Publicação: 10/06/15
Produto brasileiro tem se beneficiado pelo aumento médio de 2% no consumo global da bebida; receita cambial chega a US$ 6,96 bilhões nos últimos 12 meses, mas estoques ainda preocupam
São Paulo – Na mesma semana em que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) aponta uma desaceleração para as exportações do agronegócio em geral, o café assume a dianteira entre as commodities agrícolas e salta 34,1% em valor dos embarques em 12 meses.
Levantamento do Conselho dos Exportadores de Café
do Brasil (CeCafé), divulgado ontem (9), mostra que o País – líder no ranking de exportação do café em grão – faturou US$ 6,96 bilhões com a cafeicultura entre junho de 2014 a maio de 2015. Em volume, foram enviadas 36,6 milhões de sacas de 60 quilos ao mercado internacional, um acréscimo de 9,42% no comparativo anual.
Em destaque
Segundo o Mapa, apesar da balança comercial agropecuária registrar superávit, a receita do setor diminuiu US$ 4,25 bilhões no acumulado deste ano até maio, contra o mesmo período de 2014. A soja, principal produto exportado, sentiu a redução nas compras dos chineses e marcou queda de 26,3%.
Em contrapartida, na mesma base de comparação, o faturamento cambial do café passou de US$ 2,34 bilhões para US$ 2,70 bilhões em 2015, um ganho de 15,5%. Isso porque, além do aumento de 1,9% no volume embarcado, o preço médio da commodity teve um incremento de 13,4% tanto pela desvalorização do real contra o dólar, quanto pelas incertezas sobre o tamanho desta safra.
“Estamos em um momento favorável para o café brasileiro. Comercializamos uma safra com bom reconhecimento em qualidade e este fator permite um acesso crescente ao mercado externo. Há um aumento de consumo na margem de 2% ao ano e não vemos pressões maiores sobre a oferta”, afirma ao DCI, o diretor-geral do CeCafé, Guilherme Braga.
Mercados
O relatório aponta ainda que, no acumulado de janeiro a maio de 2015, a Europa foi o principal mercado importador e responsável pela aquisição de 55% do total de café embarcado pelo Brasil. Já a América do Norte respondeu pela compra de 24% das sacas exportadas, a Ásia por 16% e a América do Sul por 3%.
Conforme publicado pelo DCI, a estratégia do setor para este ano é explorar o potencial do mercado asiático e absorver a demanda que atualmente é atendida pelo chá, em países como a China, por exemplo.
As exportações brasileiras para os chamados países importadores tiveram um aumento de 3% nesse mesmo período. Também há um movimento no sentido de fomentar o consumo entre os produtores, mas os resultados mostram que nestes países houve uma queda de 19% no volume embarcado, considerada a mesma base comparativa.
Preços e produção
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estimou, ontem, a safra cafeeira em 44,28 milhões de sacas, muito perto do limite inferior da faixa da estimativa de janeiro, que havia sido de 44,11 milhões a 46,61 milhões de sacas.
O resultado foi influenciado por uma leve alta na estimativa para o café arábica e uma redução expressiva na expectativa para a variedade robusta.
Pelos cálculos da Conab, a nova safra de café do Brasil, que está começando a ser colhida, ficaria abaixo dos 45,34 milhões de sacas de 2014.
“No campo, as opiniões são bem incertas. A projeção da companhia veio diferente de outras instituições, inclusive o USDA [Departamento de Agricultura dos Estados Unidos], que deve divulgar um novo relatório neste mês com uma avaliação global”, afirma o pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), Renato Garcia Ribeiro. Braga, do CeCafé, acrescenta que uma das principais preocupações em relação à produção são os baixos patamares dos estoques de passagem. Sem os valores exatos, ele acredita que este é o único fator que pode afetar o setor no ano que vem.
De acordo com o pesquisador, as lavouras deste ano têm mostrado níveis de qualidade superiores aos da colheita passada, mas a incerteza com relação ao volume produzido mantém as oscilações dos preços. Na análise do instituto, as cotações internas do café arábica recuaram com força ao longo de maio, que acabou tendo a menor média mensal desde julho de 2014. O Indicador Cepea/Esalq chegou a ficar abaixo dos R$ 410 por saca de 60 quilos. Entretanto, Ribeiro destaca que o mercado já reagiu nas últimas duas semanas e mostrou recuperação. Ontem, o índice fechou com ganhos de 5,79% na variação mensal, aos R$ 434,86.
