Criada em 1999, a Embrapa Café coordena o Consórcio Pesquisa Café e realiza PD&I e transferência de tecnologia, em consonância com as diretrizes emanadas do Conselho Deliberativo da Política do Café – CDPC, do Ministério da Agricultura
A Diretoria Executiva da Embrapa publicou, no dia 30 de junho, a recondução, por mais três anos, do pesquisador Gabriel Bartholo à função de Gerente Geral da Embrapa Café. Bartholo ocupou a gerência geral da Unidade de 2004 a 2008, retornando ao cargo desde 2012, quando foi eleito após rigorosa avaliação acadêmica e gerencial. Nesses três anos de nova gestão, valores como foco em PD&I e governança, arranjos institucionais, sintonia com clientes, gestão participativa e descentralizada, aprimoramento de processos e visão de futuro estiveram presentes em todos os processos da sua gestão. “Nesse sistema, as principais características da boa governança são participação, transparência, responsabilidade, orientação por consenso, igualdade, efetividade e eficiência e prestação de contas”, diz.
Bartholo explica que, em sintonia com os desafios do agronegócio café brasileiro, o processo de governança do Consórcio segue também as diretrizes emanadas do Conselho Diretor do Consórcio, composto pelos dirigentes das dez entidades fundadoras, que é presidido pela Embrapa. Cabe à Embrapa Café coordenar oConsórcio Pesquisa Café e promover a integração das instituições partícipes com base nas diretrizes do Conselho Diretor e do Conselho Deliberativo da Política do Café – CDPC, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. E, ao CDPC, analisar e aprovar a execução dos projetos de pesquisa homologados pelo Conselho Diretor e alocar os recursos do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira – Funcafé para o financiamento dos projetos de pesquisa.
A Embrapa Café, por sua vez, tem por missão gerir a execução do Programa Pesquisa Café do Consórcio e viabilizar soluções tecnológicas inovadoras para o desenvolvimento sustentável do agronegócio café brasileiro e o fortalecimento do Consórcio Pesquisa Café. Para isso, formula, propõe, coordena e orienta a estratégia e as ações de geração, desenvolvimento e transferência de tecnologia de café, bem como promove e apoia atividades de pesquisa e desenvolvimento e inovação a serem desenvolvidas por instituições participantes do Consórcio Pesquisa Café, entre elas Unidades Descentralizadas da Embrapa e instituições integrantes do Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária –SNPA. Desde a criação desse arranjo institucional, em 1997, a Embrapa Café já coordenou a execução de mais de mil planos de ação de projetos desenvolvidos pelas consorciadas ao viabilizar a integração de instituições de pesquisa, ensino e extensão rural para geração e transferência de tecnologias. No âmbito do Consórcio, há, atualmente, 130 projetos de pesquisa e 623 planos de ação, que envolvem mais de 800 pesquisadores, professores e técnicos.
Novos rumos – Para a gestão 2015-2017, o gerente geral Gabriel Bartholo pretende dar continuidade às pesquisas do Consórcio Pesquisa Café consideradas prioritárias para solucionar os desafios apontados pelos atuais cenários da cafeicultura brasileira e mundial. Entre os temas prioritários, estão: segurança biológica – monitoramento de contaminantes, pragas e doenças quarentenárias não existentes no País; novas modalidades de consumo e de produtos à base de café; novos equipamentos; gestão e manejo da água e mitigação dos efeitos das mudanças climáticas. “O mundo exige novas demandas de pesquisa, não só que incrementem a capacidade produtiva com sustentabilidade e economia, mas também que incorporem características de interesse agronômico visando à melhoria da qualidade e aumento do valor agregado e garantam a competitividade do negócio. Devemos continuar investindo em pesquisas de melhoramento genético, biologia molecular, desenvolvimento de práticas de manejo para adaptação de sistemas produtivos e mitigação dos impactos previstos nos cenários de mudanças climáticas, além de produção e industrialização de cafés diversificados em atendimento às crescentes exigências de mercado. Além disso, as ações de transferência de tecnologia voltadas para manejo da cultura e gestão da propriedade, estímulo ao uso de boas práticas agrícolas com a implantação de sistema de produção sustentável focado na responsabilidade socioambiental, bem como prospecções de novos cenários no País e no exterior, serão preservadas e intensificadas”, adianta.
