Dourados (MS) – Um grupo de pequenos agricultores de Glória de Dourados, a 260 km de Campo Grande, está conseguindo produzir café em escala comercial sem o uso de agrotóxicos. A experiência inédita em Mato Grosso do Sul revela o crescimento de um segmento que ganha mercados cada vez mais exigentes e é ambientalmente sustentável, a agroecologia.
A produção é de um núcleo de 9 sitiantes ligados à Apoms (Associação dos Produtores Orgânicos de Mato Grosso do Sul). O café, que já é comercializado na região sul do Estado, estava exposto junto a outros produtos orgânicos durante a 18ª edição da Expoglória – a exposição agroindustrial de Glória de Dourados.
“Estamos desenvolvendo uma agricultura de baixo custo, poupadora de insumos [que use menos recursos industriais e ambientais]”, afirma César Eduardo da Silva, presidente da Apoms e um dos produtores do café orgânico. “E tentar aplicar os princípios da agroecologia, respeitando o que cada ambiente oferece. Esse é o desafio”.
A experiência do café orgânico começou nos anos 90 e os agricultores-ecologistas de Glória já começam a desenvolver a produção sustentável de outros produtos como o feijão, o amendoim, os sucos de frutas e uma variedade de milho para pipoca desenvolvida pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) em Minas Gerais. “Além de diversificar a nossa produção, este modelo de produção sustentável também está ganhando a adesão de agricultores de outras regiões do Estado”, explica o presidente da entidade.
O vice-governador Egon Krakhecke visitou o estande da Apoms e conversou com os produtores. Egon, que é engenheiro agrônomo, destacou o pioneirismo dos pequenos agricultores e a capacidade que a produção agroecológica tem de dar respostas eficazes do ponto de vista da qualidade dos alimentos e do mínimo impacto ao meio ambiente.
“Quando falamos em segurança alimentar não nos referimos à quantidade de alimentos, mas também à qualidade destes alimentos e a produção agroecológica tem muito a oferecer ao Mato Grosso do Sul e ao Brasil neste sentido”, destacou.
Um outro aspecto da agroecologia também foi ressaltado pelo vice-governador: a redução da dependência do agricultor dos insumos produzidos por grandes fabricantes, em geral multinacionais. “É uma tecnologia de produção que o agricultor pode dominar e não ser dominado”, afirmou o vice-governador.
Graciliano Rocha
01/05/2006 – 14:30