10/06/15
Produto brasileiro tem se beneficiado pelo aumento médio de 2% no consumo global da bebida; receita cambial chega a US$ 6,96 bilhões nos últimos 12 meses, mas estoques ainda preocupam
São Paulo – Na mesma semana em que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) aponta uma desaceleração para as exportações do agronegócio em geral, o café assume a dianteira entre as commodities agrícolas e salta 34,1% em valor dos embarques em 12 meses.
Levantamento do Conselho dos Exportadores de Café
do Brasil (CeCafé), divulgado ontem (9), mostra que o País – líder no ranking de exportação do café em grão – faturou US$ 6,96 bilhões com a cafeicultura entre junho de 2014 a maio de 2015. Em volume, foram enviadas 36,6 milhões de sacas de 60 quilos ao mercado internacional, um acréscimo de 9,42% no comparativo anual.
Em destaque
Segundo o Mapa, apesar da balança comercial agropecuária registrar superávit, a receita do setor diminuiu US$ 4,25 bilhões no acumulado deste ano até maio, contra o mesmo período de 2014. A soja, principal produto exportado, sentiu a redução nas compras dos chineses e marcou queda de 26,3%.
Em contrapartida, na mesma base de comparação, o faturamento cambial do café passou de US$ 2,34 bilhões para US$ 2,70 bilhões em 2015, um ganho de 15,5%. Isso porque, além do aumento de 1,9% no volume embarcado, o preço médio da commodity teve um incremento de 13,4% tanto pela desvalorização do real contra o dólar, quanto pelas incertezas sobre o tamanho desta safra.
“Estamos em um momento favorável para o café brasileiro. Comercializamos uma safra com bom reconhecimento em qualidade e este fator permite um acesso crescente ao mercado externo. Há um aumento de consumo na margem de 2% ao ano e não vemos pressões maiores sobre a oferta”, afirma ao DCI, o diretor-geral do CeCafé, Guilherme Braga.
Mercados
O relatório aponta ainda que, no acumulado de janeiro a maio de 2015, a Europa foi o principal mercado importador e responsável pela aquisição de 55% do total de café embarcado pelo Brasil. Já a América do Norte respondeu pela compra de 24% das sacas exportadas, a Ásia por 16% e a América do Sul por 3%.
Conforme publicado pelo DCI, a estratégia do setor para este ano é explorar o potencial do mercado asiático e absorver a demanda que atualmente é atendida pelo chá, em países como a China, por exemplo.
As exportações brasileiras para os chamados países importadores tiveram um aumento de 3% nesse mesmo período. Também há um movimento no sentido de fomentar o consumo entre os produtores, mas os resultados mostram que nestes países houve uma queda de 19% no volume embarcado, considerada a mesma base comparativa.
Preços e produção
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estimou, ontem, a safra cafeeira em 44,28 milhões de sacas, muito perto do limite inferior da faixa da estimativa de janeiro, que havia sido de 44,11 milhões a 46,61 milhões de sacas.
O resultado foi influenciado por uma leve alta na estimativa para o café arábica e uma redução expressiva na expectativa para a variedade robusta.
Pelos cálculos da Conab, a nova safra de café do Brasil, que está começando a ser colhida, ficaria abaixo dos 45,34 milhões de sacas de 2014.
“No campo, as opiniões são bem incertas. A projeção da companhia veio diferente de outras instituições, inclusive o USDA [Departamento de Agricultura dos Estados Unidos], que deve divulgar um novo relatório neste mês com uma avaliação global”, afirma o pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), Renato Garcia Ribeiro. Braga, do CeCafé, acrescenta que uma das principais preocupações em relação à produção são os baixos patamares dos estoques de passagem. Sem os valores exatos, ele acredita que este é o único fator que pode afetar o setor no ano que vem.
De acordo com o pesquisador, as lavouras deste ano têm mostrado níveis de qualidade superiores aos da colheita passada, mas a incerteza com relação ao volume produzido mantém as oscilações dos preços. Na análise do instituto, as cotações internas do café arábica recuaram com força ao longo de maio, que acabou tendo a menor média mensal desde julho de 2014. O Indicador Cepea/Esalq chegou a ficar abaixo dos R$ 410 por saca de 60 quilos. Entretanto, Ribeiro destaca que o mercado já reagiu nas últimas duas semanas e mostrou recuperação. Ontem, o índice fechou com ganhos de 5,79% na variação mensal, aos R$ 434,86.