Café moído na hora tem clientela fiel

10 de maio de 2006 | Sem comentários Consumo Torrefação
Por: Folha de Londrina


















Fotos: Dorico da Silva

O comerciante Sebatião Costa: café moído na hora há 15 anos, seis dias por semana


Sérgio Adania: ‘‘O gosto é de café mesmo’’


Vera Guilhen: ‘‘meu marido não toma café empacotado’’


Ana Ikuta: é difícil comprar café no supermercado
  Mesmo com todos avanços tecnológicos nas indústrias de torrefação e moagem de café, ainda há uma boa clientela que prefere o café caseiro, aquele que vem direto do produtor e que é moído na hora da venda. Este café pode ser encontrado nas feiras livres ou em estabelecimentos que trabalham exclusivamente com o produto. Algumas padarias e supermercados também móem o café na hora, mas a diferença é que este não tem o ‘‘rótulo’’ de caseiro.

  O comerciante Sebastião Moraes Costa tem uma pequena banca na feira onde trabalha com o café moído na hora há 15 anos, seis dias por semana. Ele afirma que o café é comprado diretamente do produtor: ‘‘Sempre procuramos trabalhar com um produto bom, o chamado café bebida’’. De acordo com o feirante, o café vem de uma propriedade de Quinta do Sol, na região de Campo Mourão.

  O feirante tem clientes tão antigos quanto à sua banca na feira. Mas caso um novo consumidor queira experimentar o produto antes de comprar, há o café já preparado em uma garrafa térmica para o ‘‘teste’’. O café pronto não é apreciado apenas por novos clientes, mas também por dezenas de conhecidos do feirante.

  A comerciante e dona de casa Vera Lourdes Gardiano Guilhen compra o café na feira há dez anos. Segundo ela, ‘‘o café caseiro tem outro sabor; o aroma é mais gostoso’’. Ela explica ainda que a preferência é uma tradição da família: ‘‘Eu aprendi com o meu pai que a gente só podia tomar o café moído na hora e o meu marido não toma café empacotado. Em casa, se não tiver o café moído na hora, eu nem faço’’, sentencia.

  O produtor rural Sérgio Adania, que trabalha com verduras e legumes, é outro consumidor assíduo. Ele tem uma atitude semelhante a de São Tomé: ‘‘Aqui a gente vê o café sendo moído na hora; não é aquele café de torrefação que a gente não vê’’. Além disso, destaca que ‘‘o gosto é bem diferente; é de café mesmo’’.

  Entre a clientela fiel do café moído na hora está uma japonesa de origem. É a dona Ana Ikuta, que mora no centro de Londrina há mais de 30 anos. Mesmo sem desprezar a tradicional cerimônia do chá, a dona Ana assimilou muito bem a bebida brasileira mais conhecida no mundo. E prefere o café moído na hora ‘‘porque tem um sabor diferente’’ e garante ser difícil comprar café no supermercado. Ela tem um filho que mora em Brasilia e que vem a Londrina duas ou três vezes por ano. ‘‘O meu filho sempre leva este café’’, afirma.

  Uma prova de que o consumo de café moído na hora tem a clientela fiel é a venda de coadores de tecido de algodão em algumas lojas de utensílios domésticos no centro de Londrina. Há dois tamanhos de coadores: um para bules grandes, usados em escolas e restaurantes e outros menores, para uso doméstico. O preço varia entre R$ 2,00 a R$ 3,50.

‘‘A saída desses coadores é muito boa’’, afirma uma vendedora.


Eli Araujo
Reportagem local

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