Sobre a política de PD&I, o caminho a ser prosseguido pela Embrapa Café, segundo Bartholo, será o de fortalecimento da interação e parcerias com outras instituições públicas e privadas no Brasil e no exterior. Para incrementar parcerias interinstitucionais e internacionais, será mantida a estratégia de interação intensiva do Consórcio com as entidades integrantes do CDPC, do Mapa, e com unidades da Embrapa, Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária – SNPA, instituições nacionais e internacionais de ensino e pesquisa, agentes de fomento à pesquisa, instituições de assistência técnica e extensão rural, fundações, entidades representantes de produtores e de trabalhadores rurais.
Destaques em PD&I e TT da gestão 2012-2014 – Desde a criação do Consórcio Pesquisa Café, em 1997, centenas de tecnologias, processos e serviços foram desenvolvidos. De 2012 a 2014, destacam-se como novidade o genoma completo do Coffea canephora, a descoberta proteína de café com efeito similar ao da morfina, o polímero hidroretentor (tecnologia adaptada para economia de água e sustentabilidade da cafeicultura), a fornalha a lenha para secagem de café e grãos. Nesse período, também foram lançadas novas cultivares de café resistentes a nematoides, ferrugem e bicho-mineiro. Do café conilon são as cultivares BRS Ouro Preto, Diamante Incaper 8112, Jequitibá Incaper 8122 e Centenária ES8132; e, de café arábica, Asabranca, Siriema AS 1, Beija Flor e Aranãs.
Entre os avanços obtidos no âmbito do Consórcio, estão a ampliação do conhecimento sobre o estresse hídrico controlado; manejo da adubação; cultivares resistentes a nematoides, ferrugem e bicho-mineiro; utilização da braquiária como planta de cobertura nas entrelinhas das lavouras; manejo da poda e colheita – manual, semimecanizada e mecanizada – e estudos sobre consumo de café e seus efeitos na saúde humana. Além disso, no triênio 2012 – 2014, a Unidade coordenou, no âmbito do Consórcio, projetos e planos de ação nos seguintes focos temáticos: agregação de qualidade ao café; agroclimatologia e fisiologia; aperfeiçoamento dos processos industriais e novos produtos à base de café; aprimoramento dos sistemas de cultivo; benefícios do café à saúde humana; desenvolvimento econômico e social das regiões produtoras de café; genética, melhoramento e biotecnologia; manejo de pragas e doenças dos cafeeiros; mecanização do cultivo e da colheita do café em áreas planas e de montanhas; melhoria dos processos de colheita e pós-colheita; transferência de tecnologia e comunicação; e uso racional de água na cafeicultura.
No campo da transferência de tecnologia, três convênios impactaram muito positivamente o processo: o estabelecido entre a Embrapa Café e a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais – Emater-MG, o assinado pela Embrapa Café e o Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural – EMATER-PR e ainda o convênio da Embrapa Café com o Instituto Agronômico do Paraná – IAPAR, entre outras ações de transferência de tecnologia, com as previstas nos projetos “Avaliação de impactos sociais, econômicos e ambientais de inovações tecnológicas difundidas e desenvolvidas com apoio do Consórcio Pesquisa Café” e “Transferência de tecnologias para a melhoria da qualidade do café produzido pela agricultura familiar”.
Gestão da informação – Uma inovação foi a criação, em 2014, do Observatório do Café, que tem como objetivo produzir e difundir conhecimentos e informações qualificadas em apoio à formulação de estratégias de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação – PD&I e à tomada de decisão no âmbito do Consórcio Pesquisa Café. A iniciativa está relacionada ao Sistema de Inteligência Estratégica da Embrapa, o Agropensa, que atua no mapeamento e apoio à organização, integração e disseminação de base de dados e de informações agropecuárias em apoio à formulação de estratégias de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) para a própria Empresa e instituições parceiras, por meio do monitoramento e a prospecção de tendências sobre o setor agropecuário no Brasil e no exterior.
