Dados brasileiros ainda não têm a confiança do mercado internacional

CaféPoint


Por Thais Fernandes


Nas últimas semanas um dos pontos mais debatidos entre produtores e agentes nacionais do mercado, foi o descompasso do mercado internacional de café com a realidade produtora do Brasil, maior produtor global do grão. De acordo com o presidente da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé), Carlos Paulino, o mercado da espécie arábica regido pela bolsa de Nova Iorque age sob muita especulação e, em geral, não confia em números anunciados pelo Brasil. Os dados brasileiros ainda não transmitem confiabilidade aos agentes do mercado internacional, afirmou Paulino nesta quinta-feira (19/3), durante a Femagri, em Guaxupé (MG).


Na última semana, um estudo encomendado pelo Conselho Nacional de Café (CNC) a Fundação Procafé foi divulgado. Os dados deste levantamento apontam que a safra 2015 de café do Brasil ficará entre 40,3 milhões e 43,25 milhões de sacas de 60 kg, implicando quebra de 4,61% a 11,12% na comparação com as 45,342 milhões de sacas colhidas em 2014.


Para Paulino, iniciativas como a do estudo em campo da Procafé tendem a melhorar a confiança do setor internacional nas estimativas brasileiras. Materiais apuradas em campo e que, com o tempo, se comprovem mais próximos a realidade devem ser mais bem vistos pelo mercado, mas isso leva tempo, argumentou.


A previsão de quebra deste ano em relação a safra 2014/2015, que já havia apresentado queda de 7,7% ou 3,8 milhões de sacas a menos que as 49,1 milhões produzidas na safra anterior, não surtiu efeito imediato no mercado internacional. Do dia da divulgação, 12 de março, até os primeiros sinais de alta das cotações cafeeiras, foram 3 dias úteis, quando no dia 16 as negociações do café arábica voltaram ao campo positivo no mercado internacional, na bolsa de Nova Iorque.


Uma das mais tradicionais empresas de exportação de café do País, o Escritório Carvalhaes vinha criticando as baixas do mercado em seus boletins semanais. Em 13 de março, a exportadora e corretora de café de Santos (SP), afirmou em seu último boletim: Os operadores em Nova Iorque conseguiram ficar com toda a desvalorização do real frente ao dólar. Ignoram os fundamentos e conduzem as cotações como bem entendem. Trabalham com análise gráfica, financeirizando a operação dos contratos.


Sobre a estimativa produzida pela Fundação Procafé, o Escritório afirmou, que o estudo havia sido ignorado pelos operadores em Nova Iorque, quando na data os contratos de café com vencimento em maio próximo na ICE fecharam com baixa de 240 pontos. Já haviam ignorado a estimativa da Conab Companhia Nacional de Abastecimento, que no seu primeiro relatório para a safra cafeeira 2015/2016 projetou uma colheita de 44,11 a 46,61 milhões de sacas.


Como justificativa para a rejeição do mercado aos números das estimativas, o Escritório apontou os embarques recordes brasileiros em 2014 e os bons embarques em janeiro e fevereiro deste ano (a soma dos embarques nos dois primeiros meses de 2015 é praticamente a mesma dos dois primeiros meses de 2014).


 

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