SEMANA: Preços do café caem aos níveis mais baixos em um ano em NY
A volta do Carnaval não foi nada “festiva” para os produtores de café. As cotações despencaram na Bolsa de Mercadorias de Nova York (ICE Futures), que baliza o valor da commodity no mundo, e o mercado brasileiro acompanhou o movimento.
Enquanto no Brasil só houve mercado a partir da quarta-feira, a Bolsa de Nova York não trabalhou na segunda-feira (16/02 – feriado do Dia do Presidente nos Estados Unidos), mas retomou as atividades na terça-feira. E na terça-feira as cotações despencaram 4,6% no contrato maio, batendo nos patamares mais baixos em um ano.
As indicações de chuvas para o cinturão cafeeiro do Brasil nesta semana foram determinantes para as quedas da terça-feira, trazendo ao mercado maior tranquilidade quanto às condições climáticas para a safra deste ano. Embora se saiba que houve quebras para a produção de 2015, que estará longe do seu potencial, as previsões de melhora na umidade acabam determinando perdas instantâneas na bolsa nesta época de “mercado de clima”.
Ainda na terça-feira (17/02), a baixa ganhou intensidade diante do primeiro dia de notificação de entrega física do contrato março/15 (que foi agora em 19 de fevereiro) na ICE Futures. Além de vendas para liquidação de contratos de agentes do mercado em geral, origens também entraram vendendo para encerrar operações de hedge.
Outro fator importante para as perdas da semana foi a alta do dólar contra o real, que pressiona os preços na bolsa por trazer ainda maior competitividade às exportações brasileiras. As perdas do petróleo e de outras commodities contribuíram para o movimento vendedor também no café, como visto nesta quinta-feira (19/02).
No balanço da semana até esta quinta-feira, o café arábica caiu 8,3% na Bolsa de NY no contrato maio, recuando de 166,50 no fechamento da sexta-feira passada (13/02) para 152,65 centavos. Em Londres, as perdas do robusta foram menores, com o contrato maio na Bolsa acumulando baixa de 2,3%.
Segundo o analista de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, diante da pouca ajuda do dólar, que subiu cerca de 1,2% na semana no comercial, o impacto negativo sobre o preço do café no mercado físico brasileiro foi bastante significativo. No balanço da semana no mercado físico brasileiro de café, o arábica bebida boa no sul de Minas Gerais acumulou queda de 6,8%, caindo de R$ 515,00 a saca da sexta-feira passada (13/02) para R$ 480,00 a saca nesta quinta-feira (19/02).
Com essas perdas no mercado, aqui no Brasil “o resultado prático foi o sumiço dos vendedores e o esvaziamento das negociações. Agora, o produtor junta os cacos e tenta entender o que aconteceu. Os que aproveitaram o repique da semana passada estão um pouco mais tranquilos. Já os demais lamentam a chance perdida e aguardam nova oportunidade”, comentou.
Barabach indica que o “mercado de clima” segue dando as cartas. A chegada das chuvas explica o efeito negativo sobre as cotações. A base de comparação é o ano passado. “Nesse sentido, as chuvas de fevereiro seriam o prenúncio de uma safra melhor esse ano. Agora resta esperar que as projeções confirmem ou não esse sentimento”, comenta. Na semana passada, a exportadora Terra Forte revisou para cima o seu número para a safra brasileira em 2015, passando de 46,78 milhões para 47,28 milhões de sacas.
E nessa quinta-feira (19) a Volcafe divulgou a sua projeção para a safra Brasil 2015, indicando 49,50 milhões de sacas. “O tamanho da safra continua apontando aperto, mas a melhora produtiva aproxima a safra do número mágico de 50 milhões, que daria uma sensação de maior comodidade ao abastecimento. Comodidade, neste sentido, seria uma realidade produtiva melhor do que a imaginada em meio ao déficit hídrico de 2014”, conclui o analista.