Crise do café com crack da bolosa de Nova Iorque em 1929

No Brasil, atos de desespero

“Meu filho, este ano você não vai ganhar presente. Estamos sem dinheiro.” Jayme Wright Jr., meu avô, tinha 5 anos quando escutou isso de sua mãe no Natal de 1931. No ano anterior, a família teve que vender jóias e dispensar empregados. A “vida faustosa” ficou apertada numa casa em Santos, onde o pai e o avô dele – meu trisavô, João Francisco Wright – eram exportadores de café, principal produto da economia brasileira.

O crack de 1929 atingiu quem trabalhava com o tal “ouro verde”, já que os Estados Unidos eram nossos maiores consumidores e, quebrados, não tinham mais dinheiro para o café, que representava mais de 70% das nossas exportações. Mas o problema era anterior à crise.

Desde o fim do século 19, o Brasil já enfrentava a superprodução, que diminuía o valor do café, sendo obrigado a estocar a fim de segurar os preços. A partir de 1925, as queimadas se tornaram comuns. Meu avô se lembra de ver aquilo no horizonte, sem entender direito. “Olhar essa foto é como ter um registro da queda da Bastilha”, compara, sem medo de exagerar, o arquiteto Aníbal de Almeida Fernandes, cujos avós também sofreram com a crise.

Aristocratas da elite cafeeira de Vassouras, interior do Rio, Joaquim Rodrigues de Almeida e a família se mudaram para a fazenda Baguary, em Araraquara (SP), em 1890. Após viver a decadência de Vassouras, Joaquim ficou abalado com a crise do café que veio depois. Ele morreu melancólico em 1937 e, no ano seguinte, a família se desfez da propriedade. Meu trisavô precisou se desfazer da fazenda, em Guarantã (SP), vendeu carros e casa e pagou suas dívidas. Em 1933, sozinho no escritório, escreveu uma carta para a família e buscou um fim para seu tormento com um tiro que disparou no próprio peito. F.D.


Fonte: http://guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-historia/quebra-bolsa-1929-tragedia-wall-street-454593.shtml

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