A partir de agora o clima passa a ser fundamental para a produção da safra 2016/17 de café no Brasil, maior produtor e exportador da commodity no mundo. Na segunda quinzena de setembro as chuvas induziram boas floradas nos cafezais do cinturão produtivo, animando os cafeicultores após consecutivos anos de quebra na safra. Entretanto, para o bom desenvolvimento dos chumbinhos seriam necessárias chuvas regulares, o que não acontece até o momento. Algumas flores e botões florais estão queimando devido às altas temperaturas.
Segundo o cafeicultor de Três Pontas, no Sul de Minas Gerais, Francisco Miranda, as lavouras mais afetadas são as que ficam mais expostas ao sol. “Em algumas plantas as flores de setembro secaram, em outras nem abriram. As chuvas estão irregulares e as temperaturas sempre muito altas. Desta forma, alguns cafezais estão com ‘pegamento’ visivelmente comprometido”. Veja abaixo fotos enviadas pelo engenheiro agrônomo da Fundação Procafé, Alysson Fagundes.
De acordo com mapas climáticos da Somar Meteorologia, nos próximos dias o tempo seco e quente deve prevalecer na maior parte das áreas produtoras de café do Sudeste, incluindo Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia e Mogiana. Informações reportadas pela Reuters na manhã desta quarta-feira dão conta que precipitações mais generalizadas devem ser registradas no cinturão de café apenas na próxima semana, na melhor das hipóteses.
“Se dentro de 15 dias não chover vamos ver mais uma catástrofe na produção de café do Brasil”, pondera Miranda.
Em 2014, a produção de café do Brasil totalizou 45,34 milhões de sacas de 60 kg. Já neste ano a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) estima que sejam colhidas 42,15 milhões de sacas. A variedade arábica representa 74,2% da produção total do país ou 31,3 milhões de sacas e a de conilon 10,9 milhões de sacas. Para a próxima temporada, que está sendo afetada pelas altas temperaturas e pela falta de chuva, ainda não existem estimativas concretas.
Repercussão na Bolsa de Nova York
Diante das incertezas em relação ao potencial produtivo para a safra 2016/17 de café do Brasil, a Bolsa de Nova York (ICE Futures US), referência para os negócios no Brasil, tem avançado forte nos últimos dias com os operadores esperando estoques reduzidos. Em uma semana, de 6 de outubro até ontem, o vencimento dezembro/15 avançou 4,88% ou 625 pontos. No período, o dólar em queda também contribuiu para o avanço.
O gráfico abaixo, elaborado pelo economista do Notícias Agrícolas André Bitencourt Lopes, mostra o comportamento das cotações do café arábica na ICE diante do clima no cinturão produtivo de café do Brasil.