Queda das commodities reduz peso chinês nas exportações

Folha de S. Paulo
02/04/15


As commodities, salvadoras da balança comercial brasileira nos anos recentes, fecharam o primeiro trimestre sem dar muito ânimo à já combalida economia.


A retração no setor é tão grande que a China, a principal parceira brasileira no comércio externo -principalmente na área de commodities-, teve uma intensa queda na participação total das exportações brasileiras.


Os chineses importaram o correspondente a US$ 6,2 bilhões de janeiro a março deste ano, 35% menos do que em igual período de 2014.


Com isso, a participação chinesa no comércio externo do Brasil recuou para 14,5% no trimestre, ante 19,3% de janeiro a março de 2014.


União Europeia e Estados Unidos, menos participantes das importações de commodities brasileiras, elevaram a participação.


Dois dos líderes desse setor, soja e minério de ferro, tiveram comportamento diverso no volume vendido.


O Brasil exportou 79,3 milhões de toneladas de minério de ferro no ano, 10% mais em relação ao verificado em igual período de 2014. Já as exportações de soja em grãos caíram para 6,5 milhões de toneladas (-28%).


Ambos, no entanto, perderam receitas porque houve intenso recuo dos preços médios praticados neste ano.


Os dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior) apontam que o minério de ferro, negociado, em média, a US$ 98,6 por tonelada nos três primeiros meses de 2014, esteve em US$ 48,9 de janeiro a março deste ano.


No mesmo período, a soja exportada pelo país recuou de US$ 527,1 para US$ 401,8.


Mas as exportações de soja vão se recuperar nos próximos meses. A safra foi maior e o volume a ser exportado neste ano será superior. O ritmo menor das exportações deste ano se deve a um atraso na colheita, além de dificuldades de logística.


Com a valorização do dólar, a queda da soja não terá grandes efeitos no bolso do produtor -que recebe mais reais com a alta do dólar-, mas afetará a entrada de divisas no país. As estimativas são que as exportações de soja rendam US$ 8 bilhões a menos neste ano.


O café continua com maré favorável. A exportação do primeiro trimestre somou US$ 1,5 bilhão, 40% mais do que em 2014. Além de o Brasil elevar a participação no comércio mundial, o café está em alta.


Já as carnes tiveram perdas tanto nos preços médios como no volume médio negociado no trimestre.


A exportação de carne bovina “in natura” caiu para 232 mil toneladas no ano, 24% menos do que em 2014. O preço, ao ficar em US$ 4.284 em média por tonelada, caiu 3%.


*


Muito estranho A redução, de 10% para zero, da tarifa sobre a importação de cápsulas de café, que vem em um momento de aperto no Brasil, é muito estranha, de acordo com a indústria nacional. Serão beneficiados grandes importadores e prejudicadas as indústrias que começam a surgir no país.


Temporário O setor espera que a isenção seja por pouco tempo. Caso contrário, as dezenas de pequenas empresas nacionais que começam a participar desse mercado serão sufocadas. O Brasil importou 391 mil quilos desse tipo de café no primeiro bimestre, 40% mais ante igual período de 2014.

Mais Notícias

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.