Vaivém das commodities
MAURO ZAFALON
Brasil sobe menos que rivais no mercado dos EUA
O Brasil saiu da 11ª posição na lista dos principais exportadores de alimentos para os Estados Unidos, em 2000, para a 8ª no ano passado, conforme dados divulgados pelo Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos).
O que parece uma vitória é, na verdade, uma perda de espaço do Brasil em relação ao outros países emergentes. Um avanço sobre o mercado norte-americano é importante porque os Estados Unidos, assim como o Brasil, são um grande produtor de grãos, e as importações são de produtos mais sofisticados.
Essa perda de espaço poder ser medida pelas participações da China e da Índia nesses últimos 14 anos.
Os chineses tinham posição próxima à do Brasil, ocupando o 9º posto no ranking dos que mais exportavam alimentos para os EUA. Já a Índia estava mais distante, ao ocupar a 12ª posição.
No ano passado, os dois países estiveram em 3º e 4º lugares, bem distantes da posição brasileira.
A evolução das exportações brasileiras para os norte-americanos até que foi boa. Ao atingir o valor de US$ 3,75 bilhões no ano passado, mostrou alta de 280% em relação ao de 2000.
Os parceiros do Brasil no Brics (bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) tiveram um desempenho bem melhor.
Os chineses somaram exportações de US$ 5,76 bilhões em 2014, com alta de 438% no período, enquanto os indianos elevaram as vendas para US$ 4,2 bilhões, 330% mais do que em 2000.
Os Estados Unidos importaram o correspondente a US$ 119,1 bilhões em alimentos no ano passado. A participação brasileira foi de 3,2% desse total, melhor do que os 2,4% de 2000. Mas China e Índia saíram de taxas próximas à brasileira naquele ano e atingiram 4,8% e 3,5% no ano passado, respectivamente.
O Brasil marca uma boa posição no mercado norte-americano no café, sendo líder nas exportações. Está ausente, no entanto, da lista dos dez principais exportadores de café torrado e moído para aquele país. Canadá, Itália, Suíça, Colômbia e México lideram essa lista.
O Brasil tem participação também no mercado de pasta de cacau, mas está ausente da lista dos produtos finais, como o de chocolate. Mantém participação na exportação de açúcar, mas não na de leite –no total, os EUA importam US$ 1,8 bilhão do produto.
Não tem espaço ainda nas compras de peixes e derivados dos EUA, que somam US$ 2,45 bilhões. E está ausente também da lista dos principais exportadores de vegetais “in natura” e processados.
No setor de carne bovina, apesar do grande mercado dos EUA, o país tem pouca participação, que se restringe a produtos cozidos.
O foco nas exportações de commodities faz o país perder um mercado de produtos processados, que geraria muito mais dólares.
Países da UE reexportam 43% do café que importam
As exportações brasileiras de café somaram 36,4 milhões de sacas de março de 2014 a fevereiro último.
Nesses 12 meses, 33,1 milhões das exportações foram de café em grãos, 14% mais ante igual período anterior, segundo a OIC (Organização Internacional do café).
Enquanto o Brasil ganha o mundo com vendas de café em grãos, alguns países avançam nas reexportações, com valores bem superiores.
A União Europeia comprou 74,4 milhões de sacas de café em 2014 e reexportou 43% desse volume na forma de café torrado, moído, em cápsulas ou em outras formas, mas com valores agregados.
Já a Suíça, que comprou 2,64 milhões de sacas em 2014, mandou 61% desse volume para outros países.