foi suspenso. A Net, que tinha programada para esta segunda-feira uma reunião com analistas,    e a Petrobras, que tinha marcada um encontro com analistas amanhã de manhã, cancelaram.


Os bancos, um dos principais alvos da violência desta segunda-feira, não se disseram abalados pelos ataques. A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) divulgou comunicado afirmando que as agências abrirão normalmente amanhã, e que os as instituições confiam que “o Estado brasileiro, nas suas várias instâncias, dispõe dos meios apropriados para combater os recentes atos de violência, e que o Estado deve agir com firmeza e rigor, garantindo a segurança da população em geral, incluindo os bancários, clientes e usuários dos bancos”. Entoando o mesmo refrão, o Itaú, que teve duas agências incendiadas e outras duas atingidas por vandalismo, também tentou manter clima de tranqüilidade. Os funcionários das duas unidades queimadas foram realocados para não prejudicar o atendimento à população, que deve seguir normalmente nesta terça. “O Itaú confia no trabalho das autoridades competentes e acredita no reestabelecimento da normalidade”, afirmou o banco em nota.


Bradesco e Caixa Econômica Federal, outros atingidos pelas investidas do PCC, não se manifestaram a respeito da violência. Já o banco Real, que até esta noite ainda não havia sido alvo dos ataques, preferiu liberar parte dos funcionários mais cedo, por volta das 17 horas.


O impacto negativo da violência na economia não é novidade no Brasil. Uma pesquisa do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) já calculou que o país chega a perder 10% do Produto Interno Bruto em função da falta de segurança – principalmente em gastos públicos, dinheiro que poderia ser gasto no setor produtivo. Nos Estados Unidos, a segurança nacional custa 4% do PIB.


O presidente do Centro das Indústra Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), Cláudio Vaz, minimizou o prejuízo causado pela violência hoje. Segundo ele, o problema precisa ser olhado no longo prazo. “Com certeza, no longo prazo, a violência tira competitividade das empresas brasileiras, mas isso não vem de hoje. Se compararmos o Brasil com países semelhantes, onde a segurança é maior, veremos que as empresas brasileiras gastam mais com segurança e burocracia, por exemplo. Há uma série de fatores que agregam custos às empresas brasileiras que não estão relacionados a investimentos ou produção”, afirma Vaz. 


Caos


Segundo o último balanço divulgado pela Secretaria de Segurança Pública do Estado, das 14h30, o estado de São Paulo já havia sofrido 180 ataques desde a noite da última sexta-feira, oito deles cometidos contra bancos. O saldo de mortos chegava a 81, sendo 38 criminosos ou suspeitos, 22 policiais militares, seis policiais civis, três membros da guarda civil metropolitana, oito agentes penitenciários e quatro civis.

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