Para Gabriel Bartholo, o Observatório do Café é uma ferramenta de inteligência estratégica para os agentes do agronegócio café obterem informações atualizadas sobre os avanços e tendências do setor, além de ser um repositório de informações sobre a cafeicultura para subsidiar agentes públicos e privados na formulação de políticas para a cafeicultura e na tomada de decisão para o setor. “É realizada coleta, análise e disseminação de forma sistemática de dados estatísticos, informações sobre tendências de produção e consumo, oportunidades e ameaças dos mercados e possíveis trajetórias do processo de inovação, além de resultados de pesquisas realizadas pelo Consórcio Pesquisa Café e suas implicações para a competitividade do agronegócio cafeeiro”.
No Observatório do Café estão disponíveis, entre outros, as seguintes publicações, documentos e análises das instituições integrantes e parceiras do Consórcio Pesquisa Café: Informe Estatístico do Café;exportações brasileiras de café; Revista Coffee Science; Levantamento de Safra de Café, Relatório de Atividades da Embrapa Café – 2012 a 2015; Publicações Técnicas (com informações sobre tecnologias desenvolvidas pelas instituições consorciadas); imagens e vídeos sobre cafeicultura; Informe Estatístico do Café; Valor Bruto da Produção; Relatório Internacional de Tendências do Café; Rede Social do Café; Clipping do Café do Consórcio; SAC – Consórcio Pesquisa Café; Relatório Final de Levantamento de Estoques Privados de Café; Evolução do Consumo Interno; Tendências de Consumo de Café no Brasil; Relatório sobre Mercado de Café; Informe Estatístico do Café, Relatórios de Atividades da Embrapa Café e Sistema de Informação do Café disponível – SBICafé, entre outros.
Simpósios de Pesquisa – Em 2013, sob a coordenação dos atuais gestores da Embrapa Café, foi realizado o VIII Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil, realizado em Salvador (BA), no período de 25 a 28 de novembro, que contou com 550 participantes. O VIII Simpósio teve como tema central “Pesquisa cafeeira – sustentabilidade e inclusão social”, no qual foram apresentados 306 trabalhos técnico-científicos. Contou com três palestras principais, oito minicursos, quatro oficinas de trabalho e quatro mesas-redondas sobre assuntos variados relacionados à cultura do café, como avanços e desafios do Consórcio Pesquisa Café, tecnologias aplicadas à sustentabilidade da cafeicultura, certificação, Identificação Geográfica, avaliação da sustentabilidade na propriedade rural, manejo e conservação do solo e da água para a cafeicultura, avanços na nutrição, melhoria da qualidade e agregação de valor do café arábica e conilon, mecanização, sistemas agroflorestais e orgânicos e manejo fitossanitário do cafeeiro, noções sobre classificação e degustação de café, estado da arte da cafeicultura familiar no Brasil, cultivares de café, entre outros.
Em junho de 2015, foi realizado o IX Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil, em Curitiba-PR, com o tema “Consórcio Pesquisa Café – Oportunidades e Novos Desafios”. Avanços da pesquisa cafeeira, mercado, tendências e oportunidades e desafios para a cafeicultura nacional no País e no mundo foram assuntos discutidos nessa edição do evento que reuniu mais de 500 participantes, de 14 estados brasileiros e dos países Porto Rico e EUA. No total foram realizadas 22 palestras divididas em oito painéis temáticos, além de apresentações de pôsteres com divulgação de recentes pesquisas desenvolvidas pelas instituições que integram o Consórcio Pesquisa Café. A nova edição trouxe pela primeira vez palestrantes cafeicultores. “São os produtores rurais que validam as tecnologias geradas pela pesquisa, além de prospectarem novos estudos”, justifica Bartholo.
Currículo resumido – Bartholo é engenheiro agrônomo graduado pela Universidade Federal de Lavras (1972), possui mestrado em Fitotecnia com concentração em Melhoramento Vegetal pela Universidade Federal de Viçosa (1978) e doutorado em Agronomia (Genética e Melhoramento de Plantas) pela Universidade Federal de Lavras (2000). É pesquisador na cultura do café, com estudos concentrados na área de melhoramento genético do cafeeiro/fitotecnia. Trabalhou 31 anos na Epamig, tendo ocupado praticamente todos os cargos de gestão da Empresa, inclusive o de presidente entre 1993 e 1995. Foi gerente geral da Embrapa Café de 2004 a 2008. Sua produção técnico-científica, bem como a lista de prêmios e distinções recebidas é extensa
Flávia Bessa (MTb 4469/DF)
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