China já dá mais subsídios agrícolas que EUA e Europa

5 de fevereiro de 2015 | Sem comentários Análise de Mercado Mercado

O Estado de S. Paulo
04/02/15


Valor do apoio aos produtores equivale a US$ 15,3 bi por ano e supera os US$ 12,1 bi dos americanos e os US$ 12,6 bi dos europeus


A China já dá mais subsídios para sua produção agrícola do que os Estados Unidos e a Europa, tradicionalmente os maiores fornecedores de recursos ao produtores e acusados por anos de distorcerem os mercados. Um documento confidencial obtido pelo Estado, datado de 28 de janeiro e enviado por um grupo de países à secretaria da Organização Mundial do Comércio (OMC), indica que Pequim distribuiu o equivalente a US$ 15,3 bilhões em apoio ao setor agrícola por ano.


O volume é superior aos US$ 12,1 bilhões dados pelos americanos a seus agricultores em subsídios domésticos e ultrapassa ainda o volume de US$ 12,6 bilhões dados pelos europeus por ano. Os dados reabriram o debate sobre o futuro da regulação dos subsídios agrícolas entre os governos, uma velha batalha do Brasil para garantir que possa exportar em condições de igualdade.


O levantamento foi produzido por um grupo liderado pelos governos da Austrália, Chile, Canadá, Paraguai e Uruguai, todos preocupados com o impacto dos subsídios pelo mundo, tanto no impacto sobre os preços das commodities como na competitividade de cada uma das produções.


No documento, o Brasil aparece como tendo dado cerca de US$ 3 bilhões ao setor agrícola em subsídios domésticos. Os dados, segundo a delegação americana, revelam que já não se pode apenas culpar EUA e Europa por distorções nos mercados das commodities, uma antiga briga dos governos emergentes. O dinheiro chinês vai principalmente para a produção de arroz, algodão, cereais e milho.


Se diversos governos admitem que a tendência na China pode ser preocupante em alguns anos, autoridades como a do Brasil afirmam em reuniões em Genebra que as distorções criadas pelos subsídios americanos e europeus continuam sendo superiores às dos chineses.


Além de contar com os subsídios às exportações, o dinheiro de Washington e Bruxelas iria para um grupo concentrado de empresas e produtores, afetando os preços. No caso chinês, Pequim alega que a meta é a evitar o êxodo rural. Em apenas dez anos, 200 milhões de chineses deixaram o campo em direção às cidades.


O governo aponta ainda que os subsídios representam apenas 3% da renda de um fazendeiro, enquanto nos EUA e Europa o dinheiro do Estado chega a cobrir 40% da renda dos produtores.


Em meados de 2014, a China chegou a indicar que iria aumentar ainda mais os subsídios. Uma das metas de Pequim é de evitar que a área cultivada do país seja inferior a 120 milhões de hectares. A meta é ainda a de garantir um aumento da produção de grãos em 50 milhões de toneladas. Hoje, essa colheita chega a 602 milhões de toneladas.

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