CAFÉ: FUTUROS RECUAM DE OLHO EM DÓLAR E CLIMA NO BRASIL
Os contratos futuros de café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) cederam ontem, depois de sustentar ganhos nos dois pregões anteriores. O mercado, no entanto, não mostra força para romper o suporte a 158,40 cents.
As rolagens de posição concentram o volume de negócios, antes do início do período de notificação de entrega do março, a partir da quinta-feira da semana que vem (19). O spread março/maio continua ativo. Na segunda-feira, maio/15 já era o contrato com maior volume de contratos em aberto, totalizando 53.791 lotes. Março tinha em aberto 50.329 lotes, para um total geral de 172.393 lotes.
Ontem os futuros de arábica se ressentiram da forte alta do dólar em relação ao real. A moeda norte-americana mais firme melhora a competitividade do produto nacional no exterior.
Os número da exportação brasileira de café em janeiro também podem ter contribuído para pressionar os contratos, informam analistas. Em janeiro, os exportadores embarcaram cerca de 2,970 milhões de sacas, volume médio observado em 2014, apesar do atual período de entressafra no País.
Os operadores, no entanto, continuam atentos às condições climáticas no Brasil. As chuvas dos últimos dias favoreceram as lavouras da zona da mata de Minas e do Espírito Santo. Nesta semana, porém, os maiores volumes devem voltar a ocorrer mais ao Sul do Brasil, por causa da chegada de uma frente fria.
A Somar Meteorologia informa que na semana que vem, a partir do domingo (15) até quinta-feira (19), as chuvas voltam a se organizar sobre todo o cinturão produtor de café, com maiores volumes observados no sul de Minas.
Pelos indicadores técnicos, o vencimento maio rompeu o suporte a 166,60 cents, 164,50 cents e 162,80 cents. O próximo objetivo é 161,60 cents (mínima de ontem). A resistência é de 166 cents; 172 cents e 180 cents.
Os futuros de arábica em Nova York trabalharam no terreno negativo na maior parte do pregão de ontem e aceleraram perdas no fim da sessão. Março/15 teve forte queda de 815 pontos (4,78%) e terminou a 162,25 cents por libra-peso. A máxima foi de 172 cents (mais 200 pontos). A mínima alcançou 161,60 cents (menos 880 pontos).
O mercado físico de café teve um dia parado ontem, depois de uma segunda-feira em que alguns negócios foram fechados, já que a cotação dos melhores cafés voltou para cerca de R$ 510 a saca. Ontem, apesar da boa alta do dólar, a queda dos futuros não foi compensada, as cotações internas recuaram abaixo de R$ 500 e o vendedor se afastou do mercado, informa corretor de Santos (SP). O comentário na praça de Santos é que café de boa qualidade, tipo 6, foi cotado a R$ 480 a saca.
Os pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP) informam que as cotações do arábica no mercado físico brasileiro caíram ontem. O indicador Cepea/Esalq do tipo 6, bebida dura, posto na capital paulista, fechou foi de R$ 463,80/saca de 60 kg, forte recuo de 4,03% em relação ao dia anterior. O dólar finalizou a R$ 2,83178, valorização de 1,83%.
O indicador do robusta Cepea/Esalq do tipo 6, peneira 13 acima, foi de R$ 304,24/saca de 60 kg, avanço de 1,74% em relação ao dia anterior. Esse é o maior preço (nominal) na série histórica do Cepea, iniciada em 2001. O indicador do robusta tipo 7/8, bica corrida, foi de R$ 293,03/saca, avanço de 1,65% no dia – ambos à vista e a retirar no Espírito Santo. Apesar desse aumento dos preços, as vendas continuam travadas, com produtores aguardando ainda novas valorizações.